LXXVII - O Céu e O Inferno

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"Ah, se o mundo soubesse o quanto as estrelas cantam nosso amor, os astros não se esquecem, mesmo sabendo que você se foi.
— As Cinzas".

CAPÍTULO 77

Meu corpo estava completamente entorpecido por conta das sensações que não o deixaram desde meu aniversário. Deitada em uma cama de Ian, cercada por lençóis e cobertores, me sentia flutuar nas nuvens graças ao que seu toque era capaz de me causar.

Desde aquela noite quase não nos desgrudamos, fosse abraçados ou com os nossos corpos unidos, deixamos o mundo de lado na última semana e nossos problemas, de certa forma, não existiram. Seus braços se tornaram o meu recanto confortável. Seus beijos me trouxeram uma paz inesgotável. Seu toque, tremendamente cuidadoso e mais do que gentil — pelo menos nos primeiros dias — se tornou mais bruto e selvagem conforme sentíamos ainda mais urgência de estarmos agarrados um no outro, como um frenesi incalculável e repleto de desejo.

Eu adorava a forma como conseguíamos nos satisfazer.

Demoraria horas até que eu quisesse realmente levantar. Meu corpo estava preguiçoso, nem mesmo as asas eu queria mover, mas por sorte a cama era grande o suficiente para que elas e as de Ian relaxassem confortavelmente sobre o colchão.

Toda essa canseira tinha o motivo e o responsável era o belo rapaz de sorriso estonteante deitado bem ao meu lado, apreciando minha face com seus olhos cativantes que me enchiam de paixão. Se eu dormi mais de três horas nos últimos dias foi muito, a única vez foi quando descansamos abraçados um ao outro no dia do meu aniversário, com apenas a natureza ao nosso redor e a suas asas nos cobrindo, como um manto fofo e quentinho.

Em certos momentos eu soube que estava extrapolando um pouco. A fome de Ian era insaciável, porém a minha era muito maior, por esse motivo eu agradecia aos céus por não ser uma pessoa comum, caso contrário estaria dolorida, pois definitivamente me esqueci da existência do tempo.

As horas em que estivemos juntos, movendo nossos corpos em ritmo frenético, compartilhando todas as nossas sensações e pensamentos, foram as únicas percepções da minha existência. Eu nunca me senti tão ligada a alguém como eu me sentia com Ian.

Encarar sua face, apreciando sua beleza enquanto seus cabelos escuros caíam em parte do rosto, era como receber uma dádiva ao acordar. Seu olhar de admiração aquecia o meu coração, mas uma certa melancolia despontava de suas íris cor de ônix, algo que me deixava um pouco sensível, pois eu não me sentia bem em vê-lo assim.

Eu não conseguia entender o motivo de certas emoções depreciativas o marcarem enquanto ele me observava, se mesclando ao amor que pulsava em seu peito, como se ele não conseguisse separar as duas coisas. Fora isso ainda havia um sussurro indecifrável tocando os seus pensamentos, algo que ele não me deixava entender.

— O que há de errado? — Perguntei ao me inclinar em sua direção, o suficiente para que nossos rostos ficassem bem próximos e as respirações se tornassem uma só.

— Nada... — Respondeu, erguendo a mão na direção do meu rosto e retirando uma mecha do meu cabelo que caiu sobre ele. — Eu apenas estou repetindo a mim mesmo que você é real, assim como tudo o que estamos vivendo. — Um suspiro deixou os seus lábios com a sua confissão. — Tenho medo de acordar e perceber que tudo isso não passou de um sonho...

Engoli seco, tentando decifrar, exatamente, o motivo de ele se sentir assim. Segurei sua mão e o fiz tocar meu rosto, entrelaçando meus dedos sobre os seus.

— Você me sente, Ian? — Indaguei, transmitindo meu toque a ele. — Me vê?

— Sim... completamente. — Respondeu puxando a minha mão para si e beijando os nós dos dedos.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora