XLIX - Queime Em Mim

4K 455 444
                                    

"Vejo em um canto
O belo fim da morte
Vejo em teu encantado
O quanto tive sorte
De ter você por perto
Até que eu acordei
— As Cinzas".

CAPÍTULO 49

Perdi a conta de quantos corredores percorremos até chegarmos em uma proximidade boa o suficiente de nosso destino para que eu conseguisse adivinhar onde Ian estava me levando.

A música envolvente, apesar de bem abafada, atingiu meus ouvidos no instante em que acessamos um corredor de paredes pretas e luzes amareladas, bem fracas, embutidas no teto. No final dele havia portas duplas, também escuras, onde várias pessoas entravam e saíam sem parar. Não estávamos mais na parte construída na rocha, percebi por conta do material que as paredes e o chão eram feitos

— Uma casa noturna, Ian? — Indaguei em tom provocante.

— Sou dono de tantas, nada mais justo do que eu te mostrar como é uma das minhas por dentro. — Respondeu em um tom divertido. — Além do mais, quero que você veja como os do meu clã se divertem por aqui...

Caminhamos até a porta de acesso enquanto murmurinhos dos que nos viam de mãos dadas nos cercavam. Nada sairia de dentro do clã, foi o que Ian me garantiu enquanto passeávamos antes de chegar na boate, mas eu sabia que estranhariam caso vissem tanta proximidade e intimidade entre nós. Eu não deveria me importar, mas isso me incomodava.

Esse foi o pensamento que me fez travar em meu lugar bem perto da porta, que praticamente estava escancarada para que passássemos. Os subordinados de Ian fizeram questão de abrir para ele.

— Apenas se solte, meu bem. — Sussurrou em meu ouvido ao apoiar as duas mãos em meus ombros.

Assim que afastou seu rosto, ele me guiou para o interior da boate. A música invadiu meus ouvidos e envolveu meu interior assim que atravessamos a porta. O som era tão envolvente que parecia soar em mim. Eu me sentia vibrar com a música, porém não a reconhecia. Era como algo criado e feito apenas para tocar nos estabelecimentos de Ian, mas eu sabia a verdade. Ela fazia parte do acervo de músicas do mundo antigo.

Um tanto maravilhada com a melodia, virei minha cabeça de um lado para o outro a fim de observar cada canto da boate. O lugar era um espaço amplo, repleto de luzes coloridas. Sua pista de dança era enorme, de formato circular, e inúmeras pessoas dançavam sobre ela com bebidas na mão. No seu centro se encontrava um grande palco redondo, repleto de equipamentos e mesas de som, onde um DJ comandava as músicas. Perto dele também havia alguns palcos com barras de pole dance, onde dançarinos faziam movimentos sensuais e exibiam seus corpos com extravagância. Além desse palco central, alguns outros se espalhavam pelos cantos da boate.

Diversos sofás, alguns acoplados à mesas, se dispersavam pelo local. Quase todos estavam ocupados, mas não por pessoas que comiam ou bebiam, muito menos descansavam. A maioria dos que estavam sobre ele se agarravam se pudor algum, duplas, trios, quartetos, não importava a quantidade, trocavam carícias como se ninguém estivesse à sua volta.

Em um dos cantos da boate, debaixo de uma parte coberta por conta de um segundo andar aberto, com balaustradas como guarda-corpo, um bar enorme, repleto de banquetas em frente a extensa bancada de atendimento, estava à disposição de todos que se aproximavam. Os atendentes tratavam de ser rápidos em cumprir os pedidos, ninguém saía dali sem uma garrafa ou copo na mão. No segundo andar conseguia ver diversas mesas e cadeiras onde as pessoas se acomodavam para beber, comer e conversar. Ninguém parecia entediado no local, que, não por acaso, estava bem cheio.

Caminhamos até o bar e me sentei em uma das banquetas, porém Ian não fez o mesmo.

— Volto em instantes. — Falou próximo a mim. — Tenho a impressão de que vi três imbecis por perto.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora