Kauã Almeida, 28 anos (vulgo Grego)
Thayná Fernandes, 17 anos
Manuella Dias, 18 anos
Felipe Moraes, 24 anos (vulgo Fp)
Thayná👅
Entrei em casa sentindo as lágrimas escorrerem e sentei no sofá abaixando a cabeça
Fábio: Conseguiu alguma coisa Thayná? Eu preciso pagar pô.
Thay: Eu não tenho culpa! Eu subi e desci esse morro inteiro, eu sai pro asfalto andei durantes horas, peguei e desci de ônibus várias vezes! Mas eu não achei nada pra poder sustentar o seu vício.
Fábio: Eles vão me matar Thayná.- tocou no meu braço e eu me afastei.- eles já mandaram o papo, tu não tem medo de me perder?
Thay: Eu tenho medo de você perto de mim, é disso que eu tenho medo.
Fábio: Me desculpa pelas vezes que eu te machuquei Thay.
Thay: Pra que pedir desculpas se depois que você beber, se drogar tudo vai se repitir, você vai me bater e vai abusar de mim como sempre!
Fábio: Eu vou fugir Thayná, e eu não vou poder te levar comigo.
Thay: Pai, não faz isso. Eles vão te achar, eu vou dar um jeito! Eu vou conseguir o dinheiro pra pagar sua dívida.
Fábio: Não é coisa pouca Thayná, é muita grana porra, é melhor eu tentar fugir.
Thay: Com que dinheiro? A gente não tem nada, absolutamente nada! - abaixei a cabeça e ele saiu batendo a porta.
Semana passada o dono do morro veio aqui e ameaçou o meu pai, eles disseram que se até sexta feira o dinheiro não estiver na mão dele acabou!
E eu não tenho dúvidas de que ele é capaz de fazer isso.
Eu tentei conversar tentei de tudo, mas já chegou ao limite.
E mesmo meu pai não sendo o melhor, mesmo ele abusando de mim todas as noites é o meu pai cara.
Única família, minha mãe morreu de câncer a dois anos.
Minha rotina todos os dias é de casa pra escola, e da escola pra casa!
Ultimamente que eu estou tendo que sair muitas vezes, a procura de emprego pra pagar a dívida do meu pai.
Eu sei que não é a minha obrigação, mas é o mesmo sangue, querendo ou não é um laço.
Ele não consegue ficar apenas um dia sem beber e sem se drogar, se isso acontece ele começa a quebrar tudo dentro de casa e chega até a me bater.
Tudo isso ao efeito das drogas, sem isso ele muda, é uma pessoa diferente.
Eu realmente não tenho mais forças, e o pior, não tenho ninguém em quem me apoiar.
Na escola sou a excluída, faço tudo sozinha e no intervalo também fico sozinha.
Desde a morte da minha mãe que eu fiquei assim, sem ninguém além do meu pai.
Eu até tinha uma amiga, mas logo depois ela foi embora pra São Paulo.
E como eu não saio pra lugar nenhum, pq o meu pai me tranca dentro de casa eu não tenho amigas.
Nem virtuais, pq eu nem tenho celular.
Que adolescente em pleno século vinte um, não tem celular?
O pouco de dinheiro que entra aqui em casa é a pensão que eu recebo depois da morte da minha mãe, é coisa pouca.
Eu tento esconder mas não tem jeito, meu pai sempre acha e gasta com bebida.
Eu nunca consigo juntar essa grana pra poder pagar a dívida dele, pq ele sempre acha e gasta todo o dinheiro.
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Abri o armário vendo que só tinha um pacote de miojo, peguei ele abrindo o pacote e coloquei a água pra esquentar.
Depois de pronto sentei no sofá e comecei a comer.
Alguns minutos depois meu pai chegou totalmente louco, e já veio pra cima de mim começando mais uma sessão de tortura.