Heloyse
O tempo em que eu estava fora, pedi para Ashley abrir novamente a cafeteria. Eu estava tranquila com o meu empreendimento. Confiava plenamente em Diana, a moça que ela colocou como gerente.
Durante os meses que fiquei aqui, eu depositei o dinheiro das contas domésticas. O que não era muito, já que minha casa tinha ficado fechada. E uma vez no mês, Margot fazia a faxina.
Tudo parecia caminhar para a perfeita harmonia, pelo menos nessa área, porque os meus sentimentos mentos estavam uma grande bagunça. Eu precisava tomar um rumo na minha vida e isso, significava organizar minha vida sentimental.
Cielo e Thom eram como pais para mim. Eu não queria ir embora. Eu sentia falta de ter uma família e eles preenchiam essa falta que eu sentia.
Eu também não queria voltar para casa porque tinha medo de encontrar Michael e tudo o que pensei não existir mais, está lá, adormecido. E se, quando eu o visse, eu descobrisse que ainda o amava? Isso seria possível?
Por outro lado, ficar aqui, também tinha seus riscos. Ter Will por perto, iria dificultar meus planos de esquecê-lo.
Mas, durante esse tempo, nos vimos tão pouco, que eu estava convicta que poderia esquecê-lo facilmente.
Respirei fundo e me concentrei no que estava fazendo.
- Você vai acabar caindo e quebrando alguns ossos.
Eu dei um sobressalto quando ouvi aquela voz.
Eu havia subido em cima da árvore para poder colocar um filhote de passarinho dentro do ninho. Pobrezinho estava tão molinho que achei que talvez, não sobreviveria.
O dono da voz ficou com as mãos na cintura me olhando como se eu fosse uma fruta prestes a estatelar no chão. De fato isso aconteceria se eu ficasse por mais alguns minutos ali. Nunca fui uma pessoa coordenada. Subi em árvores não era meu forte.
Eu desci desastradamente e me perguntei como eu não tinha ouvido ele e seu cavalo chegando.
O dono da voz tinha os cabelos escondidos debaixo de um chapéu e a roupa bem surrada. Will O'Connor não ficaria feio nem se estivesse vestido de sacos.
- O que está fazendo aqui?
- Eu fui até a casa dos Ferrel e não tinha ninguém lá.
- Eles foram almoçar na casa dos pais do Jeremy.
- E você? Por que não foi?
- Eu não achei que minha presença seria necessária.
Nas últimas semanas, eu tinha estado ocupada. Planejei comprar a casinha de madeira e um pequeno pedaço do terreno, mas, Thom não permitiu. Ele simplesmente disse que a casa já era minha e me ajudou com a cerca em volta. Estivemos trabalhando duramente. Fizemos reparos na casa, pintamos as portas, janelas e fizemos uma cobertura para a caminhonete.
- Ficou bonito o trabalho que fizeram aqui.
Will olhou para o lado e apontou para a casa.
- Ficou sim - eu disse colocando as mãos nos quadris. -Você deseja mais alguma coisa?
Ele olhou para o alto da árvore, onde eu havia estado. Depois olhou pra mim e sorriu.
Deus, como podia alguém quebrar o outro, apenas com um sorriso?
- Se eu não tivesse chegado, talvez você estivesse estatelada no chão e não haveria ninguém para ajudá-la.
Era nítido que ele queria puxar assunto e infelizmente, ele estava fazendo de forma errada. Ao invés de querer conversar com ele, eu apenas sentia uma irritação pela forma como ele falava comigo. Parecia que eu era algum tipo de piada para ele.
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UM PONTO DE PARTIDA
RomanceApós a morte de sua família, Heloyse se apegou a quem esteve do seu lado durante este momento difícil. De repente, encontrou-se abandonada, sem um rumo ou uma motivação para seguir em frente. Até que em um determinado momento da sua vida, resolve sa...