LXXVIII - A Verdadeira Face de Um Monstro

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"Meu coração doeu
Quando você morreu
O céu escureceu
Toda vida se perdeu
O meu coração sofreu
Quando você morreu
Nada mais fez sentido
Pois meu mundo era seu
— As Cinzas".

CAPÍTULO 78

Mais de trinta e seis horas na frente de um computador acompanhando os passos de um imbecil, anotando as coordenadas, as ruas e avenidas, associando cada um dos lugares em que ele pisou. Trinta e seis horas fritando os meus miolos para entender o que ele queria visitando as áreas mais badaladas da cidade, rondando cassinos, casas noturnas, bares e restaurantes caríssimos, todos comandados pelos maiores clãs existentes no mundo todo, o principal, aliados de Ian.

Através da nossa ligação mental, Ian me informou que seu anúncio se espalhou rapidamente, tanto que chegou nos ouvidos de Zac que me procurou, imaginando que eu soubesse de algo. Por orientação de Ian, respondi que não me envolvia nesses assuntos, mas garanti que ficaria alerta para cada informação relevante. Na realidade, a única coisa que eu faria seria uma correlação dos dados que receberia da OMH e de Ian, assim armaria o melhor jeito para agir nessa situação, pois já sabia um pouco do que Sven queria fazer.

A única coisa da qual estava aguardando, era que Ian me desse um parecer positivo para que eu colocasse os agentes da OMH para agir, pois, de acordo com ele, na última vez que nos comunicamos, Sven procurou os conselheiros de cada um dos clãs aliados, mas foi atrás de Sierg, principalmente, pois os Condenados eram a sua ambição. Já imaginávamos o que ele queria, mas, ainda assim, eu precisava de uma resposta para pensar em como agir.

— Fiquei sabendo que a sua viagem com Ian não acabou muito bem. — Joshua comentou em voz baixa, ao arrastar a cadeira até mim, por conta dos outros agentes, pessoas comuns, que nos rodeavam. Seu tom denunciava certa satisfação com o nosso fracasso, mas não esperava outra coisa. Ele claramente deplorava tudo o que relacionava Ian a mim. — Zac me contou antes de você retornar, mas não entrou em detalhes, imagino que você não tenha revelado nada demais a ele.

— Não quis preocupá-lo. — Revelei sem tirar os olhos da tela holográfica. Se estivéssemos sozinhos me esforçaria mais para tentar confirmar se ele era o responsável pelo que vinha acontecendo, mas Zac não dispensara todos os agentes do seu escritório. Uma pena. — Fomos atacados.

— Ah, eu sabia que você não estava nada segura ao lado de Ian.

Era muito provável que ele soubesse de algo que ia além disso, pois eu quase não tinha dúvidas de que ele aprontara essa apenas para nos ferrar, aliás, a coisa até podia ser vista de outro modo, pois às vezes Joshua parecia estar bem obcecado por Ian. Tudo parecia piorar à medida que ele obtinha suas memórias de volta.

— Fomos atacados por Bloodusks. — Expliquei antes que as ofensas continuassem. — Mas não se preocupe, já que você está tão interessado no fim da nossa viagem, saiba que, por mais que ela tenha sido interrompida, não precisamos dela para aproveitar bastante os últimos dias. — O alfinetei, usando um tom completamente insinuativo, algo do qual ele captou muito bem, percebi quando sua mandíbula se contraiu. — Chega de assuntos triviais, hora de retornar ao trabalho.

Nenhum de nós disse mais nada, para a minha sorte, pois ele poderia muito bem insistir a fim de me irritar, mas ele pareceu descontente o suficiente para continuar qualquer assunto, para a minha sorte, eu diria.

Retornei a monitorar os passos de Sven, anotando todas as localizações que ele pisava, conforme Zac pediu. De alguma forma ele queria montar um padrão para tentar descobrir quais eram os planos dele, mas vendo que ele andou visitando os principais pontos de comércio dos clãs existentes na cidade, eu nem precisava das informações de Ian para saber que ele estava tentando contato com eles, mas eu já sabia de quase tudo, apenas esperava meu parecer.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora