Heloyse
Felicidade? Onde ela morava?
Will tinha viajado por quatro dias e nos outros, ele me visitou. Fazia tudo para permanecer no quarto quando Cielo estava também. Quando ela se retirava, ele ficava calado com o olhar perdido em algum ponto fora da janela. Quando eu perguntava sobre a fazenda ou sobre qualquer outra coisa, dava respostas curtas.
Às vezes, eu fingia estar dormindo e com os olhos entreabertos, eu o via esfregar os olhos e dar longas respirações. Outras vezes, acreditando que eu dormia, Will acariciava meu rosto ou tocava a minha mão.
Quando eu seria feliz e quando ele curaria todas as suas feridas?
Éramos feridas abertas, que doíam ao serem tocadas. Eram palavras, gestos, lembranças... Tudo a nossa volta parecia nos fazer cair em queda livre.
Era uma queda atrás da outra.
Um golpe atrás do outro.
Um corte após o outro.
Dez dias depois, o médico havia me dado alta.
Will insistiu algumas vezes, mas, eu não quis ir para sua casa. Fiquei com Cielo.
Todos os dias eu chorava e ela me consolava.
- Cielo...
- De novo chorando, querida?
- Por que ele não vem?
Ela colocou uma cadeira perto da minha e sentou-se ao meu lado.
- O que eu fiz pra ele se afastar de mim?
- Você não fez nada. Mas, ele acha que ele fez. Só o fato de ter machucado você e você ter tido problemas com a gravidez, foi o suficiente para ele se culpar.
- Mas não foi culpa dele. Eu não deveria ter ficado atrás. Onde eu estava com cabeça quando resolvi fazer aquilo? A culpa foi toda minha.
- Nenhum dos dois teve culpa. O único culpado de tudo, foi Johnson. E ontem ele esteve aqui para vê-la e eu não deixei. Também não o deixei vê-la quando esteve no hospital. Ele não é um rapaz ruim, só que quando está com raiva, não mede as palavras. E foi isso que acabou causando seu acidente.
Eu deitei minha cabeça no ombro dela e chorei. Como doía sentir a falta dele.
Will algumas vezes não atendia minhas ligações e nas outras, sempre dizia que estava ocupado e que quando tivesse tempo, viria me ver.
E assim, seguiram as semanas.
Neste tempo, apareceu por três vezes. Não me beijou, não tocou em mim. Me deu remédios e disse a Cielo que se precisasse de algo, não hesitasse em falar com ele.
Ele deu um "até mais" e quando eu disse que o amava, ele parou com a mão na maçaneta, abriu os lábios e disse "fique bem", fechando a porta atrás dele.
***
Um mês se passou até que Cielo me deixasse ir a algum lugar, sozinha.
Eu andava um pouco mancando, pois embora eu não tivesse quebrado as pernas com o impacto do carro, eu tinha alguns hematomas e os músculos doloridos.
Coloquei um chapéu na cabeça e calcei minhas botas.
Eu tinha parado com tudo na cafeteria. Depois do acidente, precisei ficar em repouso absoluto. Eu voltei para a outra casa da fazenda, onde estavam todas as minhas coisas.
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UM PONTO DE PARTIDA
RomansaApós a morte de sua família, Heloyse se apegou a quem esteve do seu lado durante este momento difícil. De repente, encontrou-se abandonada, sem um rumo ou uma motivação para seguir em frente. Até que em um determinado momento da sua vida, resolve sa...