Canadá, Toronto – 00h:45m AM
Os dois dançavam ao ritmo da música lenta. Os olhares se cruzando e o clima os sufocando aos poucos. Max e Dejota não se sentiam confortáveis, mas tentavam ao máximo não demonstrarem. Dejota, mais do que Max, se sentia mal. Ele não sabia ao certo o que era, mas entendia que seu psicológico não estava saudável. Tantos problemas o aflingiam... Ele sentia vontade gritar, de chorar, de contar aos quatro cantos do mundo todas as suas angústias e medos, mas não podia. E sua única opção era o silêncio. Mas seu olhar brilhoso pelas lágrimas que nunca caíam o denunciavam. Seu corpo tenso e duro gritavam pelo medo e seus olhos mostravam suas angústias. Max percebeu que algo incomodava seu noivo, só não sabia dizer o quê. Talvez o fato de que estavam anunciando publicamente que iriam se casar em poucos meses, que a amante de Max estava ali assistindo tudo, que essa amante era uma grande amiga de Dejota, que a pressão da família não o deixavam nem ao menos respirar direito, que todos caíam em cima de Dejota tentando protegê-lo quando na verdade ele queria ser solto, ser livre. Tantas coisas poderiam estar passando naquela cabeça, mas Max nunca foi bom com adivinhações. Ele trabalhava com fatos, não com suposições.
— Se sente mal? — Max ousou perguntar. Dejota estava mais pálido que o normal, seu olhar gritava socorro. O garoto parou a dança, mordendo o lábio inferior.
— Podemos ir no banheiro? — Pediu. A voz saiu arrastada, como se quisesse chorar. Max assentiu, preocupado, então ambos seguiram para o banheiro. Dejota respirou fundo, ficando feliz por não haver ninguém ali. Sentou sobre a pia e ali ficou, pensativo.
— O que você tem? — Max questionou, se aproximando do noivo. Dejota o olhou, não sabendo se falava ou apenas chorava.
— Eu... eu me sinto... um obstáculo na sua vida... — Confessou, com a respiração dificultada. Não gostava de guardar os sentimentos para si. Se algo o incomodava, ele precisava desabafar para se sentir melhor.
— Essa história de novo, Dejota? — Max o olhou, parando em sua frente. Dejota respirou fundo, assentindo.
— Eu vi, Max. Eu vi que você olhava direto para Bárbara enquanto estava comigo. Acha que eu não percebo isso?! — Max suspirou, abaixando o olhar.
— Eu sinto muito...
— Não me peça desculpas! — Dejota o interrompeu, o olhando tristemente. — Olha, não quero exigir nada de você. Será que... — Dejota parou de falar, abaixando a cabeça e desviando o olhar. Ele só queria um pouco de atenção... — Quer saber? Deixa para lá. Vamos voltar para a festa. — Ele desceu da pia, seguindo para a porta, mas foi impedido quando Max o agarrou pelo braço. Dejota parou de andar rapidamente, sentindo seu corpo gelar de susto. Não poderia tocá-lo assim!
— O que você tem, Dejota?! — Max exclamou. — Me fala! Se você se sente mal, eu quero saber! — Dejota fechou os olhos, não conseguindo impedir que uma lágrima solitária escapasse do seu olho esquerdo.
— Max, por favor, me solta... — Pediu, com a voz baixa.
— Se você quiser ficar com outro cara, eu não me importo. Sério. — Dejota respirou fundo, puxando seu braço devagar, se livrando do aperto de Max.
— Eu não posso ficar com ninguém, Max. Nem se eu quisesse... O problema não é esse. Eu... eu só queria ter alguém que eu pudesse contar. Eu sei que esse casamento não tem amor, mas eu pensei que no mínimo poderíamos sermos amigos. Mas você... você leva tudo como se fosse uma obrigação. Se pensa tanto nos outros, já pensou como eu me sinto? Tcs' Olha, vamos voltar para a festa, fazer todos acreditarem que somos o casal perfeito e depois disso, você aproveita o quanto você quiser com a Bárbara ou com qualquer outra, desde que faça essa noite acabar logo, pois eu não aguento mais falar com essa gente fingindo que estou feliz! — Desabafou, alterando a voz e se retirando do banheiro. Max não teve tempo para falar nada, então seguiu atrás de Dejota, mexido com as palavras do noivo.
— VIVA OS NOIVOS!!! — Alguém naquela multidão gritou assim que Dejota e Max retornaram ao salão. Dejota colocou seu melhor sorriso e pegou na mão de Max, o puxando para o meio daquela gente, como se nada tivesse acontecido.
Eles dançaram, conversaram com os convidados, deram entrevistas, tiraram uma sessão de fotos, participaram do jantar e no final, ainda dançaram mais uma valsa. Max foi o primeiro a chegar em seu quarto e cair na cama, exausto. Dejota não estava cansado. Sua energia era muito maior do que um ser humano normalmente pode adquirir, então estava normal. Tomou um banho longo, ao menos para tirar a tensão do corpo e secou seu corpo, caminhando pelo quarto e buscando por algo em sua parte no closet, até encontrar uma samba-canção vermelha com coraçãozinhos brancos estampados.
Dejota deitou no seu lado vago na cama, puxando o edredom para cobrir seu corpo, virando às costas para Max.
— Desculpa... — Max murmurou, baixinho, também deitado de costas para Dejota, que ouviu Max.
— Por que não foi com ela? — Dejota rebateu, com o mesmo tom.
— Estou cansado... E não queria deixar você sozinho. — Dejota suspirou, sabendo que a imagem de coitadinho indefeso continuaria para sempre na cabeça de Max. Não sabia mais o que fazer em relação à isso.
O garoto não o respondeu. Ficou calado, fechando os olhos e se forçando a dormir. Não queria que aquela noite durasse mais que o necessário.
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Capítulo pequeno, sorry ❤ Mas não podia prolongar nesse Hehe'
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MAX - O Mundo é Nosso (ROMANCE GAY)
Romance"Eu me apaixonei pelo jeito que você me tocou, sem usar as mãos". PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3