XXVII - Planos?

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"A vida que tinha
Deixei de sonhar
O amor que sentia
Veio me afogar
Pois a morte atrevida
Deixei tua vida levar
Oh, como queria
Seus lábios tocar
Mas minha Rainha
Deixou de respirar
— As Cinzas".

CAPÍTULO 27

— Não tenha medo, Peter. — Segurei seu rosto sentindo os cócegas quando meus dedos roçaram na sua barba rala. — Eu espero que não doa... sinto muito caso acontecer.

Eu nunca fiz isso antes, nem sabia como começar. A única coisa que fizemos desde que propus essa loucura a Peter foi ficar face a face com ele, nada mais do que isso.

— Na realidade, não sei como fazer... — Mordi os lábios em sinal de nervosismo.

Era terrível desconhecer a magnitude dos meus poderes. Eu praticamente descobri todos por acaso, parar o tempo era um bom exemplo disso, eu apenas tive uma vontade e essa vontade de repente explodiu em força e poder. Eu quis que algo pegasse fogo e chamas arderam em mim, eu quis que a água se tornasse turbulenta e aconteceu, eu quis mover terra e ar, assim aconteceu. O que eu queria sempre vinha até mim, no momento eu queria passar meus poderes a Peter, mas isso não estava acontecendo.

— Ou talvez você não tenha essa habilidade. — Supôs com um sorriso nos lábios.

Emiti um estalo com a língua ao processar o que Peter disse. Eu acreditava fielmente no contrário. Ainda encarando seus olhos, fechei os meus tentando acessar o profundo de meus poderes.

Eu queria que Peter os tivesse, eu queria tanto...

Então os dê a ele.

Abri meus olhos e soltei seu rosto, como se um grande baque tivesse me atingido. Me afastei um pouco dele e encarei a palma das minhas mãos, vendo-as cintilar pontos brilhantes que se espalhavam por mim, ficando ainda mais fortes à medida que eu aproximava a mão direita do seu braço do mesmo lado. Sorri maravilhada, era tão bonito ver meu poder correndo através das minhas veias, eu não imaginava que seria algo assim.

Toquei seu antebraço e deslizei minha mão até seu cotovelo. As luzes saíram de mim e penetraram sua pele, mergulhando em suas veias e se espalhando pelo seu corpo. Foram poucas, uma fração mínima, como se apenas alguns poderes tivessem se dividido para se compartilharem. Ao fim dessa artimanha as luzes desapareceram. Não percebi antes, mas a expressão de Peter era terrível, como se a transferência tivesse o machucado.

Sorte a minha não ter sentido nada.

— Ainda bem que você não prometeu que não iria doer. — Brincou ao se recuperar.

— Você está bem? — Um sorriso marcou seus lábios quando minha pergunta chegou aos seus ouvidos.

O rosto dele parecia diferente, mais vívido, mais belo, até mesmo... atrativo. Eu conseguia sentir algo meu em seu interior, como se o reivindicasse. Chegava a ser como um imã me atraindo em uma sensação esquisita e pegajosa. Pelo modo como ele me encarava suspeitei que estivesse sentindo o mesmo.

— Eu nunca me senti tão bem! — Exclamou com um sorriso deslumbrante em seus lábios. — Eu vejo tudo tão... detalhadamente.

Inclinei a cabeça para o lado a fim de observar o local após sua confissão. Eu tinha uma pequena ideia de que pessoas como eu viam de forma mais deslumbrante. A grama era mais verde, as estrelas brilhavam muito mais no céu infinito, sempre enxerguei todos os buracos da lua, as falhas de uma rocha, as cutículas de um fio de cabelo, fora que o escuro não era um problema... a visão aprimorada chegava a ser algo injusto.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora