LXXXV (Sierg) - Não Somos Tolos

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"Um dia meu amado, nossas almas se acharão novamente.
— Além da Morte."

CAPÍTULO 85

SIERG

Era muito fácil pensar em mil e uma formas de se matar alguém quando o ódio por tal pessoa era grande a ponto de corroer o peito. Joshua merecia morrer pelo que fez com minha irmã, com Ian, com todos nós. Ninguém merecia sofrer por causa da raiva dele, algo que eu pensava ter sido superada no passado, porém com suas atuais atitudes estava muito claro que não.

Eu queria fazê-lo pagar pelo que ele estava tramando, mas sabia que o meu querer não me dava poder. Não podíamos fazer nada contra a magia de Joshua, ainda mais por ele estar com os poderes de Lyanna. Não parava de remoer o fato de que minha irmã ter dado poderes ao seu amiguinho foi uma péssima ideia, mal sabia ela que, além de isso lhe arranjar problemas futuros, vulgo o que estávamos vivendo, afetava todos os seus semelhantes, principalmente Ian, pois ela também deu o poder dele para Peter.

Não era à toa que Joshua estava tão poderoso.

Qualquer tentativa nossa de impedir o que estava por vir era inútil. Eu, Bolton e Ian não podíamos usar magia há mais de mil anos. Por mais que tivesse conhecimento e apesar de ter conseguido arranjar um jeito de impedir que seus poderes fossem contaminados, a magia de Stella se tornaria pó perante o poder que Joshua adquirira, pior... por mais que os planos de Lyanna fossem condizentes, ele estava muito mais à frente de nós.

Nesse exato instante, sentia como se esse fosse o nosso fim.

Era triste pensar em como a guerra e a maldição que sofremos nos roubara uma das maiores forças que tínhamos, algo que seria crucial nesse momento tão tenso. Na realidade, esses trágicos acontecimentos nos levaram quase tudo. Ligharkell, nosso povo e poder, lembranças que não podiam mais ser compartilhadas, e, para mim, o pior. Minha amada Elisa, o fogo da minha alma e amor da minha vida, e a própria dona da Luz e Escuridão, minha irmã, que também foi arrancada de nós no final de uma batalha que não pudemos vencer.

Meu único consolo, em meio a esse desastre que estava por vir, era que Lyanna estava viva e, melhor, ao lado de quem nunca deveria ter saído desde o primeiro dia de suas vidas, Ian.

Ver que o amor deles permanecia vivo, por mais que ela não tivesse suas lembranças, era tremendamente reconfortante, pois o que ambos tinham era a coisa mais linda, bela e forte do que qualquer outra. Chegava a ser invejável, pois minha alma ainda chorava todos os dias por não ter a sua outra metade.

O buraco em meu peito apenas crescia, todos os dias, incessantemente.

Eu queria ter Elisa em meus braços...

— Pensando nela de novo? — Stella chamou minha atenção ao apoiar a mão em meu ombro. — Esse olhar vazio diz tudo.

A lancei um meio sorriso, quase inexpressivo, como se dissesse que ela havia acertado em cheio.

— Eu penso nela todos os dias da minha vida. — Suspirei com grande pesar, relembrando de todos os dias em que vivemos juntos. Era sufocante o fato de que eu nem mesmo podia me expressar graças ao inferno da maldição.

Me recostei no assento e coloquei as mãos atrás da cabeça ao apoiar os pés na mesa, buscando a posição mais confortável. Precisava aliviar o peso contido em mim após receber tantas notícias desastrosas e ter um dia cansativo.

— Eu também não consigo parar de pensar em Astroth... — Comentou ao abraçar os joelhos e encarar a superfície da mesa.

Sabia exatamente como era a sua dor, mais do que ninguém, pois, apesar de Ian também ter sofrido sua perda, minha igual continuava morta, assim como o de Stella.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora