⏩ C a p í t u l o || TRINTA E OITO ⏪

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Canadá, Toronto – 15h:56m PM

Dejota suspirou, murmurando uma melodia que escutava em seus fones de ouvido enquanto caminhava com tranquilidade pelas ruas, as mãos escondidas nos bolsos da bermuda, indo na direção de sua casa, já que havia passado horas na companhia de seus dois e únicos amigos.

Dejota foi diminuindo seus passos, até parar completamente, sentindo a presença de alguém atrás de si, como se o seguisse.

— Eu sei que é você. — Dejota falou, sem precisar olhar para trás. O garoto ouviu uma risada debochada, retirando os fones de ouvido e logo ele avistou aquele mesmo homem de capuz caminhar em sua volta, até parar de frente para Dejota. O garoto já não era tão leigo com suas habilidades. Todos os dias ele treinava, e por mais que faltasse muito para dominar completamente o seu dom, ele poderia derrubar qualquer um facilmente.

— Andar sozinho por aí pode ser bem perigoso... — O rapaz comentou, sarcástico. Dejota sorriu de canto, assentindo.

— Especialmente para quem tem... limites de autodefesa, não é mesmo? — Dejota provocou, com um tom sereno. Ele estava estranhamente calmo, uma tranquilidade inabalável, porém, perigosa para quem o testasse.

O sorriso do homem de capuz morreu, e ele ergueu o rosto, revelando uma expressão jovem, mostrando um pouco dos seus cabelos negros. Não tinha barba, e seus olhos eram escuros. Muito bonito.

— Você até que é rápido em descobrir as coisas. Sei que sua intimidade com aquele cientista é indiscutível com qualquer um. Mas meu pai vai dominá-lo e me deixar muito mais forte do que você. — Dejota riu, espontaneamente, ao escutá-lo.

— Desculpa, é que foi engraçado. — Se explicou, tentando prender o riso. Soltou um baixo suspiro, ainda mantendo sua serenidade e despreocupação. Ele não estava com medo. — Sabe... antes eu odiava Friederich, mas ele se mostrou ultimamente como um... segundo pai para mim. Então eu posso dizer que ele pode contar comigo para o que for... — Dejota avançou um passo, ficando a um palmo de distância do português. — e se tem alguém o ameaçando, eu vou fazer qualquer coisa para ver essa pessoa em pedacinhos. E eu não vou ter pena. Eu vou ri, eu vou apreciar, eu vou me deliciar com o sangue dos meus inimigos sendo derramado... E ninguém, nin-guém, vai ser capaz de me parar. — ele falava baixo, devagar, sem pressa. E aquilo soou de uma forma aterrorizante, porque Dejota realmente cumpria com suas palavras. O Português abriu a mão, formando uma bola de fogo, irritado com o aviso de Dejota. Não era uma ameaça, era uma afirmação. Mas Dejota o agarrou pelo pulso, olhando no fundo dos olhos do português, enquanto via sua expressão se contorcer em dor. Dejota usava uma força incomum, que impedia do português sequer mover o braço, e ele gemia de dor, sentindo seu pulso queimar, como se jogassem ácido em seus ossos. — Não tenho medo de uma pau-mandado como você. Se tentar encostar um dedo sequer em Friederich ou em meu marido, eu vou caçar você, e não importa onde quer que você se esconda, eu vou te achar e você sabe muito bem o que eu vou fazer. Você sabe o que vai sentir. Então, pense bem em cada passo que der. Porque se encostar na minha família, eu vou destruir tudo que você tem, tudo que você ama, e você será o último, pois irá ver cada um caindo, um por um. Espero que tenha entendido o recado. Tenha uma boa tarde. — Dejota o empurrou, o fazendo cair, gemendo de dor, com seu pulso queimado. Dejota apenas passou por ele, voltando a pôr seus fones de ouvido, seguindo seu caminho como se nada tivesse acontecido.

— Onde está Max? — Dejota ouviu uma voz familiar, porém, nada agradável. Entrou na sala principal, vendo Bento falando com Sarahy, que parecia totalmente assustada com a presença daquele homem, que certamente a tratava como um lixo, já que era um completo machista.

— Ele está na empresa. — Dejota respondeu, chamando a atenção de Bento, que o olhou de cima abaixo, adquirindo pensamentos nada puros.

— Então está sozinho? — Questionou, se aproximando. Dejota desviou de sua aproximação, ficando ao lado de Sarahy, a abraçando pelos ombros, como forma de proteção.

— Está cego ou o quê? Eu nunca estou sozinho. — Rebateu, lançando um sorriso desgostoso. Bento sorriu, o observando.

— Eu não tenho que esconder mais nada de você nem de ninguém! Eu vou ter você, Dejota, custe o que custar, e não me importa se vai ser contra a sua vontade ou não. — Avisou, decidido.

— Pode ter certeza que se você me ter dentro do seu quarto, na sua cama, certamente irá ser contra a minha total vontade, porque nunca, jamais, que eu me deitaria com um nojento traidor como você. — Dejota afirmou, com a expressão fechada. — Eu também não preciso mais esconder todo o desprezo que sinto por você, não preciso esconder a vontade absurda de fazer você pagar por tudo que fez com o seu próprio filho e até mesmo a sua família. Um homem como você jamais será amado por ninguém! — completou, deixando Bento furioso.

— Eu vou fazer você engolir cada palavra!! Não pense que vou permitir que continue com aquele verme. Você vai ser meu, Dejota. Não importa o que diga.

— Tente. Apenas tente encostar em mim, e vai ser uma desculpa perfeita para justificar a sua morte. Foi autodefesa. Ninguém iria abrir a boca para reclamar. Eu seria a vítima. — Dejota rebateu, forjando um tom inocente, mas rindo em seguida. — Tenta, Bento. Tente me tocar. Não é isso que você quer? — provocou, entrando na frente de Sarahy e passando as mãos nos cabelos. — tente me levar para a cama, tente me fazer seu. Hm? — Bento rangeu os dentes, tentado a fazer exatamente aquilo. A voz de Dejota poderia ser como um canto enfeitiçado, que o levaria diretamente para a morte. Não, ele não era tão burro assim.

— Esse momento vai chegar. Não se preocupe. — Bento afirmou, virando às costas e indo embora. Dejota bufou, revirando os olhos e se virando para Sarahy.

— Sara, já falei para proibir a entrada desse verme aqui! — Resmungou, chateado.

— E-eu tentei impedí-lo, mas ele ameaçou me matar se não o deixasse entrar... — Murmurou, assustada.

— Ele machucou você? — Questionou, pousando a mão na cabeça da garota, da mesma forma qee seus irmãos faziam com ele. Uma forma carinhosa de demonstrar preocupação. Mas Sarahy de enchia de alegria e intensidade quando era tocada por Dejota, sempre ignorava o fato de que Dejota só a via como uma irmã.

— Não, senhor... — Dejota suspirou, assentindo, passando por ela e seguindo para a cozinha.

— Menos mal. Vou pedir que Max reforce a segurança e coloque brutamontes na entrada. Não gosto desse homem. Fico enjoado só de olhar para a cara dele. — Comentou, enchendo uma xícara grande com café, se encostando na bancada e saboreando o líquido quente.

— Desculpe-me mais uma vez, senhor. — Sarahy murmurou, chateada.

— Não se preocupe. Está tudo bem. Ao menos ele não machucou você. — Disse, sorrindo graciosamente. Sarahy o olhou, encantada. Não conseguia imaginar aquele sorriso de outra forma. Dejota a protegia e sorria sempre. Mesmo sabendo que ele não a amava, ela não conseguia evitar a felicidade que era vê-lo tão cuidadoso e protetor, e consequentemente o imaginava como seu namorado, protetor e carinhoso.

— Está preocupado comigo? — Sarahy questionou, surpresa. Dejota sorriu, assentindo.

— Sempre me preocupo, Sarahy. Você é a minha irmãzinha que sempre vou proteger. — Afirmou, a beijando no topo da cabeça. Sarahy suspirou, entristecida ao ouvir a palavra “irmãzinha”.  Ele sempre deixava claro como a via, mas sempre era doloroso escutar. — Olha, eu vou subir e dormir um pouco. Pode me preparar um lanche dobrado e bem reforçado para quando eu acordar? Se for muito pesado para você, pede para Marta te ajudar, sim? Se cuida, baixinha. — falou, deixando a xícara já vazia na pia e saindo da cozinha, subindo para seu quarto e caindo na cama, dormindo em questão de segundos. Não era sempre que ele dormia pela tarde, já que sua energia parecia quase inabalável, mas ultimamente, a cama estava se tornando sua mais fiel companhia. O cachorrinho Orbez já estava na cama, e ao ver o dono, pulou em seu peito, se acomodando e dormindo ali, juntamente com Dejota. Uma imagem duplamente fofa.

MAX - O Mundo é Nosso (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora