Nevava fraco quando Micael acordou, abriu a janela vendo os pequenos floquinhos encherem os cantos da sua janela do quarto, tinha que levantar ao trabalho. Fez sua higiene matinal e se agalhou bem, deixou o café na cafeteira esquentando enquanto ia verificar Analee, seria muito errado tira-la do quente pra ir lá fora, mas não poderia deixar a filha sozinha. Viu a pequena que já tinha os olhos abertos ao pai, ele a ninou um pouco antes de amamentar a filha com a pequena mamadeira pronta no lugar térmico. Agasalhou a menina muito bem antes de tira-la do quarto.
Arrumou o bebê conforto colocando diversas cobertas, deixou Analee ali no quentinho enquanto terminava seu café, buscou a chave do carro e saiu em direção ao hospital.
- Que frio, não é mesmo filha? - olhou a menina através do retrovisor, estava quietinha observando o pai. Ele sorriu - já vamos chegar, mais alguns minutos.
O moreno dirigiu calmo, a neve tinha começado a ficar forte mas deu sorte quando estacionou o veículo na mesma vaga de sempre. Abaixou a proteção do bebê confortando livrando Analee da neve, fez uma pequena corrida até a porta do hospital.
- Bom dia, meninas - cumprimentou a recepção.
- MEU DEUS, É A SUA FILHA? - fizeram uma festa ao ver o bebê conforto rosa nos braços de Micael.
- Minha princesinha - levou Analee até o balcão onde as recepcionistas puderam ver, morreram de amores com a pequena que tinha os dedinhos na boca.
- Ela é muito linda, doutor Borges - uma se derreteu em dizer.
- Obrigado - sorriu vendo a filha - diz obrigado as meninas, filha - brincou sabendo que não teria resposta.
- Se quiser, pode deixar ela aqui. Prometo que não iremos rouba-la.
- Sei bem - fez uma cara engraçada fazendo elas rirem - vou indo, o trabalho me chama.
Pegou o elevador levando Analee no bebê conforto, brincou com a filha enquanto subiam até o andar de sua sala, o hospital estava quente por conta de seus aquecedores, mas vazio pela neve que caía lá fora.
- Prontinho filha, chegamos - deixou o bebê conforto na grande mesa, a pequena olhava o pai atenta - o que tanto você me olha? Em, minha princesa? - brincou com as mãos da menina - hum, por que faz tanta força aí, hein? - arqueou a sobrancelha vendo Analee emitir alguns sons forçados, sabia que a filha estava sujando a fralda.
O cheiro foi até as narinas de Micael.
- Eu já sabia - foi até a bolsa rosa tirando de lá fralda, lenço umedecido e pomada. Tirou Analee do bebê conforto antes de forrar a mesa com cobertores, deixando o local fofo para troca-la - eu sou muito precavido com você, pequena - tirou o macacãozinho em que usava, foi rápido ao trocar, fazia muito frio - você está sorrindo pra mim? Está? - brincou com a filha que sorria ao pai, estava espertinha hoje - sua danadinha, vem aqui com o papai - pegou Analee no colo cheirando seu pescoço, mimou ela diversas vezes, estava sem pacientes naquela manhã.
Gostava de brincar com a filha, e ela se abria toda ao pai, era lindo de ver.
- Deveríamos ir embora, faz muito frio e eu acho que os pacientes do papai vão resolver ficar em casa hoje, vendo um filme e comendo pipoca - encarou a filha que observava o pai sem entender nada - o que você acha? - Analee emitiu um som - acho que isso foi um sim.
- Borges, que friaca - Ethan entrou na sala dando um susto no moreno - olha quem está aqui.
- Está nevando muito lá fora?
- Demais - esfregou as mãos se aquecendo.
- Deveria ter ficado em casa, esse tempo mudou rápido. Não sabia que iria nevar justo hoje.
- Ninguém sabia, o termômetro mudou na madrugada - sentou-se na cadeira de frente a Micael - por que não deixou ela com Karen? Estaria mais segura e quente.
- Aqui está quente, eu liguei o aquecedor quando cheguei - explicou.
- Graças a Deus, não quero receber o frio que está lá fora novamente.
- Quase não dormi direito essa noite.
- Por que não? Ah... - lembrou-se rápido.
- Eu iria ligar mas...
- Está muito recente pra você ligar, deixe ela se absorver no local.
- Você tem razão, está mesmo - colocou a filha no bebê conforto - as meninas da recepção adoraram ver Analee.
- Quem não adoraria? - sorriram - você agasalhou essa menina direito, Borges?
- Claro que agasalhei, não estaria maluco ao ponto de sair com ela sem nada no frio.
- Você sabe como são bebês, ainda mais ela que está bem novinha pra sair nessa friagem.
- Fazendo curso de pai? Eu quero entrar também.
- Há - há, que engraçado Borges, engoliu o palhacitos.
- Eu só estava querendo saber, você está evoluindo no quesito paternidade.
- Karen me disse que vocês conversaram ontem.
- O que ela disse?
- Disse que é pra tentarmos outro bebê.
- Ela disse pra mim que estava esperando a confirmação da adoção.
- Não sei que confirmação - Ethan se relaxou na cadeira - Karen nunca vai conseguir adotar, está claro quando recebemos a última ligação.
- E qual foi a última ligação?
- Dizendo que estávamos na lista de espera, mas a verdade é que estamos nos últimos lugares. Quem conseguiu já adotou.
- Que merda, cara - Micael bufou - ela não quer tentar outro?
- Até tentamos mas Karen está fraca demais na hora do sexo, parece que não tem aquele tesão, entende? Parece que estamos fazendo aquilo pra conseguir a criança.
- É só não pensar nisso, deixa relevar cara. Transa com ela numa boa e depois espere, uma hora vai vir, se você ficar pensando vai ser bem pior.
- Tem razão - coçou a nuca - eu vou lá embaixo pegar um café, você quer?
- Não, obrigado.
- Beleza - saiu da sala deixando Micael com Analee.
- Não acredito, você já dormiu? - sorriu ao ver a filha quase largando a chupeta no sono bom que tinha.
Como podia ser linda, até dormindo. Assim como a mãe.