Capítulo 249

363 21 15
                                    

- Gostei dessa ideia de transarmos no colchão - Micael riu.

- Você quebrou a cama.

- Ah, eu?

- Sim, ninguém mandou ficar me ajudando na hora do sexo - encarou as mãos - quando vamos comprar uma cama nova?

- Podemos ver isso amanhã.

- Amanhã? Vamos ter que dormir no colchão mais uma vez?

- Amor, não é a coisa mais terrível do universo.

- Minhas costas doem - reclamou.

- Tome um remédio.

- Micael Borges, me respeite!

- Eu estou te respeitando - encheu Sophia de beijos -  linda.

- Não me convenceu.

- Ah, não? O que você quer então?

- De verdade? - se aninhou nos braços do moreno.

Mas parou quando escutou o choro fino de Analee em seu quarto, Micael bufou.

- Essa é a pior parte de ter filhos - ia saindo da cama.

- Tudo bem, tudo bem - Sophia saiu primeiro, vestiu seu hobby de seda - é eu quem ela quer.

E queria mesmo, Sophia saiu de seu quarto deixando Micael jogado no colchão, precisavam de uma cama urgente. Foi até o quarto da pequena Analee que chorava irritada, Sophia sabia sua irritação e se pôs a trocar a fralda novamente, a amamentou um pouco e a levou consigo até a sala, ficariam juntas como a loira mesmo disse.

Estava tudo em ordem na casa dos Borges.

Duas semanas depois.

- Oi, sou eu. Micael Borges - estava no telefone, pegou uma caneta - então, fica combinado ás quatro? Sim, eu preciso ver o meu arquiteto - mexeu em alguns papéis - fique despreocupado, a clínica vai ser um sucesso - sorriu - até mais, tchau tchau.

O moreno ajuntou uma quantidade de papéis, os colocou em uma pasta preta e saiu de seu quarto.

- Onde você vai? - Sophia perguntou, estava no sofá brincando com Analee. Não tinha a cara muito boa.

- Eu vou conversar com o arquiteto, estão todos na área da clínica - sorriu fraco - vejo você mais tarde?

- Não vou sair daqui - cerrou os olhos.

- Volto já, eu te amo - jogou um beijo no ar e saiu porta a fora.

Tateou o bolso procurando pela chave do carro, colocou a pasta no banco do passageiro e saiu.

O novo consultório de Micael ficava bem no centro da cidade, ao lado de lojas de luxo e empresas importadas, era um bom território com o preço altíssimo. Ele não se importava, tinha o dinheiro exato pra poder comprar tudo o que queria, já tinha a construção pronta, só faltava o decorador e acabamentos finais.

- Boa tarde, desculpe a demora - cumprimentou os dois arquitetos. Estavam segurando papéis grandes.

- Que isso, Borges. E então? Você andou vendo os nossos e-mails?

- Andei sim, e achei a decoração ótima. É bem...

- Luxuosa e de bom gosto - um deles sorriu - eu gostei da ideia do lustre, afinal, é raro e nobre em nossa sociedade.

- O lustre - Micael pensou - eu também adorei a ideia. E quando vai ser jogada em prática?

- Quando você acionar o novo dinheiro na conta.

- Oi?

- O dinheiro em conta, nós tentamos usar mas não conseguimos. O limite estourou.

- Então quer dizer que todo o dinheiro que eu dei... não sobrou mais nada? - aquilo lhe doeu, engoliu seco.

- Pelo visto sim, mas creio que uma pessoa com o senhor tem a conta em dia, a segunda opção diríamos.

Não tinha não.

- É, eu tenho sim - riu sem um pingo de graça - licença, eu vou conversar com meus bancários. Volto em um instante.

Micael saiu da rodinha de arquitetos, pegou seu celular ligando ao banco, a ligação demorou alguns minutos mas conseguiu ver o débito que tinha, realmente a herança de Sophia já tinha ido tudo.

Se empolgou demais com a localização.

- Voltei - sorriu colocando as mãos no bolso - podemos deixar o lustre de lado, ele não vai chocar ninguém.

- Seria bom para o seu negócio, ter algo inusitado como esse...

- Olha, quer saber - franziu o cenho - podemos ir nos falando depois, eu não tenho pressa pra decoração.

- A sua clínica vai ficar nua? Sem nada para os clientes? O que vai ter a oferecer?

- O que eu tenho de melhor, e não um lustre de trinta e cinco mil dólares - soltou - consigo arquitetos melhores que vocês.

- Ora, senhor Borges. Desacatando nosso trabalho?

- Não estou desacatando e sim arcando com as consequências. Isso não dá pro meu dinheiro.

- Então por que nos contratou?

- Estou fazendo essa mesma pergunta - deixou novamente os dois, estava puto e meio triste.

Agora teria que arranjar novos arquitetos, que ótima coisa.

Voltou pra casa entristecido, ainda sim um pouco puto. Fechou a porta da sala não vendo mais Sophia ali com a filha, andou pelos cômodos e tirou a chave do carro de seu bolso, entrou no banheiro e sentiu o cheiro da esposa, encarou ela pelo espelho que tinha chego agora, se escorou no batente da porta.

- Eu consegui acabar com a sua herança, realmente - tirou a blusa, abriu a torneira.

- Você conquistou o que queria, eu apenas te ajudei.

- Aquele arquiteto de uma merda, queria colocar um lustre caro na clínica, ninguém ia ligar pro lustre - lavou o rosto, pegou uma toalha.

Sophia ficou quieta, apenas cruzou os braços.

- Eu deveria ter dormido mais hoje, e não ter acordado com essa crise - bufou - o mundo não está colaborando comigo, não hoje.

Os dois ficaram quietos.

- Me diga uma coisa que não me deixe mais puto do que eu já estou - riu leve encarando a esposa pelo espelho.

- Estou grávida!

O silêncio permaneceu, eternamente.

The Sessions - A Sessão FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora