XXVIII - Noite Estrelada

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"No céu e estrelas
Me perdi em teu olhar
Em seus lábios suaves
Irei me encontrar
Então volte a vida
De amor vou me encantar
— As Cinzas".

CAPÍTULO 28

A mente de um humano sem poderes não deveria ser tão frágil. Não conseguia deixar de pensar no quão injusta foi a natureza ao criá-los sem qualquer tipo de proteção contra os ataques de alguém como eu, mas era uma hipocrisia da minha parte pensar em injustiças quando fiz a maior ao invadir a mente de todos em um piscar de olhos.

Ninguém percebeu minha ação, pulei de mente em mente e apaguei a existência de Peter com facilidade, mas as coisas se tornaram estranhas quando tentei invadir a mente do meu pai. Não soube se era algum tipo de relutância minha, mas pude jurar que bati contra algo ao invadi-la. Ao caminhar em seus pensamentos, uma força obscura me cercou, como se gritasse que eu não deveria estar ali. Quando terminei meu serviço, saltei para fora rapidamente, talvez até mesmo aquela coisa tenha me expulsado, não soube ao certo, mas tive quase certeza de que meu pai escondia algo.

— O que você tem a dizer, Ly? — Soph questionou. — Ficou muda do nada...

— Queria que vocês soubessem que não sou uma vilã, como muitos andam dizendo. — Toquei no assunto como parte da minha desculpa.

— Dados aos últimos acontecimentos, era o mínimo do que deveríamos pensar. — O desdém marcou as palavras de Rayssa enquanto ela espalhava a comida em seu prato. — Você esteve com Ian esse tempo todo, deveria ter vergonha disso!

Diante do clima tenso, vovó pegou um prato e serviu um pouco de ensopado para mim. Eu era a única que não pegara nada para comer.

— Fui sequestrada por ele, se esqueceu? — Pelo menos era nisso o que deveriam acreditar. — Eu poderia ter me ferido, sabia?

— Nada mais do que você merece. — Sibilou com desprezo. — Além do mais, a sua chegada com ele não deu a entender que ele torturou você ou coisa do tipo, suas roupas estavam um horror, mas sua face... tranquila como a de um bebê.

— Rayssa... — Mamãe a repreendeu. — Lyanna poderia não estar mais entre nós, seja mais solidária com sua irmã!

— Não seja tão piedosa, querida. — Meu pai se intrometeu. — Se Lyanna não tivesse se enroscado com Ian, nossos negócios estariam voando. — Ele parecia bastante irritado com isso. — Da próxima vez que você resolver se vender aos vilões, ao menos cobre por isso.

Rangi os dentes com as palavras que soaram como uma facada. Eu não iria perdoá-lo por isso.

— John! — Minha mãe exclamou horrorizada.

— Papai está certo. — Caluna cuspiu com raiva. — Lyanna gosta de se oferecer para os dois lados.

A fuzilei com ódio e sem terminar sua comida ela se levantou, assim como Rayssa e meu pai. Os três deixaram a cozinha sem nem ao menos olhar para trás. Chegava a ser cruel essa reação exagerada, mas não queria mais me estressar, apenas ignorei a criancice dos três.

Encarei o ensopado e engoli seco. Todas essas palavras maldosas me deixaram sem fome. Até a tia Josephine foi mais agradável ao me lançar seu olhar penoso e permanecer calada.

— Sinto muito, querida. — Minha mãe se levantou e me abraçou pelos ombros. — Seu pai ainda não digeriu os últimos acontecimentos, muito menos Rayssa.

— É, os dois estão tão abalados que decidiram ir para Mizurie com Caluna. — Sophia comentou.

A encarei desacreditada.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora