⏩ C a p í t u l o || TRINTA * Especial - Parte III * ⏪

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Max Lippman

Canadá, Toronto – 14h:52m PM


Quando acordei, já era tarde. Porra, era muito tarde!  Quase três da tarde.

Olho para baixo, vendo Dejota adormecido em meu peito, seu corpo estava praticamente sobre o meu. Coberto até a cintura, deixando suas costas nuas e brancas amostras. Seu cabelo totalmente bagunçado e a respiração amena, despreocupada. E parecia que ele não acordaria nem tão cedo.

Foi uma completa loucura o que fizemos. Dejota era tão... quente. Não sei o que havia dado em mim naquele momento, mas eu sabia que não queria parar. Era mais forte do eu. À princípio, achei que fosse pela falta de sexo, mas estou aqui agora, satisfeito, porém, querendo repetir tudo de novo. Estão descartei essa hipótese.

Dejota estava realmente me surpreendendo. Estava me deixando orgulhoso com suas atitudes, mesmo que às vezes ele não tivesse tanta paciência com alguns soldados rebeldes, mas tudo bem, porque eu também não tenho.

A questão é que agora tudo mudaria. Nosso casamento estava começando somente agora. Foi verdadeiro e puro o que fizemos. Não quero nem lembrar ou vou deixar Dejota em cadeira de rodas.

Logo ouço a campainha tocar incontáveis vezes. Tento sair com cuidado, para não acordar Dejota. Ele resmungou, se revirando na cama e abraçando o travesseiro de corpo, acabando por ficar descoberto. Sorri, deixando um selinho em seus lábios. Ele grunhiu, manhoso. Que me julguem!  Eu vou fazer esse casamento ser real, e, bem... já está sendo.

Puxo o edredom, o cobrindo, e levanto da cama, vendo o cachorro de Dejota no pé da cama, com as patas levantadas e querendo subir. Mas a cama era alta demais para ele. Orbez me olhou, choramingando, o que me arrancou uma risada. Perto de mim, ele parecia uma pulga.

O pego nos braços, fazendo um carinho e o colocando na cama, vendo ele correr e pular em cima de Dejota, logo se acomodando ao lado do dono – ou pai, como Dejota se entitulava.

Visto um short qualquer, escovo meus dentes e desço as escadarias, vendo Sarahy atendendo a porta.

— Quem é? — Pergunto, terminando de abotoar a camisa. Ela me olhou rapidamente, se assustando com minha presença.

— Senhor! Isaac está aqui e quer ver o senhor seu marido. Mas eu tentei explicar que ele estava dormindo... — Murmurou, e pude notar uma certa tristeza no olhar dela. Dejota não podia ser menos atraente?! Que saco!

— Dormindo?! Quem dorme até três da tarde?!! — Isaac resmungou, já entrando em casa, me olhando atenciosamente. — Ata... acho que já entendi. De qualquer forma, vou acordá-lo. — Disse, e eu o acompanhei, vendo ele subir as escadarias com pressa. Chegamos no quarto e Isaac foi logo pulando em cima de Dejota, assustando o coitado.

— PORRA, ISAAC! FICOU LOUCO?!! — Dejota gritou, mas Isaac não se importou, apenas riu. Resolvi sair, deixar que os dois conversassem a sós. Desci para a cozinha, vendo Marta e Sarahy. Sarahy parecia ter chorado a pouco tempo, e ao que parece, Dejota não conseguiu nada falando com ela.

— Marta, se retire, por favor. — Peço, vendo ela me olhar e depois olhar para Sarahy. Mas não falou nada, apenas se retirou. — Sarahy, você está bem? — Questiono, tendo um certo cuidado para tocar nesse assunto. Mulheres como Sarahy são extremamente sensíveis e eu realmente não quero magoá-la, mas isso não pode continuar assim.

— E-estou sim, senhor. — Respondeu, sem convicção. Suspiro, a observando. Ela estava retraída e não me olhava nos olhos.

— Sarahy, eu já percebi que tem sentimentos por Dejota. Mas você sabe que não pode haver nada entre vocês. Por que continua insistindo? — Questiono, realmente preocupado com ela. Sarahy me encarou, com a expressão chateada.

— Porque eu devo serví-lo até o último dia da minha vida! Não importa o que quer que diga. Pelo menos eu estarei perto dele, com ele. Pois quando todos o abandonam, sempre sou eu a ficar ao seu lado. — Ditou, chorando. Eu já não sei se isso poderia ser chamado de amor ou obsessão, mas de toda forma, decidi que não iria mais insistir. Dejota entrou em uma enrascada dupla.

— Não...! Isaac! — Ouço a voz de Dejota. Olho para trás, vendo Isaac empurrando Dejota até mim. Isaac riu, virando às costas.

Adios, pombinhos!!! — Exclamou, saindo. Olho para Dejota, ele usava somente uma samba-canção, que marcava muito bem a sua bunda. Sorri, vendo ele todo vermelho de vergonha.

Quem diria? Dejota Vermont, todo poderoso, praticamente indestrutível, estava agora todo envergonhado por conta do que fizemos em meio a madrugada.

Hilário.

— Boa tarde. — Falo, prendendo a risada. Ele ficava fofo quanto ficava todo corado.

— Hm... boa tarde. Eu vou voltar para o quarto, tá? — Murmurou, querendo fugir, mas o puxei pelo pulso, fazendo ele cair sentado em meu colo. Vi ele fazer uma expressão de dor, o que me fez ri.

— Ainda dolorido? — Questiono, observando suas expressões. Eu estava adorando observá-lo. Dejota ficou mais vermelho ainda com minha pergunta. Não entendi o porquê de tudo aquilo, sendo que já havíamos feito isso outras vezes. Claro que nada se compara com o que fizemos nessa madrugada, mas enfim.

— Não me faça esse tipo de pergunta! — Dejota resmungou, escondendo o rosto na curvatura do meu pescoço. Notei que sua pele estava toda marcada por minha causa. Seu pescoço havia a passarela dos meus chupões e mordidas, sua perna levemente avermelhada pelos tapas que lhe desferi e seu peito vermelho pelos meus beijos e mordidas. E confesso ter adorado vê-lo assim.

— Está com fome? — Pergunto, mesmo que a resposta seja óbvia. Ele apenas assentiu, mantendo-se abraçado ao meu corpo, mas logo se afastou, de súbito, assustando até mesmo a mim.

— Espera! Não está fingindo, né? Não está mentindo para mim de novo, não é? — Questionou, o que me fez ri.

— Por que não lê meu pensamento? — Sugiro, em um tom misterioso. Ele me olhou no fundo dos olhos, sério, mas logo arregalou os olhos, me dando um tapa leve no ombro.

— Você é um safado! — Exclamou, o que me fez gargalhar.

— Tirei sua dúvida agora? — Questiono, e ele assente. Sorri, o puxando para um beijo calmo.

Fazia um bom tempo que eu andava fugindo de mim mesmo, do que meu corpo e minha alma queria. Eu não estava entendendo. Eu não tinha mais vontade, nem desejo quando olhava mulheres lindas passando, e mesmo que algumas ainda me chamassem a atenção, era Dejota que vinha em meu pensamento. Eu tentei esmagar aquilo, tentei me enganar e dizer a mim mesmo que não era real, que eu jamais iria gostar de outro homem.

Meu desespero foi tão grande, que cheguei a pesquisar sobre o assunto, sobre o mundo LGBTQ+, a tentar entender se eu estava com algum problema, se era normal obter aquele sentimento estranho e até então desconhecido por mim.

Ouvi relatos de pessoas já adultas, que se descobriram somente depois de uma certa idade, e outras que já sabiam desde cedo a sua orientação. Ao que parece, era natural. Era somente uma forma diferente do padrão de amar outra pessoa.

Ouvi relatos de bissexuais e homossexuais. Pude entender o que Dejota estava sentindo em relação a tudo isso, e também pude me conhecer melhor através de outras vozes. Talvez fosse disso que eu precisava, de um pouco de conhecimento.

E não pretendo parar por aqui.

MAX - O Mundo é Nosso (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora