Yuri na mídia
Japão, Tokyo – 23h:00m PM
— Aqui, o voo vai atrasar, então provavelmente teremos que esperar uma hora. — Dejota analisou, um pouco chateado.
— Que saco! Odeio quando meu voo atrasa! — Yuri resmungou, carregado de malas e mochilas. Já que Dejota havia adiantado o voo inesperadamente, ele havia feito o mesmo, afinal, queria viajar o mais rápido possível. Era um aventureiro, amava viajar, e ficar muito tempo em um lugar só o deixava entediado. Estava com saudades dos familiares que viviam na Califórnia, e estava curioso para conhecer Canadá. Tudo ficava mais fácil com um amigo que ele conheceu em uma noite qualquer, de um jeito meio inesperado. Yuri bem sabia quando a pessoa estava sendo verdadeira ou não. E os poucos que eram, ele mantinha por perto, o resto sempre foi descartável. Odiava falsidade e pessoas de mal caráter. Prezava pela boa e velha amizade.
Max se sentou em uma cadeira, suspirando. Desde a briga que tiveram no dia anterior, ambos não trocavam mais uma palavra, e ao que parecia, Dejota não se importava com isso. Ter Yuri por perto ficava tudo mais fácil, já que ele o divertia e o distraía dos pensamentos ruins.
— Hey, é impressão minha ou vocês estão se estranhando? — Yuri questionou, em um sussurro para que só Dejota escutasse.
— É uma longa história.
— Temos uma hora. — Insinuou, sorrindo. Dejota revirou os olhos, sorrindo.
— Me deixa. — Resmungou, rindo.
— Ah, tá bom! Então, já que vai me deixar na curiosidade, vamos ali comigo fazer uma pequena feirinha? Eu não aguento viajar de estômago vazio. E ainda preciso de estoque. — Dejota riu, assentindo.
— Nisso eu vou ter que concordar. Vamos.
Max se recostou no encosto da cadeira, suspirando. Parece que sempre viria um dia pior que o outro. Seu celular toca no bolso. Ele pega o aparelho, olhando na tela.
Bárbara.
— Oi, Bárbara. — Max atendeu, em um tom baixo.
— Oi, Max! Fiquei sabendo que está voltando para o Canadá.
— Como você sabe?
— Dejota me mandou uma mensagem. O que aconteceu para voltarem tão rápido? Vocês brigaram?
— Não. Mas digamos que essa viagem já deu o que tinha que dá.
— Hm... Menos mal. Assim eu posso te ver mais cedo! O que acha de jantarmos quando você chegar? — Max suspirou, direcionando seu olhar para Dejota, um pouco distante. Ele corria atrás de Yuri, ambos pareciam duas crianças. Estavam se dando bem.
— Claro. Por que não? — Confirmou, em tom baixo. Estava chateado consigo mesmo e ao menos Bárbara iria conseguir tirar a tensão do seu corpo. Desde que havia tido relações com Dejota, as lembranças mal o deixavam dormir. Dejota, mesmo nunca ter feito nada do tipo antes, parecia saber exatamente o que fazer. Era quente e envolvente, e capaz de deixar qualquer um excitado só de olhar para ele.
— Ótimo! Vou marcar um dia e aviso você. Beijos, lindo. — Bárbara se alegrou, encerrando a ligação. Max suspirou, fitando a tela do celular por incontáveis segundos, pensativo. Ele não gostava de ter um clima chato entre Dejota e ele. E isso não era bom. Não queria que seu casamento fosse um desastre, por mais que fosse de fachada, por alianças. Ele queria ao menos uma amizade, era o mínimo para que aquele casamento ocorresse bem. O que não era o caso agora.
Assim que o voo deles chegou, cada um seguiu para seus devidos lugares. Dejota próximo à janela, Max ao seu lado e Yuri na fileira ao lado, já com seus fones de ouvidos no último volume, um livro com gênero de terror de 500 páginas e um pacote de bolacha e salgadinhos na poltrona ao seu lado. Ele sempre comprava uma poltrona a mais para ninguém sentar com ele. Não era esnobe, mas realmente odiava que puxassem conversa em meio a uma viagem. Ele curtia se concentrar em suas músicas e nas leituras, sem velhos dorminhocos, tagarelas, crianças choronas ou adolescentes babacas ao seu lado o importunando.
Dejota bocejou, se acomodando mais na poltrona e retirando o cachecol, juntamente com o casaco longo. O voo foi anunciado, e logo o avião saiu do chão. Aos poucos, Dejota sentia os olhos pesarem. Viagens eram tão entediantes para ele... Não custou a pegar no sono. Seu corpo balançava com os balanços vez ou outra, faltando pouco para bater a cabeça na janela. Max o observou, puxando o rosto de Dejota com cuidado, fazendo a cabeça no garoto deitar em seu colo, o cobrindo com o casaco na qual ele havia retirado.
Yuri olhou o recém casal por um instante, sorrindo ao notar a atitude de Max.
— Gente apaixonada é tão burra... — Murmurou, sozinho, notando o quão contraditório eram as atitudes de Max e Dejota. Retornou a atenção para seu livro que certamente estava muito mais interessante, deixando o volume da música estourando em seus ouvidos. Assim, ele não precisava se preocupar com nada, muito menos com as conversas paralelas dos outros passageiros presentes no avião.
Canadá, Toronto – 10h:34m AM
O frio era de matar assim que o casal desceu do avião, pegando as malas em seguida. Dejota ia na frente, mas foi parado por Max, que segurou sua mão, o puxando. O garoto rapidamente parou de andar, chamando a atenção do marido.
— O que foi? Vamos!
— Eu é que pergunto! Solte minha mão! — Ordenou, irritado.
— Dejota, para o nosso bem, é bom que acreditem que tudo está em perfeita ordem no nosso casamento. — Max falou, um tanto quanto cansado. Dejota se soltou, enfiando as mãos nos bolsos do sobretudo, o encarando com seriedade.
— Pouco me interessa o que babacas-sem-ter-o-que-fazer vão pensar! Eu não quero que você chegue perto de mim, entendeu?! E quando chegarmos na nova casa, quero quartos separados! Não vou dividir a mesma cama que você! Além disso, preciso de espaço e privacidade para os meus contatos. — Dejota exclamou, com acidez na voz e um sorrisinho presunçoso nos lábios, passando por Max e seguindo na frente. Max apenas suspirou, buscando paciência, nem um pingo que seja. Seguiu o marido até o carro que os aguardava. Ambos sem olhar um na cara do outro.
— Achei que ética e fidelidade era um ponto forte seu, vejo que me enganei. — Max comentou, ácido, com o olhar para frente. Dejota o encarou por meio segundo.
— Achei que sinceridade e gentileza também fosse seu ponto forte. Eu realmente estava muito enganado. — Rebateu, com o mesmo tom.
E isso certamente iria perdurar...
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MAX - O Mundo é Nosso (ROMANCE GAY)
Romance"Eu me apaixonei pelo jeito que você me tocou, sem usar as mãos". PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3