VII - Fique Comigo

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"É indescritível
Toda a minha dor
Do meu peito
Salta um grande ardor
Por toda a minha vida
Vou te procurar
Até minha alma
Por completo se rasgar
Com toda a minha voz
Quero gritarAté a minha vida
Toda se acabar
— As Cinzas".

CAPÍTULO 7

Dormir demais não foi meu único problema nos últimos dias. Sendo isso uma consequência de usar meus poderes sem ter energia o suficiente para isso, esse chegava a ser o menor deles.

Passei minha quarta-feira inteira tentando arranjar maneiras de livrar Rayssa de sua dívida com os Condenados. Se ela não estivesse com esse problema, teria ficado o dia todo reclamando com Caluna o fato de ela ter escondido seu trabalho na OMH. Minha sorte era que o álcool havia a feito dormir como uma pedra na madrugada do dia anterior, caso contrário, além das reclamações, teríamos que ouvir seus surtos pelo fato de Zac Reymond ter pisado em nossa sala. Pelo menos, dessa vez, apenas algumas explicações bastaram para que ela entendesse a situação, assim como Sophia, que pareceu não ligar muito, o que deixava claro que ela ainda estava decepcionada.

Eu não tinha muito o que fazer para contornar a situação com Soph. Com o tempo ela iria superar, eu sabia disso, mas tê-la deixado dessa forma me desanimava um pouco. Isso, somado ao fato de que eu ainda não tinha arranjado uma solução para Rayssa e à noite já ter chegado, apenas me dava vontade de arrastar a minha cara pelo asfalto até me enjoar.

Eu não sabia o que fazer e precisava me mover para que o pior não acontecesse, a única opção que tinha não era muito agradável, contudo, não existiam escapatórias.

Sabendo que a OMH estava na minha cola, eu não podia vacilar, porém eu também não podia deixar que a vida da minha irmã ou de qualquer um da minha família corresse perigo. Eu precisava negociar.

— Em que lugar você está indo? — A voz de Caluna alcançou meus ouvidos quando eu estava prestes a sair pela porta da sala.

Por um momento quase me xinguei por não ter atravessado direto para Kariellon, mas eu ainda tinha como contornar essa situação.

— Eu quero dar uma volta para apreciar a noite. — Respondi tentando parecer convincente.

— Você ainda não tomou seu suplemento. — Falou me estendendo um copo com meio litro de uma vitamina de cor suspeita.

Fiz uma careta ao observar aquilo. Não parecia muito apetitoso, assim como todas as outras que ela me ofereceu desde o dia anterior. Eu tinha certa desconfiança de que ela estava querendo me envenenar em nome da OMH, mas Caluna me garantira que a suplementação era apenas para repor a energia gasta pelo uso dos meus poderes, dessa forma eu não precisaria enfiar algo no estômago a cada minuto e não sentiria tanto sono. Esse suplemento fazia parte da alimentação que a assistência da OMH dava às pessoas com poderes e agora que eu era uma delas, também iria receber.

— Obrigada. — Agradeci ao pegar o copo e observei o líquido acinzentado. De certa forma era útil que eu tomasse essa gororoba antes de ir a um lugar arriscado. Eu não podia deixar que a fraqueza ou a tontura tomassem conta de mim se acabasse me metendo em uma luta.

Tratei de tomar a vitamina, que acabou tendo um gosto agradável, e devolvi o copo à Caluna. A única coisa que ela me disse antes que eu deixasse a casa foi para que eu tomasse cuidado, nada mais que isso. Minha irmã até que estava sendo agradável, mesmo depois da briga que tivemos. De certa forma não havia motivos para que estendêssemos isso, então o que nos restava era seguir a vida normalmente, mesmo que, no fundo, eu soubesse que ela manteria os olhos em mim por conta de Zac.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora