XXXVI - Tenebris

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"O sol já viu
O nosso amor
E as estrelas
Nosso calor
E a lua canta
Com seu valor
Pois todos sabem
Sobre o nosso amor
Que ainda vive
Mesmo com a dor
Que a sua falta
Me causou
— As Cinzas".

CAPÍTULO 36

Um passeio no meio do mato era a última coisa que eu esperava fazer após sair do memorial da OMH, mas qualquer coisa era melhor do que estar lá, definitivamente. Se eu permanecesse naquele local por mais alguns segundos desabaria de vez, mas meus sentimentos se amenizaram um pouco após o que Ian fizera por mim.

Eu apenas não conseguia entender o motivo de ele me levar para uma floresta logo em seguida.

— O que estamos fazendo aqui? — Perguntei.

— Quero te levar a um lugar. — Respondeu animado e pegou em minha mão. — Mas a partir deste ponto teremos que ir a pé, nossos poderes não funcionam neste local.

Quase paralisei, assustada com a informação que ele me dera.

— Que tipo de força é poderosa a ponto de fazer com que nossos poderes deixem de funcionar? — Questionei com o coração palpitando de medo.

— Magia. — Respondeu me levando entre as árvores. — Precisaremos ir até a travessia a pé.

Apenas o acompanhei, sem entender muita coisa. Caminhamos por aproximadamente dez minutos antes de chegarmos em um penhasco à beira-mar. O barulho forte das ondas se quebrando entre as rochas chegava a ser amedrontador, mas por outro lado, sendo esse o som da natureza, também era reconfortante.

Uma grande construção de pedra, completamente destruída, se erguia na beira do penhasco. Não possuía teto, quase todas as paredes se transformaram em muros e o pequeno altar que havia nela se encontrava em ruínas, apesar de que a estátua de um guerreiro em seu centro, ajoelhado perante a sua espada e com as mãos apoiadas sobre o pomo, estava intacta.

Quando nos aproximamos mais um pouco percebi que a estátua era feita de areia, o que me era um tanto estranho, pois os ventos uivantes que sopravam entre os cascalhos não se cessavam. Nada era capaz de derrubar aquela areia.

— É aqui que queria me trazer? — Perguntei enxergando certa beleza no local, a paisagem rústica, o musgo esverdeado cobrindo as pedras, as vinhas e as flores que cresciam entres as fissuras das rochas deixavam tudo com um ar antigo e exuberante.

Eu não sabia se era exatamente essa aparência que emanava uma energia envolvente, mas permanecer nesse ambiente fazia com que eu quisesse me conectar à natureza existente nele.

Apesar de Ian ter dito que meus poderes não funcionariam nesse lugar, eu não sentia qualquer falha, mas sim que meu acesso a eles estava bloqueado, por conta disso a mente Ian foi completamente barrada a mim, assim como o contrário.

— Venha. — Falou ao me puxar na direção da estátua.

Me assustei quando ela se mexeu no instante em que ficamos a menos de um metro de distância dela. A estátua começou a caminhar em nossa direção e parei de andar no mesmo instante, não conseguindo imaginar exatamente o que era aquilo.

Conforme ela se aproximava, a areia de seu corpo caía revelando a face límpida de um guerreiro com cabelos e olhos de uma escuridão tão infinita que acreditei ser a própria se manifestando. Ele possuía a pele pálida e trajava uma armadura tão dourada que chegava a reluzir o sol. Seus passos eram poderosos, assim como a aura que exalava, coisa que me fez se esconder atrás de Ian, com medo de que pudesse me machucar, mas isso pelo visto não aconteceria dada sua tranquilidade.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora