Canadá, Toronto – 07h:20m AM
Os dias se passaram vagarosamente. Max diariamente tendo seus treinamentos, enquanto Dejota nada podia fazer em relação a isso. Mas em compensação, a amizade com Isaac havia crescido. Ambos tinham personalidades e gostos diferentes, mas isso era o de menos quando se está em uma amizade verdadeira e duradoura.
— Ah, meu Deus! Você está tão lindo! — Angellina exclamou, emocionada, enquanto via Dejota aparecer usando o terno azul Royal. Já era a véspera do casamento e Dejota se encontrava em uma guerra interna, aparentando tudo estar bem por fora.
— Ficou perfeito! — Elisa exclamou, risonha. Dejota forçou um sorriso, mas dessa vez, era nítida a sua preocupação, o seu medo de ter que se casar amanhã. Fora tudo tão rápido...
— Algum problema com a roupa, querido? — Angellina questionou, notando a feição desgostosa de Dejota. O garoto negou com a cabeça, incapaz de falar alguma coisa. — Então?
— Não é nada, Senhora... Não é nada. O terno é lindo. — Dejota falou, forçando um sorriso que não chegou aos seus olhos.
— Sim, ele é maravilhoso mesmo! Não se preocupe. É normal ficar assim antes do casamento. Eu então, quase tive um infarte antes de entrar na igreja. — Comentou, rindo do próprio comentário.
— Eu sei... — Dejota murmurou, mesmo não sendo exatamente esse o motivo da sua angústia.
— Mas o terno não combina com essas luvas. — Elisa comentou, chamando rapidamente a atenção de Dejota.
— O quê?
— É melhor tirá-las, não? — Elisa tentou pegar a mão de Dejota, mas o mesmo se afastou rapidamente.
— Não! — Ele quase gritou, nervoso. — É... é importante para mim. Por favor, não posso tirá-las. — As duas se entreolharam, dando de ombros.
— Tudo bem então. Se você quer assim. Bom, vamos rever tudo para que na hora não falte nada! — Angellina e Elisa puxaram Dejota, o arrastando para inúmeros lugares, conferindo cada detalhe do casamento, vendo se tudo estava em ordem.
Canadá, Toronto – 23h:50m PM
Max respirou fundo, buscando calma. Seus nervos estavam à flor da pele. A ansiedade só faltava matá-lo por dentro. Se olhava de frente ao grande espelho, testando novamente seu terno na qual usaria no dia do casamento. Max não havia participado em nenhum momento dos preparativos, nem da decoração da festa. Para ele, tanto faz. Deixou ao gosto de Dejota, já que o garoto se importava mais com isso do que ele.
Voltou para casa após fazer os últimos detalhes do terno, seguindo direto para o quarto, onde encontrou Dejota sentado na cama, com o olhar fixado em um ponto qualquer, e o pensamento voando longe. Max suspirou, retirando a camisa e os sapatos, os deixando de lado. Retirou a calça jeans e sentou na cama, no espaço vago. Dejota continuava imóvel, como se tivesse hipnotizado.
— Dejota? — Max chamou, cauteloso. — Dejota? — Chamou novamente, estalando os dedos à frente do rosto do garoto, que voltou à realidade, meneando a cabeça e olhando para Max.
— Hm?
— Está tudo bem?
— Sim... — Balbuciou.
— Não precisa mentir para mim. — Dejota o olhou fixamente.
— Como vai ser amanhã? — Questionou, amedrontado. — Eu estou com medo, Max.
— Medo de quê? — Max indagou, o olhando diretamente nos olhos. Dejota bufou, desviando o olhar, querendo chorar, mas não o fez. Max se aproximou mais um pouco, tocando a cabeça de Dejota. — Do que você está com medo, Dejota? Me fala.
— Eu... não posso. — Murmurou, e então abraçou o noivo, se permitindo chorar. — Me perdoa, okay? Me perdoa...
— Dejota... — Max estava sem reação. E no momento, tudo que ele mais queria era confortar o noivo. Retribuiu o abraço, como se aquele contato pudesse suprir toda a dor que ambos sentiam. Cada um com seus monstros. — Vem, vamos deitar. — Max inclinou o corpo, fazendo Dejota se deitar, e ele fez o mesmo logo em seguida. Um encarando o outro. — Para de chorar. Vai ficar tudo bem. — Max murmurou, passando o polegar abaixo do olho esquerdo de Dejota, sorrindo fracamente.
— Me promete?
— Prometo. — Dejota apenas assentiu, fechando os olhos e se obrigando a dormir. Max continuou o observando por algum tempo. Estava confuso com tudo que vinha acontecendo e realmente não podia confessar que também estava com medo do dia de amanhã. Seria um evento importante. Todas as máfias aliadas estariam presentes, seria algo grande e marcante para todos. Era a primeira vez que iria ocorrer um casamento gay na história da máfia, e de fato, ninguém sabia como os outros iriam reagir. Talvez uns não se importassem e outros desaprovassem, mas não valia nada a opinião de terceiros, já que o casamento seria um benefício para os americanos, especialmente quem faz parte da máfia.
Max desceu seu olhar para as luvas do garoto, na qual ele ainda usava. Era muito raro ver Dejota sem elas. E logo Max lembrou do episódio que passou no banheiro com ele. Algo estava errado e Max sabia disso, mas não queria pressionar o garoto. Talvez fosse mesmo somente uma frescura de não querer tocar em sujeira, como Dejota fala, mas ele também pode estar mentindo e Max odiava mentiras. Era pior que traição.
Max observou o rosto de Dejota. Ele já dormia serenamente. Voltou seu olhar para as mãos do noivo, resolvendo pegar a mão esquerda e tentar tirar vagarosamente a luva que ele usava. Suas mãos não havia nada de errado, eram macias e não havia nenhum vestígio de alergia ou coisa parecida.
Com o toque em sua mão, Dejota acabou despertando, e se assustando ao ver que estava sem a luva.
— Por que você tirou?!! Me devolve agora!!! — Dejota exclamou, se levantando e ficando o mais longe possível do noivo. Max o olhou, estranho.
— Qual é o problema? Por que precisa disso até para dormir?
— Max! Eu estou pedindo, por favor, me devolve! — Pediu, com certo desespero.
— Não até me contar o porquê disso.
— Você não entenderia... — Murmurou choroso. — Por favor, Max... — Max já ia rebater, mas foi interrompido quando um pequeno terremoto começou.
— Isso de novo?! — Max resmungou, se segurando na cama. Dejota respirou fundo, buscando se acalmar e não pensar em nada. Mas ficava difícil estando naquela situação no mínimo desesperadora.
— Max, me devolve, por favor. — Dejota pediu, e sem escolhas, Max entregou, irritado.
— É só uma luva! Não pode usar isso para sempre. Já é frescura demais, Dejota! — Max exclamou, voltando a se deitar na cama. Dejota suspirou, entristecido, calçando sua luva novamente e olhando em volta. O terremoto havia parado. Tudo estava calmo. Ótimo, Max não suspeitou de nada. Menos mal. Pensou, seguindo para a cama e deitando de costas para Max.
E acreditou, que o silêncio seria o melhor caminho.
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MAX - O Mundo é Nosso (ROMANCE GAY)
Romance"Eu me apaixonei pelo jeito que você me tocou, sem usar as mãos". PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3