XLVIII - Âncoras

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"Você é a única droga da qual eu quero me viciar.
— As Cinzas".

CAPÍTULO 48

A fome logo se foi e meu lanche deixou de parecer tão saboroso. Não podia afirmar ao certo se tinha comido demais ou se a situação se tornara muito desagradável, mas até mesmo Joshua largara sua refeição na metade há um bom tempo. No momento ele se ocupava em encarar Ian com tanta frieza que seria capaz de congelá-lo, já o imbecil, bem... um sorriso presunçoso estampava seus lábios enquanto seus olhos se fixavam em mim.

A cada segundo em que erguia meu olhar a ele tinha vontade de esganá-lo. A diversão era clara em seu rosto, ele estava amando fazer isso, ainda mais com a imprensa e praticamente toda OMH surtando com esse acontecimento. Zac iria nos matar quando Joshua e eu voltássemos. Enquanto não desligamos nossos aparelhos celulares, o Presidente da organização ligou incessantemente para nós dois. Tivemos que ignorá-lo todas as vezes.

Era muito provável que as imagens do trio estivessem circulando pelo mundo todo, com inúmeras suposições, teorias e indignações acompanhados nas legendas. Provavelmente esperavam por uma pancadaria, algo que não aconteceria. Não sabia como reagiriam caso soubessem que era uma trégua, mas logo teríamos que partir para a Pedra dos Condenados e faríamos isso juntos, o que causaria um verdadeiro rebuliço.

— Não estou mais a fim de comer. — Anunciei ao colocar o lanche pela metade sobre a bandeja. Pelo menos eu consegui comer seis antes de perder a fome.

— Perfeito! — Ian exclamou, demonstrando estar animado demais.

Ele se levantou e me puxou pelo braço. Fui obrigada a acompanhá-lo, quase tropecei em meus pés ao caminhar, mas me recompus e lhe lancei um olhar cruel, demonstrando completa insatisfação com a situação.

— Não vai nos acompanhar, Joshynho? — Perguntou provocativo ao se virar para ele.

— Claro que vou, meu amor... — Respondeu com ironia ao lançá-lo um olhar frio.

Revirei os olhos com a troca de farpas. Isso estava enchendo o saco.

— Então me acompanhe, vadia. — O tom que Ian direcionou a Joshua foi completamente arrogante, mas seu semblante mudou quando ele se direcionou a mim e segurou em minha cintura, me puxando para perto de si. — Terei o prazer em te levar, querida.

Desgraçado arrogante...

Me desvencilhei de seu toque e o empurrei no mesmo instante. Tanta proximidade era algo bem proposital da sua parte. Ele estava querendo levar Joshua até o limite.

— Eu me levo. — Um sorriso insatisfeito, com pinceladas de deboche, estampou meus lábios. — Vocês dois são insuportáveis juntos.

— É por esse motivo que não ficamos no mesmo espaço por muito tempo. — Ian lançou a mim antes que eu me afastasse o suficiente.

— Ridículo. — Falei ao começar a caminhar na direção da saída, deixando os dois para trás.

A quantidade de flashes que atingiram meu rosto no segundo em que meus pés tocaram a calçada do estabelecimento quase me cegaram, mas eles se cessaram de um segundo para o outro no instante em que Ian apareceu logo atrás de mim. Metade dos que estavam ali fugiram e a outra se escondeu ao permanecer nas proximidades. Apenas alguns, menos covardes, permaneceram de pé diante de nós.

— Não se esqueça, meu bem. — Ian disse a mim no segundo em que Joshua se colocou ao meu lado. — Isso não tem nada a ver com você, apenas estou cumprindo as regras do meu clã. — Eu não precisava usar meu poder para saber que ele não estava sendo completamente sincero. — Afinal, Melissa tem o direito de terminar o serviço que começou. — Ele me olhou de cima abaixo. — Ou ao menos tentar, afinal, você tem o direito de se vingar.

A Rainha das Chamas IOnde histórias criam vida. Descubra agora