Grego☠
Grego: Posso falar contigo?
Thay: Pode.- falou de cabeça baixa.
Grego: Eu.- olhei pro lado.- quero te pedir desculpas por tudo, namoral! Desculpa por não ter ficado do teu lado quando tu mais precisou, desculpa por não ter apoiado a gravidez.
Thay: Será mesmo que as pessoas tem que perder pra dar valor? - me olhou.
Grego: O que interessa é que tu não perdeu. Nosso filho tá bem, você tá bem.
Thay: Agora é filho né? - olhei as lágrimas descerem pelo rosto dela.
Grego: Nunca deixou de ser, eu só não tava aceitando isso.
Thay: As vezes eu sinto que a culpa é minha, Kauã você se sente preso a mim? Por causa dessa criança? Porque se for isso, não precisa fingir que se importa.
Grego: Eu me sinto preso a tu porque eu te amo.
Thay: Ama? - sorriu debochada.- eu tive que quase perder o meu filho pra você aceitar essa criança.
Grego: Eu tô arrependido!
Thay: É muito fácil fazer e dizer as coisas, pra depois falar que tá arrependido! Não é tudo na sua hora Grego, você tem que saber respeitar as pessoas.
Grego: Eu te respeito pra caralho Thayná.- passei a mão no rosto dela.- eu te trato como eu nunca tratei qualquer outra, você é diferente.
Thay: As vezes eu sinto medo de você.- sussurrou.
Grevo: Porra Thayná.
Thay: Eu nunca achei que você fosse conseguir rejeitar uma criança inocente, que não pediu pra vim ao mundo, que não pediu nada!
Grego: Sabe aquele medo que tu tinha de qualquer cara, por tudo que teu pai fez? - ela assentiu.- então, é quase a mesma coisa! Eu tinha medo de fazer as coisas que meu pai fez, ou até pior.
Thay: Grego você sabe de tudo da minha vida, você sabe das minhas fraquezas, você sabe o que me incomoda, você sabe de tudo, porque eu sinto que eu não sei nada de você?
Grego: Do mermo jeito que tu tinha medo, vergonha de dizer as coisas que teu pai fez. Eu também tenho.
Thay: Eu só queria que você confiasse em mim. Do mesmo jeito que eu confio em você.
Grego: Eu tenho vergonha de falar sobre esses bagulho Tatá.
Thay: Por favor, confia em mim.- pegou na minha mão.
Grego: Quando eu não fazia o que ele pedia, ele cortava várias partes do meu corpo, ele me amarrava e me batia. Me deixava sem comer, e muitas vezes eu dormia na rua. Ele fazia questão de dizer todos os dias que me odiava, tá vendo essa marca aqui? - mostrei meu braço e ela assentiu.- ele esquentou a faca e me marcou.
Thay: Kauã! - falou com a voz falha.
Grego: Tudo tem seu motivo Thayná, meu pai era assim e eu nem entendia o porque, mas com o tempo eu fui perceber que o tráfico consome as pessoas.
Thay: Promete pra mim que não vai mais esconder nada? Mesmo que a gente não volte mais.
Grego: Eu quero você Thayná, eu quero você na minha vida! Tu é a minha droga, me vicia. Eu não sei, eu não consigo viver sem tu porra.
Thay: Eu não quero te cobrar nada Kauã.
Grego: Eu que cai na porra da realidade, tive que quase perder vocês dois pra aceitar! Agora eu não quero sair mais do teu lado.
Thay: A gente não dá certo.
Grego: Vamo dá errado junto então pô.
Thay: Eu te amo..- sorriu de lado.
Grego: Eu também te amo, amo vocês dois.- beijei a mão dela.- é por isso que eu não quero te deixar, nunca mais.
Thay: Tava na hora do corno cair na real né?
Grego: Tu não perde a pose ne mocreia? - beijei ela e deitei a cabeça na barriga dela.
O tempo passava e eu só continuava ali, bem perto da minha base, minha mulher e o meu filho.