15.

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Sofia's POV

- " Niall, por favor, volta para o bar. " - eu peço.

- " Não até me contares o porquê de seres assim. " - ele insiste, eu bufo. Ele é tão persistente.

- " Não há nada para contar. "

- " Há sim. " - ele contraria-me. - " Eu sei que há. Tu não és assim do nada. Todos têm um motivo para se tornarem assim, como tu. " - ele diz, olhando-me nos olhos.

- " Niall, por favor, não insistas. " - eu peço, suspirando. - " Eu não quero ter esta conversa contigo. " - eu volto a suspirar. - " Por favor, volta para o bar, e diz-lhes que eu voltei para casa, porque estava com dores de barriga. " - eu peço, calmamente.

- " Ok. " - ele responde. - " Um dia, espero que me contes, porque, apesar de eu te odiar, eu preocupo-me contigo. É estranho, eu sei, mas é o que eu sinto. " - ele diz, e vira-me costas. Eu suspiro.

Eu dou inicio à minha caminhada até casa. Só espero que não tenha de andar muito.

As estrelas que há no céu são escassas. Tenho uma memória de ser pequena, ter os meus 7 anos, e o meu avô morrer. Lembro-me muito bem desse dia. Passei-o a chorar. Eu adorava o meu avô. Ele era o meu herói e, apesar de ter morrido, continua a ser. Foi com ele que aprendi a andar de cavalo, foi com ele que dei os meus primeiros passos, foi junto dele que disse a minha primeira palavra. Eu passava muito tempo com ele, devido ao trabalho dos meus pais. O meu pai é médico, e a minha mãe era professora, e mal tinham tempo para mim. Mas, lembro-me do dia do funeral do meu avô. A minha mãe não queria que fosse, então, eu tinha ficado em casa com a dona Ana. Quando os meus pais chegaram a casa, a minha mãe estava lavada em lágrimas. Tenho uma memória que nunca vou esquecer.

#Flashback On

Já era fim do dia. Eu e a minha mãe estavamos no jardim. Eu estava sentada numa cadeira, com uma mesa à frente, a fazer desenhos, enquanto a minha mãe estava deitada numa espreguiçadeira.

Ela tinha chegado à umas horas do funeral do meu avô, e ela não estava nada bem. Estava muito chorosa e triste. Na verdade, eu também, só que, como ainda sou uma criança, não consigo demonstrar muito bem os meus sentimentos.

- " Mamã. " - eu chamo.

- " Diz, minha querida. " - Alice, a minha mamã, diz, aproximando-se de mim.

- " O vô vai continuar a gostar muito de mim, não vai? " - eu pergunto, com algum receio.

- " Claro que sim, querida. " - ela sorri, dando-me um beijo na testa. - " Ele vai sempre gostar muito de ti, assim como tu dele. " - ela dá um pequeno sorriso.

- " Ele nunca se vai esquecer de mim, pois não? "

- " Claro que não. " - sorri.

- " Eu tenho muitas saudades dele. " - eu fungo.

- " Oh, querida, todos temos. " - a minha mãe puxa-me para um abraço. - " Olha, um dia, quando te sentires sozinha, olha para o céu e a estrela que mais brilhar é o avô. " - ela diz.

- " O vô agora é uma estrela? "

- " Sim, e ele está lá em cima a olhar por ti. " - ela sorri.

#Flashback Off

Ao lembrar-me deste acontecimento, lágrimas escorrem no meu rosto, e eu não me importo se alguém me vir assim. Já não importa. O meu avô morreu de cancro, a minha mãe morreu de cancro, agora só falto eu.

Eu tenho tantas saudades deles. Eles eram o meu proto de abrigo, e agora já não existem. Desapareceram assim de um momento para o outro, e eu nem tive tempo para me despedir deles. Lembro-me de a última vez de ter visto o meu avô ter sido um dia antes de ele morrer. Ele estava no hospital, ligado a montes de máquinas.

Different People » n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora