Capítulo Dez

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Alemanha

— 25 de Setembro de 2019


Sakura nunca esteve onde estava naquele momento, e era por isso que se encontrava tão tensa, ainda que ela não fosse o problema ali, e sim seu ex maldito noivo, que volta e meia a encarava de forma provocante. Gostaria de poder se levantar e dar-lhe um soco no meio da cara, ainda que soubesse que isso faria ele lhe ter ainda mais raiva, mas não o fez por dois motivos: primeiro porque ela não era dessas pessoas que se descontrolavam e segundo, ela estava diante do Juiz naquele momento, e ele merecia respeito. E Sasuke também, claro; ele era seu advogado e estava ali salvando sua pele, e sem cobrar nada, ainda que ela tivesse insistido do contrário.

Tamborilou — baixinho — a mesa clara com suas unhas da mão direita, tentando não olhar para o ruivo a poucos passos de si, do outro lado da sala, que estava ao lado de seu próprio advogado, assim como ela. E por isso pode observar o momento em que o Juiz pegou alguns papeis que lhe foram entregues. Sabia que não teria decisão alguma, sabia que não precisava temer qualquer coisa, e ainda assim, não conseguia deixar de pedir a Deus que ELE não deixasse que Sasori conseguisse a guarda de sua filha.

Sua pequenininha. Pensar nela a faz voltar para os últimos dez dias que se passaram. No dia anterior ela havia sido liberada do hospital. Foram oito dias de quimio, e dois para esperar o resultado e então, de acordo com ele, finalmente ser liberada. E graças a Deus Mayu havia sido liberada — ainda que várias recomendações, principalmente após tudo que ela havia passado naqueles dias no hospital. Se lembrou dos olhos entristecidos e chorosos de sua pequena, se lembrou de como Daisuke havia ficado assustado, mas que se negou em ficar longe dela e de sua melhor amiga, se lembrou do carinho de Sasuke para com sua filha, se lembrou principalmente de todo o apoio que recebeu não só dele, mas de todos os amigos e familiares, em especial dos de Sasuke.

Não havia sido fácil, ainda que por poucos dias. Mayu queria ir embora, chorava por conta da agulha, chorava por não poder brincar, chorava por se assustar com tudo a sua volta, e ela mal conseguia conter o próprio choro por ver sua garotinha passar por todo aquele inferno novamente. Mas foi forte. Seus tios — praticamente pai — lhe ajudaram por todos aqueles dias, Sasuke muito mais, principalmente quando deixava o trabalho para tentar — junto de seu filho — distrair Mayu. E ela seria eternamente grata por tudo que ele fez naqueles dias.

Ouviu o Juiz falar sobre o — maldito — exame de DNA, ouviu que ela deveria levar a criança até o laboratório de confiança dele, e que dentro de cinco dias, estariam todos ali novamente, para não só confirmar o resultado como para falar sobre a guarda. E caso não entrem em um acordo, marcarem a audiência na qual ele tomaria a decisão.

Suspirou quando o Juiz se foi, deixando-a com Sasuke, vendo em seguida o sorriso debochado de seu ex. Ele estava provocando-a, propositalmente, tentando fazê-la se descontrolar, achando que dessa forma ganharia aquela causa facilmente.

Sasuke tocou o ombro de Sakura e então ela a seguiu para longe daquele ser desprezível.

— Você sabe que de forma alguma pode deixar de levar Mayu ao laboratório amanhã, certo?

— Eu sei, eu não vou faltar. Sei que posso perder Mayu imediatamente caso não faça como o Juiz ordenou.

— É o melhor a se fazer, para seu bem e de Mayu.

Ela assentiu.

— Como ouviu, na próxima vez que viermos, eu e o advogado dele faremos acordos, mas eu não acho que você vá aceitar algum ou vice e versa.

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