⏩ C a p í t u l o || QUARENTA E SEIS ⏪

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Canadá, Toronto – 14h:35m PM

Isaac prendeu fortemente as lágrimas, engatilhando o fuzil, já devidamente carregado. Ele estava magoado, e mais uma vez se odiava por ter se deixado ser feito de trouxa. Novamente havia sido um brinquedo nas mãos do seu pai.

“[...] — Amor, sabe que eu só amo você, não sabe? — Isaac acordou, vendo seu pai ao telefone, sorrindo daquela forma descarada. Haviam passado a noite juntos e no dia seguinte, ele declarava as mesmas palavras a outra ou outro, nunca se sabe com quem esse homem se envolve. São tantos que caem em sua lábia...

— Pai... — Isaac murmurou, e aquela palavra soou estranho aos seus ouvidos. Há muito tempo ele não chamava Vitor de “pai”, e talvez tenha se arrependido de chamar ele assim naquele momento. Vitor o olhou, ainda com o telefone no ouvido.

— Amor, nos vemos mais tarde. Se cuida. — Ele encerrou a ligação, se levantando e vestindo sua roupa. Isaac quis chorar.

— Vitor, vai sair? Depois de tudo que me disse?

— Não venha fazer drama agora, Isaac. Preciso trabalhar e levanta logo! Estou com fome. — Seu tom frio havia voltado.

— Vitor...

— Quer apanhar, moleque?! Anda! Vai fazer meu café! — Vitor praticamente o obrigou a sair da cama. Isaac prendeu as lágrimas, não vendo escolhas senão obedecê-lo.”

Isaac engoliu em seco, disparando para o nada, sem parar. Só queria extravasar aquela dor que o assolava por dentro. Além de não ser correspondido ao amor de Vitor, também não era correspondido ao amor de pai. Na real, ele nunca sequer recebeu um abraço verdadeiro e protetor, nem da mãe, nem do pai. Sua vida foi uma completa bagunça e isso resultou em uma mente confusa e ferida. Mas ele decidiu camuflar suas dores. Não podia confiar em ninguém.

— Isaac! Isaac! Quer chamar a atenção de todo mundo?!! — Isaac olhou para trás, vendo Dejota e Yuri se aproximando, com feições preocupadas.

— Me deixem! Eu quero ficar sozinho! — Exclamou, voltando a atirar. Dejota suspirou, se aproximando do amigo e retirando a arma de suas mãos.

— Isso não vai resolver nada. Por que não conversa com a gente? Podemos te ajudar. — Dejota argumentou, realmente preocupado. Ele notava que Isaac não estava bem, e nem precisava de poderes para notar isso. O garoto estava confuso e perdido.

— Ninguém pode me ajudar, Dejota... Eu sou um caso perdido. — Isaac murmurou, com os olhos marejados. Se virou, chutando uma de suas armas, agora irritado. — EU O ODEIO!!! EU O ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS!!! Eu o odeio... — Isaac gritou, caindo ajoelhado, chorando. Dejota chorava junto, cobrindo a boca com as mãos, vendo o quão machucado Isaac estava por dentro.

— Isaac... — Yuri murmurou, dando passos curtos e hesitantes, se abaixando vagarosamente ao lado do garoto, tocando seu ombro. Isaac não se moveu, apenas soluçava, chorando baixinho.

— Por que eu? Por que ele tinha que fazer isso comigo? Os outros não eram o suficiente? — Murmurou, a voz embargada. E logo Yuri pôde sentir o cheiro de bebida alcoólica que vinha de Isaac. Novamente ele havia bebido para esquecer. Mas agora, nem a bebida era capaz de lhe tirar os pesadelos que o assombrava.

— Isaac, estamos aqui. Nos importamos com você. Ele merece você. Não merece a sua atenção. — Yuri declarou, com os olhos marejados. Isaac o olhou.

— Não... vocês não se importam... ninguém se importa. É uma máscara. É uma mentira... — Murmurou, choroso. Yuri chorou junto, o puxando para um forte abraço. Ambos ajoelhados no alto daquele arranha-céu. Dejota estava em choque, mas aos poucos se aproximou, se ajoelhando ao lado de Isaac, o abraçando também. E ali os três ficaram, Dejota e Yuri confortando Isaac, e o garoto chorando, com medo de confiar, mas sabia que aqueles dois não iriam decepcioná-lo.

— Olha que cena mais linda! — Dejota foi o primeiro a levantar, ao ouvir a voz desdenhosa e que bem conhecia.

— O que faz aqui?! — Dejota exclamou, tomando a frente. Isaac e Yuri se levantaram. Yuri assustado e Isaac já pegando uma de suas armas.

— Ora! Confesso que é muito difícil chegar até o seu marido, mas você... você é tão simples de encontrar. Não sai com seguranças, vive andando sozinho... Você realmente não sabe o que é viver na máfia. — Dejota respirou fundo, sorrindo prepotente.

— Não preciso de seguranças. Não preciso andar com outras pessoas para me manter seguro. Eu sei muito bem me defender sozinho! — Exclamou. O português entortou a cabeça, encarando Yuri e Isaac.

— E eles? Também sabem se defenderem sozinhos? — O Português murmurou, erguendo a mão direita, na qual formou uma pedra particularmente grande, com fogo à sua volta, arremessando na direção dos dois. Dejota praguejou, entrando na frente e usando seu campo de força, os protegendo. — Ora, ora... Campo de força. Seus poderes são realmente fortes, mas eu sei de uma fraqueza... — comentou, descendo o olhar para a barriga de Dejota. — Está esperando um bebê, não é?

— Como sabe disso?!

— Tenho minhas fontes. Grávidos não podem se esforçarem, não é mesmo? — E então partiu para cima de Dejota. Ambos chocaram suas mãos no outro, causando um pequeno impacto de força bicolor.

Dejota usava toda a força que conseguia, e logo o português se afastou, arremessando bolas de fogo, uma atrás da outra, sem parar. Dejota usava seu campo de força, mas apesar de tudo, estava começando a ficar exausto. Em um dado momento, Dejota deixou seu campo de força sumir, sendo atingido por uma bola de fogo, o deixando inconsciente por alguns segundos.

— DEJOTA!!! — Isaac e Yuri gritaram, assustados. Já iam até o amigo, mas o português entrou na frente.

Agora são vocês!

MAX - O Mundo é Nosso (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora