LX - Um Exército Contra Nove

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"Para quem não é
Ela vai intoxicar
A doce magia
É capaz de levar
A uma grande loucura
É só esperar
O homem louco ficou
Por poder te levou
Tomou toda a magia
Mas meu poder o derrotou
— As Cinzas".

CAPÍTULO 60

As gotas geladas da chuva incessante se tornavam vapor contra minha pele fervente. Uma tempestade impetuosa encharcava o solo há um dia e meio. O céu não se abriria enquanto a derrota dos Bloodusks não fosse declarada, a linda natureza estava ao meu favor.

Eu a usaria contra esses monstros que não foram criados por ela.

Nove contra cem mil, cada um em sua posição. Enquanto Ian estava ao meu lado tomando frente da repartição, os demais ocupavam posições vantajosas atrás de nós, Katherine, Raphael e Joshua à minha direita, Austin, Stella e Sierg à esquerda de Ian. Zac se encontrava em um ponto mais afastado no centro.

Seria injusto pouco mais que meia dúzia contra esse exército gigantesco, mas nessa batalha o poder era a maior vantagem que tínhamos em mãos. Nem que esgotasse todas as minhas forças, veria todas essas cabeças caídas no chão.

Um assobio alto ecoou, o chamado de Ian para que as criaturas horrendas admirassem a bela obra-prima que fizemos com o seu Rei. Aqueles demônios, antes sedentos, se surpreenderiam, pois a maior força deles acabara de morrer. Satech, o Rei do Quarto Inferno, jamais retornaria a assombrar a terra.

Estávamos a um quilômetro de distância deles, bem longe do prédio principal da OMH, quase colados com a prisão de segurança máxima, mesmo assim pude ver o desespero no olhar de cada um deles quando Ian ergueu a cabeça de Satech.

— Vejam só! — Gritou em tom provocante, de uma forma que todos pudessem ouvir. — O Rei está morto, contemplem a derrota do Rei!

O caos se instaurou entre as criaturas com o anúncio. Os Bloodusks indignados, que se achavam invencíveis, protestaram com suas vozes ensurdecedoras pela derrota de seu Rei.

— Lutem pela honra dele! — Ian os desafiou.

Pelo menos metade daquela multidão começou a correr até nós como se fossem soldados insanos, prontos para defender o nome de um morto. Firmei minha mão no punhal de minha espada e me preparei para o ataque.

— Está na hora de lutar. — Anunciei aos meus aliados, que avançaram contra eles, porém eu e Ian permanecemos no lugar.

Direcionei meu olhar a ele vendo-o me encarar com um ar apaixonado. Não consegui evitar de lançá-lo um sorriso tímido. No mesmo instante, sem desviarmos o olhar, fizemos apenas um movimento com o braço para matar os Bloodusks que correram até nós. Se eu ficasse perdida naquele brilho intenso durante muito tempo, acabaria me esquecendo de que lutar não era uma opção. Estávamos em guerra contra essas criaturas. Por termos matado o seu Rei, elas queriam ver sangue.

— Lute ao meu lado. — Ian pediu com um sorriso travesso nos lábios. — Vai ser divertido, eu prometo.

Assenti e, assim como ele, observei a batalha diante de mim. Os Bloodusks avançavam contra os guerreiros de uma forma tão desesperada que acabavam pisoteando uns aos outros ao se amontanharem para atacar. Nenhum deles conseguia chegar perto o suficiente dos anciões, que se moviam como vultos em meio a grama e terra molhada, todos perdiam suas cabeças antes que pudessem efetivar qualquer ataque. Ainda assim eram muitos, chegavam a vir da mesma forma que ondas violentas se quebrando sobre a costeira de um penhasco.

Vendo que eu e Ian estávamos parados, as criaturas começaram a correr em nossa direção. Não permaneci na mesma posição. Saltei na direção das criaturas e pousei no centro da aglomeração fervorosa, usando minha telecinese para empurrar todos contra o chão. Eles nem mesmo tiveram a chance de se reerguer quando Ian cortou suas cabeças em um piscar de olhos.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora