Heloyse
Uma dor latejante parecia cortar minha cabeça quando abri meus olhos. A claridade era tão forte que os fechei novamente para evitar o desconforto.
- Água...
- Oh, meu Deus! Você acordou, querida. Vou chamar o médico.
- Água...!
Minha garganta queimava e só diminuiu a queimação, depois que Cielo me ajudou com o copo de água.
- O que aconteceu?
- Você não se lembra, querida?
- Mais ou menos. Lembro-me da briga, do meu nariz... Will? Onde ele está?
- Calma! Não fale tanto. Vou chamar o doutor.
Quando o médico chegou, fui examinada e o ouvi falar.
Mesmo depois da medicação, as dores eram inevitáveis. Tudo doía e para completar, uma terrível cólica estava me deixando louca.
- É normal isso ocorrer. Você bateu a cabeça e obteve um corte. Aparentemente, está tudo ok, ainda assim, precisamos observar no decorrer dos dias se não houve alguma sequela. E você precisa notificar quando sentir náuseas, tontura, enxaqueca ou qualquer outra coisa. O corte na cabeça levou seis pontos. Seu dedo anelar da mão esquerda foi quebrado, por isso está imobilizado. Algumas veias do nariz foram rompidas, por isso você usará as gazes por quarenta e oito horas. O inchaço no seu rosto ficará melhor em alguns dias. E sugiro que não fale muito. O repouso é essencial, principalmente no seu estado. Agora, eu gostaria que a senhora nos deixasse a sós - ele disse a Cielo.
Após a porta ser fechada o doutor fez alguma anotação na prancheta para depois, se dirigir a mim.
- A senhorita sabia que estava grávida?
"Na verdade, eu tinha esquecido", eu pensei.
- Eu tinha suspeitado. Aconteceu alguma coisa?
- Sua gravidez era muito recente. Ainda não daria para ver no ultrassom de qualquer forma, foi constatada nos seus exames de sangue.
- Como assim, "era"?
- Bom, o susto, o impacto do acidente, contribuíram para que sua gravidez fosse interrompida. Talvez não precise de curetagem, devido ao pouco tempo de gestação. Precisamos observar se o seu corpo irá expelir, espontaneamente.
E enquanto o médico explicava todos os procedimentos, exames e cuidados, eu só pensava no quanto eu queria aquele filho. Era um pedaço dele em mim. Se um dia tudo acabasse, restaria algo que me fizesse lembrar todos os dias, dele. Agora, eu já não tinha mais.
Eu dei adeus a alguém que eu não tinha conhecido e que eu amava mesmo antes de conhecer.
- Por favor, não quero que ninguém saiba. Não agora - eu disse ao médico, após ele terminar as explicações.
Minutos depois ele chamou Cielo e explicou como seria meu repouso, omitindo a gravidez que já não tinha mais, para ela.
- Como se sente, querida?
- Como se um carro tivesse me atropelado.
Cielo riu e sentou em uma cadeira próxima da minha cama.
Até virar o pescoço, doía.
- Fico feliz em ouvir você falar. Você deu um belo de um susto.
- Cielo, onde está Will?
- Ele está na fazenda.
- Você poderia avisá-lo que eu já acordei.
- Já avisei.
- E que horas ele vem?
Cielo pegou em minha mão e sorriu.
- Logo.
Horas depois, quando eu estava sozinha no quarto e ninguém podia ver toda a minha desgraça, eu chorei. Chorei de dor, de tristeza. E quando passei a mão em minha barriga, havia um vazio instalado em mim.
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UM PONTO DE PARTIDA
RomanceApós a tragédia que levou sua família, Heloyse se vê sozinha, perdida em um vazio profundo e sem direção. Em meio à dor, ela encontra consolo nos braços de alguém que a acompanhou naquele período sombrio, mas logo percebe que a solidão a persegue, t...