AVISO: UMA LEITORA CITOU SOBRE A MÚSICA ALREADY GONE E SIM, HÁ DUAS FRASES QUE OS PERSONAGENS USAM NESTE CAPÍTULO QUE FAZEM PARTE DA MÚSICA. NO ENTANTO, QUEM COMPROU O EBOOK NA AMAZON, SABE QUE A REFERÊNCIA DA MÚSICA É CITADA, COLOCADA DENTRO DE ASPAS E ESTÁ DESTACADA EM NEGRITO. NO LIVRO TODO HÁ ERROS, POIS ESCREVI NA PRESSA, CONFESSO, FALTA ALGUMAS INFORMAÇÕES E TAL. PORÉM, NO EBOOK DA AMAZON, ESTÁ COMPLETO, CORRIGIDO E COM AS REFERÊNCIAS CITADAS. MESMO ASSIM, AGRADEÇO.
Heloyse
Havia certo conforto e certa segurança quando eu estava em seus braços. Não havia medo algum.
— Você me ama? — perguntou enquanto se movimentava lento e sensual.
— Amo! Amo tanto...
Fechei os olhos enquanto ele delicadamente desabotoava minha blusa.
— E você?
— Nunca amei alguém assim — respondeu olhando diretamente nos meus olhos.
— Me prova! — pedi.
Então, senti suas mãos quentes sobre minha pele nua. Eu respirei fundo e aguardei pelo seu beijo. Quando seus lábios tocaram os meus, eu tive certeza que era ele o dono do meu coração.
— Prometo que vou devagar.
— Eu sei! Confio em você.
Suas mãos passeavam em meu corpo ao mesmo tempo em que seus lábios me exploravam. Era uma sensação nova, de prazer e dor. Tinha momentos em que era bom, em outros, era torturante de uma forma deliciosa.
Eu queria mais. Parecia que eu nunca me cansaria daquilo. E quando ele se colocou na posição, senti seu corpo me reivindicando. Ele estava procurando por algo. Procurando por mim. Uma forma plena de se conectar.
Depois de alguns segundos, senti uma pressão seguida por uma dor. Eu dei um grito e ele me abraçou, esperando que eu me recuperasse.
— Me desculpa! Isto é só agora.
E então, enquanto ele me beijava e se movimentava devagar, comecei a sentir toda aquela excitação novamente.
— Você está bem?
— Sim eu... Só não pare!
Ele sorriu e continuou, mas, dessa vez, a sensação era outra. Era de completo êxtase.
— Eu a amo.
— Também o amo — eu disse enquanto um gemido saía da minha boca. — Oh, Michael... O amo tanto!
Meu corpo flutuando no dele.***
O problema da decepção é que, quando se esta passando por esse processo, ninguém vai te entender e mesmo com palavras você nunca conseguirá explicar o que está se passando dentro de você.
A decepção dói, porque ela vem daqueles que você depositou suas expectativas. Ela pode vir de um amigo, um parente, um filho, esposo, entretanto, nunca de um inimigo. Você sabe o que esperar de seus inimigos, por isso, jamais irá se decepcionar com eles.
Ela dói porque um pedaço da gente vai embora com quem nos decepcionou. Eu confiei demais. E ele... ele não era meu inimigo e por isso, me decepcionei.
Achamos que conhecemos bem as pessoas, até que chega um dia em que nos surpreendemos com elas. Ninguém é perfeito, ainda assim, eu achava que o mundo todo era culpado, até eu. Eu só não sabia, onde tinha errado.
Faz três meses desde a última vez que eu pedi uma explicação. E eu estava lá, na frente da porta dele, outra vez. Quando ele abriu a porta, senti como se todo ar fugisse dos meus pulmões. Era como se o tempo parasse.
Um.
Dois.
Três.
Quatro.
Cinco segundos, horas ou anos... Não sei. Apenas parou.
Aquele rosto que eu via todos os dias, agora estava diferente. Tinha uma expressão cansada, vacilante. Estava tão bonito com aquele pijama cinza que era meu favorito. Aquela sensação familiar me acalmava um pouco. Apenas um pouco. Dei um sorriso sem graça e ele continuava calado com as mãos na cintura e me olhando.
— Oi, Michael!
Olhou-me de um jeito nervoso, passando a mão nos cabelos e depois de uns segundos que mais pareciam uma eternidade, ele resolveu responder.
— Oi, Lisy! O que está fazendo aqui?
Meu coração disparou quando ouvi sua voz.
— Eu precisava falar com você...
— Agora não dá. Eu estou com...
— Está com ela? Eu pensei que... — eu demorei um pouco pra processar, por fim, perguntei —: Vocês estão morando juntos?
— Por favor, vai embora... Agora não dá.
— Eu sei que você disse que não dava mais. Eu só não pensei que vocês fossem... — estava difícil encontrar palavras. — Não pensei que seriam tão rápidos. E você me deve uma explicação, porque você é um maldito idiota — eu lutava contra as lágrimas — Eu corri atrás de você pedindo outra chance e você não me disse se eu deveria esperar por você ou não. Eu me pergunto todos os dias, onde foi que eu errei. Estes estão sendo os dias e as noites mais longas da minha vida, porque eu não sei como superar tudo isso.
Enquanto eu falava com uma calma fingida, as lágrimas rolavam. A expressão de Michael se tornou em piedade e isso fez com que eu me odiasse mais ainda. Ele deu uma olhada em direção ao interior da casa e voltou a me olhar.
— Não se humilhe mais. Quando vai aprender a ser forte, Heloyse? Não me faça te machucar mais do que já venho te machucando.
— Eu preciso saber. Ainda não "caiu a ficha". Você dizia que só havia você e eu nesse mundo e agora eu estou sozinha. Você dizia que queria uma família comigo e então, dediquei nove anos da minha vida a você. Estou me humilhando por uma explicação, porque eu não aguento mais. Eu preciso tomar uma atitude, seguir em frente e, eu não consigo porque eu preciso saber o que o fez mudar de ideia. Por que você me deixou? O que eu fiz?
Ele veio em minha direção e parou na minha frente. Eu quase podia sentir sua respiração. Quase podia tocar nele. Esperei tanto, ansiosa por aqueles passos. Eu queria vê-lo vindo até mim e dizendo que nada mudou. Por um momento, achei que iria acordar daquele pesadelo e ele iria me abraçar e dizer "está tudo bem, eu sempre te amei".
— Vai embora. Eu preciso que vá. Eu sei que errei e você não merece isso. Merece alguém bom em sua vida, que te dê todo o amor que eu não pude te dar. Então, por favor, vai embora e esquece tudo isso — e então, ele enxugou as lágrimas que teimavam em cair do meu rosto.
Meu coração estava partido. A atmosfera tornou-se pesada e minha cabeça doía.
— Você é único que pode me machucar. Você sabe disso e você faz isso.
— Sim, eu faço! Mas, eu nunca quis isso — ele respirou fundo e me olhou de forma carinhosa. — Lisy, eu te amei... Amei muito! Na verdade eu ainda gosto de você — ele se afastou —, mas, o que aconteceu, foi necessário. Não é tão fácil assim.
Michael andou um pouco, fechou a porta e depois, sentou-se no degrau em frente à porta e esperou que eu fizesse o mesmo. Então me sentei ao seu lado.
— Eu sinto muito. Eu queria ter casado com você e ter tido filhos, envelhecer ao seu lado e tudo que tínhamos direito. Poderíamos ter tido tudo o que quiséssemos. Foram anos incríveis e tinha tudo pra dar certo. Eu sei que agora eu pareço um canalha para você, mas, aconteceu. — ele avaliou minha reação depois continuou. — Se eu fiquei com você esse tempo todo, é óbvio que, o que eu sentia, era verdadeiro — olhou novamente e suspirou. — Eu já conhecia Alice há muito tempo. Ela foi muito importante para mim.
Então, me odiei novamente por estar ali. Eu não queria ser daquele jeito. Eu não queria me arrastar para ele, mas, eu não conseguia. Sempre fraca. Dependente.
— Ela era mais nova do que eu. Namoramos por um ano e sabíamos que seria só naquele ano mesmo, porque no outro, ela iria embora para o Canadá. O pai dela tem parentes lá. O cara era um idiota — riu de forma amarga — Ele a agrediu uma vez na porta de uma lanchonete e aí, eu fui pra cima dele. Não podia deixar que ele a humilhasse daquele jeito. Então, ele fez da minha vida um inferno. Me perseguia e sempre me agredia quando achava que devia. Um dia, Alice implorou para que fugíssemos daqui.
Enquanto ele falava, eu sentia um nó dentro de mim que me sufocava. Era uma sensação horrível. Como se eu estivesse caindo em algum buraco. Eu não sentia o chão.
— Eu fui um covarde. Eu não quis ir. Mesmo eu achando que a amava, eu não quis ir. Eu tinha meus pais, meus amigos e meu emprego. Como iríamos viver? Eu era só um rapaz iniciando a vida e ela também era muito jovem. Eu disse para ela ter paciência e mesmo que ela fosse embora, manteríamos contato e assim que eu tivesse uma vida mais estabilizada, eu a buscaria... Ela me deu adeus. E eu me lembro do rosto dela. A expressão que ela tinha era tão triste quanto a sua.
Eu vi cada partícula de tristeza em suas palavras.
— Eu nunca mais a vi. Depois de uns meses que ela se foi, uma amiga dela me deu seu telefone e sempre que eu ligava, diziam que não a conheciam. Depois, trocaram o número. Perdi contato por quinze anos, até que a vi naquele dia.
Então me lembrei do dia em que fomos à pequena loja de conveniência que ficava próxima a minha casa. No dia em que tudo aconteceu, Michael ficou paralisado olhando para a mulher que pagava algo no caixa. Quando a mulher se virou, houve um silêncio assustador. Nenhum deles disse alguma coisa. Então, a mulher me olhou e passou de cabeça baixa por nós. Michael ficou parado olhando e pedindo desculpas, me deixou sozinha na loja.
— Naquele dia, eu me senti desnorteado quando a vi. Eu me sinto um idiota por ter deixado você lá, sem ao menos dar uma explicação.
— Você se arrependeu de estar comigo, quando a viu — não era uma pergunta.
— Não diga isso! Nunca me arrependi de estar com você ou ter conhecido você. Eu só fui embora porque eu me senti mal. Mal pela forma que tudo acabou e mal porque você nem imaginar quem ela era. Então, eu quis ficar sozinho. Eu queria colocar alguns pensamentos em ordem — me olhou por alguns segundos e depois afastou o olhar para longe.
— Podia ter me contado quem ela era.
— Sim, eu podia e não fiz!
De repente, houve um silêncio. Um silêncio carregado de palavras que nunca foram ditas e de palavras que iriam ser ditas. Essas palavras esperavam apenas o momento certo para serem lançadas contra mim.
— Naquela mesma noite, eu fui à pizzaria da Edith, perguntar se ela sabia de alguma coisa. Elas sempre foram muito amigas. Alice estava lá, e então eu o vi — desta vez, havia emoção em seus olhos. — Eu vi um garoto de olhos castanhos e rosto tão familiar. E quando ela me viu, ela olhou para o garoto e pra mim. E foi aí que entendi... Eu entendi que aquele menino era meu filho!
Aquele buraco em que eu estava caindo, era tão profundo que me perguntei se um dia ele teria fim. Era um abismo angustiante. Era como um poço fundo e estreito, claustrofóbico e com paredes revestidas de ressentimento. Eu estava caindo nele e não conseguia enxergar o final.
— Eu sei o quão louco isso é. Mas, naquele dia em que ela queria que fugíssemos, ela estava esperando um filho meu. Ela foi até lá me contar, mas, a minha reação a fez pensar que eu não a queria, então ela foi embora — disse com tristeza. — O pai dela queria que ela abortasse, porém, a mãe dela não permitiu. Ela foi para casa de uma tia, onde viveu até ter a criança. Depois, arrumou um emprego e fez a vida dela... — ficou em silêncio por uns segundos e depois continuou —: Ela o criou sozinha. Não se envolveu com ninguém porque vivia só pra ele. No começo, eu fiquei com muita raiva. Ela deveria ter me procurado, mas, depois que ouvi suas justificativas, eu percebi o quanto foi difícil para ela. Tudo o que ela passou... Eu me sinto culpado.
— Você não teve culpa.
— É assim que me sinto. Eu quero consertar as coisas.
— Ficando com ela? — perguntei com medo de ouvir a resposta.
— No outro dia, quando você veio em casa... Quando eu disse que não dava mais, eu prometi que conversaríamos, só que eu não tinha coragem. Eu tenho tendência a ser covarde, não é? — ele deu um sorriso sem graça e abaixou a cabeça. — Eu realmente falei a verdade quando eu disse que queria um tempo. E durante aqueles dias, eu visitava o meu filho. Eu sentia que devia a ele, o meu tempo. Eu percebi que perdi muito tempo longe do Erick. E eu gosto de estar com ele.
— E com a Alice! Você gosta dela ainda?
Michael abaixou o semblante e ficou em silêncio. Eu sabia a resposta e mesmo que ele não dissesse claramente, ainda assim, eu sabia.
— Eu não sei.
— Eu vi a forma como você a beijou.
— Naquele dia, foi meio confuso. Ela disse que não queria que eu abandonasse minha vida para viver a deles, que não precisava ficar com eles por me sentir culpado. E durante nossa discussão, quando ela disse que ainda me amava, eu senti algo estranho. Um impulso. Então a beijei. Mas, quando eu te vi lá, parada no estacionamento, eu fiquei confuso. Eu não sabia o que fazer. De qualquer forma, eu já tinha feito. Eu já tinha magoado você, e isso me magoou também.
— Eu esperei você, Michael. Esperei você me procurar. E por mais doentio que pareça, eu queria te perdoar. Eu quis te perdoar não por um erro que você cometeu e sim, por todas as vezes que esteve ao meu lado. E eu fiquei por malditos três meses esperando você se explicar. Você me traiu, me expulsou da sua vida e não me dava uma explicação. Depois, não atendia minhas ligações, evitava me receber no seu trabalho. Era eu quem deveria te evitar e mesmo assim, corri atrás. Foram três meses assim. Você não se magoou, Michael, porque a única que saiu magoada aqui, fui eu!
Eu me levantei rapidamente. Ele também se levantou e segurou meu braço.
— Me perdoa! Eu ia contar. Eu ainda queria estar com você. Ainda quero, mas...
— Mas, você a ama — eu disse puxando meu braço. — Se não a amasse, não teria passado dúvidas no seu coração, Michael. Não estaríamos agora, tendo essa conversa.
— O que eu sei, Lisy, é que, o que sinto por você ainda é especial. Eu sinto tanto sua falta e eu não queria que tudo tivesse acabado assim. Mas quando eu olho o Erick e a Alice, sinto vontade de estar com eles.
As palavras se foram. Tudo se foi.
— Lisy, aprendi que não importa quais estradas temos que tomar... Um de nós tem que partir. Você precisa seguir em frente. Eu já encontrei meu lugar.
Então eu o vi.
Parado à porta, estava Erick. Uma cópia perfeita do pai. Tão lindo quanto ele. Vê-lo, fez com que eu me sentisse sobrando. Eu já não pertencia mais a vida de Michael, e isso, doeu. Talvez, eu nunca tivesse pertencido.
Eu fui me afastando. Eu estava partindo.
Ouvi Michael me chamar. Quando olhei para trás, eu só consegui dizer "seja feliz". Ele acenou com a cabeça e, juro que pude ver seus olhos marejados. Eu não quis ficar para confirmar.
Eu sempre soube que fomos destinados a dizer adeus, pois eu já havia dito esta palavra tantas vezes.
Então eu corri!
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UM PONTO DE PARTIDA
RomanceApós a morte de sua família, Heloyse se apegou a quem esteve do seu lado durante este momento difícil. De repente, encontrou-se abandonada, sem um rumo ou uma motivação para seguir em frente. Até que em um determinado momento da sua vida, resolve sa...