Capítulo 214

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- Sabe que a Sophia vai te matar, não sabe? - Ethan questionou Micael pela milésima vez enquanto o moreno despejava o uísque em seu copo.

Tinham saído em horário comercial para comemorar o sexo do bebê, e já sabíamos que isso não ia terminar bem.

- Cala a boca e bebe comigo - colocou o copo nos lábios bebendo de uma vez.

Estava bêbado, literalmente bêbado.

- Já bebemos uma garrafa de vodca - respirou fundo - quer dizer, você bebeu uma garrafa de vodca.

- Que caralhos, você quer comemorar ou não quer?

- Perdemos horário de serviço, Micael.

- E?

- E se o Doutor Price descobrir...

- Eu aposto que ele queria estar aqui, bebendo com a gente - riu descontroladamente - você sabe que minha filha vai ser uma menina?

- Jura? Você acabou de comprovar isso em uma frase, e me lembrar pela quinquagésima oitava vez sobre isso.

- Você não está feliz.

- Eu estou feliz sim, mas você tem que maneirar - tirou o copo de perto do amigo.

- Quem você pensa que é?

- Seu amigo, e você está sem condições de voltar pra casa desse jeito.

- Meu turno só acaba ás onze da noite.

- Você não vai voltar assim, não mesmo.

- Quer que eu volte como? - pegou a garrafa de uísque novamente, Ethan desviou - boceta! - xingou.

- Melhor guardar essa palavra quando a sua filha perder a virgindade, ou você ensinar a ela onde fica a boceta.

- Ethan, não se atreva.

- Vamos pra casa - chamou o garçom - eu quero a conta por favor.

- Não quer nada.

- Quero sim - sorriu gentilmente ao garçom que tirou a demanda pelo tablet ao lado da cintura, Ethan pagou tudo já que Micael não estava nem podendo digitar números bancários em alguma coisa, estava bêbado demais.

Micael saiu da mesa com muita dificuldade, enlaçou os braços no amigo que o levou até o carro, entrou de mal jeito nem sabendo aonde estava, só sabia que estava bêbado e Sophia mataria ele de todas as formas.

- Vou te deixar em casa.

- Em casa? Eu tenho que trabalhar ainda - tentou ver a vista da janela mas não deu muito certo.

- Trabalhar? Você não está com condições de trabalhar.

- Eu preciso trabalhar, você sabe disso.

- Relaxe esse cu, você não vai trabalhar. Vai pra casa se resolver com Sophia que deve estar uma fera com você.

- Por que deve estar?

- Porque já são nove e quinze da noite e você ainda não deu nenhuma notícia a ela - Ethan estava bravo.

Dirigiu até o condomínio de Micael, parou na porta deixando o amigo tentar sair do carro, cambaleava e segurava na lateral pra não poder cair, estava quase.

- Obrigado pela carona, zé boceta.

- Boa sorte pra você, bicha bêbada - o amigo cantou pneu nem querendo ver o que sairia dali.

Micael tentou falar breves palavras com o porteiro mas não conseguiu de novo, com muita dificuldade pegou o elevador apertando os botões de seu andar, pelo menos isso sabia fazer quando voltava das fraternidades a uns meses atrás.

Quase caiu quando a porta do elevador se abriu, segurou nas paredes até achar a porta de sua casa, tateou o bolso procurando pela chave. E acredite, ele conseguiu ficar vinte minutos parado ali, só queria entrar em casa, era tão difícil?

- SOPHIA - berrou quando a porta deu um solavanco fazendo ele perder o equilíbrio.

E Sophia...

Estava sentada no sofá com os braços cruzados, o envelope do exame ao seu lado, a janela aberta entrando a famosa brisa do apartamento de Micael. E ele, queria procurar palavras pra dizer qualquer coisa.

- Oi - disse tão inofensivo a esposa.

- Eu estou muito brava e chateada com você.

- Eu posso explicar - sentou-se em cima do exame - opa.

- Opa? - pegou das mãos do moreno - você diz isso a sua filha? Um opa?

- Eu só bebi um pouquinho - indicou com os dedos - um pouquinho assim, e Ethan me induziu.

- Ah, Ethan te induziu? - o fuzilou com os olhos.

- Foi, ele parou no bar pra bebermos - coçou a nuca parecendo cansado.

E bêbado.

- Você está cheirando a uísque puro - Sophia torceu o nariz - não acredito que fez isso comigo.

- O que eu fiz, meu amor?

- Me deixou plantada aqui, te liguei milhões de vezes, liguei no hospital e nada, liguei no seu celular e caixa postal, onde você se enfiou? Eu fiquei preocupada - estava nervosa.

- Eu estava no bar, pelo menos fui sincero e fiel - fez uma carinha de cachorro abandonado.

- Não acredito que vamos começar o nosso casamento assim.

- Assim como, meu amor?

- Desse jeito - apontou ao mesmo que tinha deitado no sofá, estava quase dormindo.

- Eu fui muito fiel, na alegria e na tristeza, lembra? - sorriu.

- Eu desisto de falar com você, Borges.

- Não fala isso que eu fico com tesão.

- Idiota - revirou os olhos indo ao quarto, Micael ficou jogado no sofá caindo em sono profundo.

Estava bêbado e cheirando a uísque, o máximo que poderia fazer era dormir.

Sophia foi até seu quarto, arrumou a cama, afofou os travesseiros e fechou a janela, deitou-se na cama sentindo o cheiro de Micael, não o da sala, jogado e cheirando a uísque, o Micael que ela conhecia muito bem, com seu perfume encantador, esse sim era o seu marido. Estava tão magoada que só conseguiu chorar, encolhida, não queria um casamento assim.

Mas que coisa, estava fazendo uma tempestade em um copo d'água, pensou. Micael poderia ter saído pra comemorar a vinda da filha, sua cabeça tinha raciocinado por esse lado.

Ela não queria escutar nenhum dos lados de sua mente, apenas concentrou-se no sono e tratou de dormir antes que mais alucinações a perturbassem pelo meio da noite.

No momento só queria paz.

The Sessions - A Sessão FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora