II - Com Prazer

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"Meu coração pediu por mais da sua companhia, mas tudo me foi tirado em seu último suspiro de vida.
— As Cinzas".

CAPÍTULO 2

Meu corpo ficou estagnado e não soube como reagir. Minha garganta secou e os segundos se alongaram enquanto os olhos de Ian repousavam sobre os meus, como se estivessem me analisando há horas, lendo a minha alma de uma forma que dava a impressão de que ele estava a marcando para que pudesse me caçar futuramente.

Eu não conseguia evitar o seu olhar e ele parecia não querer desviar o seu, ao mesmo tempo em que um brilho chamativo despontava de suas íris cor de ônix.

Foi difícil adivinhar se meu coração congelara devido a surpresa por ele ter me descoberto ou por medo pelo mesmo motivo, mas, ao ter um choque de realidade, meu peito pulsou de uma forma que me senti tonta.

Tentando me afastar o mais rápido que pude de sua mira, me agarrei a superfície da cobertura e saí da sua visão.

Fechei os olhos e respirei fundo tentando me aliviar da situação. A pulsação de meu corpo chegava a ecoar em meus ouvidos enquanto eu me obrigava a ficar calma, por sorte, mas isso não durou muito.

Arregalei os olhos quando uma presença pairou bem na minha frente. Minha alma apenas não fugiu do corpo pelo fato de não ser Ian ali, mas a mulher de cabelos lisos e curtos e estreitos olhos castanhos era uma de suas vilãs. A reconheci no mesmo instante graças ao fato de que sua face cruel estivera muitas vezes estampada nos jornais ao lado de seus dois irmãos, Toron e Sabbin. Melissa era uma anciã, assim como eles, e, pelo que conhecia de suas ações, ela não tinha nenhuma piedade com quem considerava inimigo.

Seu ódio direcionado a mim, apenas com o olhar, demonstrava que ela viu minha tentativa de salvar a pele de Joshua. Me levantei para escapar dela, vendo que, com toda certeza, receberia sua mais alta fúria em forma de ataque, mas em um piscar de olhos ela estava praticamente me encarando a um centímetro do meu rosto, agindo mais rápido do que eu imaginei, porém não o suficiente para eu deixasse de captar seus movimentos.

— Mocinha intrometida... — Sibilou como uma víbora ao agarrar meu pescoço para que eu não fugisse. — Acha mesmo que pode interromper os planos do chefe e sair impune?

Antes que eu abrisse a boca para respondê-la, a odiosa anciã me lançou de cima da cobertura, jogando-me de uma altura que ultrapassava os cinquenta metros com muita facilidade. Era pouco para alguém que tinha poder o suficiente para lidar com a queda, mas pensar na dor de ter o rosto batendo contra o chão me deu um certo frio na barriga.

Antes que meu corpo se chocasse, o endireitei para realizar um pouso perfeito, vendo, no caminho, que Melissa foi até a ponta da cobertura para me observar cair. Seu olhar sádico me encarando demonstrou muito bem que ela queria me ver espatifar no chão, não soube exatamente se seu ato foi pouco inteligente. Se eu consegui subir significava que possuía habilidades para me ajudar a descer. Minhas próprias pernas trataram de amortecer a queda, fazendo com que eu realizasse um pouso perfeito entre as fileiras de bancos.

Soube que Melissa pulou logo atrás de mim ao sentir sua aproximação, mas não me importei com sua presença ao ver que, do outro lado do ponto em que eu me encontrava, minha irmã, assim como um grupo de civis, estava sendo encurralada por dois homens enormes, de peitoral largo e músculos monstruosos. Não precisei me esforçar para identificá-los. Com Melissa estando em minha cola, dois neurônios bastavam para eu perceber que esses eram seus irmãos, os capachos que sempre a acompanhavam onde quer que ela fosse.

Alcancei-os em um ataque surpresa ao pular diretamente no local. Invoquei uma rajada de vento e movi os braços para que eles fossem lançados em direções distintas.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora