XV (Lyanna) - Um Contra Todos

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"Minha bela dama
De tudo o que mais ama
Escolheu-me com todas as forças
Minha bela dama
Que controla todas as chamas
E minha alma que tanto reclama
Por não ter aquela que ama
— As Cinzas".

CAPÍTULO 15

LYANNA

— Senti tantas saudades das minhas meninas! — Mamãe se alegrou ao encontrar as quatro filhas a aguardando na entrada de casa. Seus braços tão acolhedores conseguiram envolver todas de uma vez em um abraço caloroso.

A caçula, Sophia, foi a primeira a conseguir se desvencilhar do aperto, mas eu, Rayssa e Caluna dificilmente iríamos escapar.

Nossos pais voltaram de viagem mais cedo do que imaginávamos, o que poderia ser um problema levando em conta os últimos acontecimentos. Enquanto minha mãe não me soltava pensava em inúmeras desculpas para justificarem minhas idas a OMH sem que eles soubessem da existência dos meus poderes ou que eu me tornara uma agente.

Mamãe nos soltou e eu ainda continuei pensando. Zac não tolerava atrasos, eu entendera muito bem essa lição no momento em que soube que os agentes ganhavam carros apenas para evitarem passar por isso.

— Uma pena que daqui a três dias teremos que sair de viagem novamente. — Meu pai resmungou ao carregar algumas malas para a sala.

Levantei minhas sobrancelhas, apesar de nada surpresa. Era uma raridade meus pais ficarem em casa por mais de dois dias seguidos. A ausência deles era comum, um erro que facilitaria um pouco das coisas para mim.

— Ah, que saco! — Sophia reclamou se jogando no sofá. — E a vovó e o vovô, será que vão demorar para voltar?

— Amanhã eles estarão aqui. — Caluna respondeu. — É uma pena já que trarão a tia Josephine de brinde.

— Caluna! — Mamãe a repreendeu.

Escondendo um risinho, minha irmã me chamou discretamente para acompanhá-la até a cozinha. A segui e ao entrarmos, fiz um gesto com uma das mãos usando minha telecinésia para abrir a torneira e deixar que a água escorrendo pela cuba da pia abafasse o som de nossas vozes.

— Precisamos sair o mais rápido possível. — Alertou. — Não esperava que eles fossem chegar tão cedo.

— O que faremos? — Perguntei aflita. — Não estou preparada para revelar a eles sobre meus poderes, muito menos sobre meu novo emprego na OMH.

— Nem eu... você não pode simplesmente hipnotizá-los? — Indagou. — Eles irão estranhar se acabarem vendo você passando o dia todo fora de casa.

— É contra os meus princípios, você não entenderia. — Nem fiz questão de explicar.

Caluna revirou os olhos por conta disso, provavelmente ela estava acostumada a ouvir essas palavras vindas de alguns dos agentes da OMH, aqueles que verdadeiramente se importavam com a integridade das pessoas.

— Para piorar, não posso esconder isso por muito tempo, não se eu quiser permanecer sendo justa com a minha franqueza. — Continuei. — Não quero que ela falhe.

— Pelos céus, Lyanna, você tem poderes e não faz questão de usá-los. — Parecia ter um certo tom de indignação em sua voz, mas dei de ombros as suas reclamações. — Uma hora ou outra você vai acabar mudando de ideia, todos mudam.

Ignorei sua suposição supérflua. Eu não podia afirmar com toda certeza que era muito diferente deles, mas, por enquanto, minhas crenças permaneciam íntegras.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora