LXXIV - Minha Terra Natal

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"Alma fincada
Na existência vazia
Vidas foram roubadas
Na pior manhã fria
Uma luta de espadas
Foi como o dia
Em que você se foi
Nenhuma alma surgia
Não havia amor
Tudo se tornou dor
— As Cinzas".

CAPÍTULO 74

— Sinceramente, não esperava que minha tia conseguisse se lembrar do que aconteceu quando a mente dela foi dominada, assim como ocorreu com Kat, mas quando perguntei ela praticamente me contou absolutamente tudo o que ocorreu. — Cruzei meus braços e encarei o teto ao falar sobre o assunto. — Não sou estúpida o suficiente para descartar a hipótese de que tem algo de errado em relação a uma das duas.

Apoiei a minha mão no queixo e encarei Stella, que me ouvia falar sem parar sobre o que aconteceu. Ela ergueu as sobrancelhas, mas não como se estivesse impressionada, parecia mais que estava com o saco cheio de me ouvir.

Abafei uma risada ao notar que ela não queria que eu percebesse. Reconhecia que estava rodeando o mesmo assunto há um bom tempo enquanto expunha meus questionamentos.

— Falei demais né? — Perguntei ao me jogar no sofá espaçoso, onde ela descansava.

No momento nos encontrávamos em uma das principais salas de estar da Pedra dos Condenados, pelo menos para os mais íntimos. Eu não me esqueceria desse lugar tão cedo, sempre admiraria suas paredes com atenção, por mais que não tivesse tempo para isso, afinal eram nelas que estavam gravados os poemas que Ian escrevera para a sua falecida esposa.

Um gesto tão lindo e amável que me pesava no peito, ainda mais por conta das conclusões que tive sobre nós durante a viagem que fizemos.

— O suficiente. — Amenizou um pouco a falação cansativa. — Sabe, eu concordo com você, mas acho difícil que o problema seja Kat, já que me certifiquei de que não se restou magia mental em seu ser. Ian vasculhou a mente dela e você a deixou limpa dos rastros da magia que ela usou. Imagino que o perigo seja outro, visto que uma criatura foi feita para ficar de olho em sua tia.

— Acredito que isso se deu pelo fato de que a pessoa por trás disso não conseguiu mais mexer na mente dela por conta dos meus poderes e os de Ian. — Supus. Era o que fazia mais sentido. — Mas, sinceramente também não consigo duvidar de Kat. Vocês perceberiam se algo estivesse de errado com ela, não?

— Imagino que Bolton seria o primeiro, mas, desde que ele recuperou suas memórias, não está em condições de fazer qualquer coisa. — Notei certa preocupação no seu tom de voz ao expor o fato.

— A situação com ele é muito ruim?

— Péssima, mas ele vai superar. — Garantiu. A falta de certeza me causou dúvidas. — Se algo estiver errado com Kat, vamos descobrir, não se preocupe. — Continuou o assunto. Eu apenas esperava que isso não acontecesse tarde demais. — E também vou ir atrás dessa nova criatura. Acho que, dentre tudo, a coisa mais surpreendente foi ver que a pessoa da qual procuramos conseguiu criar uma dessas.

— Imagino que esse dito cujo seja ainda mais forte do que imaginamos. — Reforcei um pouco mais minha fala. Eu repetira essas palavras tantas vezes que em breve o poder desse tal se equiparia ao meu e o de Ian somados.

— Sim... — O fato de Stella concordar foi um pouco assustador. — Eu não sei ao certo como os Reis do Inferno foram criados, mas me lembro de Astroth dizer que seu pai viu esse acontecimento de perto. Ele contou que foram necessários inúmeros sacrifícios para que o poder desses demônios fosse estabelecido e suas palavras foram o máximo de informações que pude obter. Nem você e nem Ian sabiam muito sobre elas, mas depois do que você me contou sobre o Dusken, só consigo imaginar que um dia elas foram humanos como nós...

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora