Sete

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Holmes Chapel, 2010

Harry

O mês de Julho foi insuportável. Becca viajou com os pais durante as férias, e pelo o que eu entendi só volta amanhã. Um dia depois da minha mudança pra Londres, que sendo mais preciso, é hoje (obviamente). Ou seja, a última vez que a vi foi no dia do casamento. Eu já pensei várias vezes em ligar ou mandar uma mensagem de texto, mas a vergonha e o medo de rejeição estavam falando mais alto, por isso passei o mês inteiro trancado no quarto compondo músicas e tocando violão. Inclusive, comecei a tocar piano porque de acordo com Robin uma tarefa super difícil ocupa nossa cabeça.

Quando acabei de lacrar a última caixa, ouvi o barulho do caminhão de mudança encostando na nossa porta. Minha mãe gritou do primeiro andar, avisando que Robin estava subindo para me ajudar com as minhas coisas. Desci quase tudo e ajudei a colocar dentro do caminhão, enquanto pensava na burrada que havia feito.

- Ficar se martirizando não ajuda. Liga pra ela - Gemma colocou a última caixa que estava na casa dentro do caminhão, enquanto minha mãe aparecia na porta com algumas malas de viagem e colocava no carro.

- Não consigo - ajudei o homem da transportadora a fechar as portas do caminhão.

- Ai Harry, para de ser frouxo - ela balançou a cabeça em negação e voltou para dentro de casa.

- Não esqueceram nada ? - minha mãe perguntou e na hora eu lembrei do violão. Subi as escadas correndo e encontrei o violão que estava no canto do quarto, do lado da escrivaninha. O quarto desmontado me deu uma dor no peito enorme. Peguei o violão e desci as escadas, dando uma última olhada na casa antes de finalmente sair. Aquela casa sem nada não era meu lar, era só um monte de tijolos. O celular vibrou no meu bolso e por um momento pensei que fosse Becca. Quando vi que era uma mensagem da operadora revirei os olhos e guardei ele de novo.

- Mãe, eu posso me despedir do Carl ? - ela sorriu.

- Claro que pode. Vamos demorar uns minutos pra sair. Nós passamos lá e te pegamos. - fui correndo até a loja, que já estava aberta. Quando abri a porta e vi Carl atrás do balcão meus olhos se encheram de lágrimas.

- Meu garoto - ele veio até mim com sua bengala e me deu um abraço.

- Muito obrigado por tudo. Foi o melhor emprego da minha vida - apertei ele, que deu uma risada leve.

- Você é um menino de ouro Styles, nunca se esqueça disso. Você ainda vai encontrar o emprego da sua vida. - ele me soltou, colocou a mão no bolso e tirou de lá um envelope - Seu salário de Julho.

- Não precisa, fica - balancei as mãos mas ele fez questão de me entregar.

- Pegue. Você trabalhou, você recebe. - segurei o envelope e sorri

- Posso te pedir um favor ?

- Quantos quiser

- Coloca a Becca no meu lugar. O senhor precisa de alguém aqui, e ela precisa de algo pra trabalhar. Por favor.

- E você achou que eu daria essa vaga pra outra pessoa ? Não viaja - ele revirou os olhos e eu ri. Ouvi uma buzina e quando virei, o carro de Robin estava na porta.

- Obrigado por tudo, Sr.Lance, o senhor é incrível. E eu volto pra te visitar - o abracei de novo e logo saí correndo da loja. Antes de fechar a porta pude ouvir ele gritar de lá de dentro.

- Eu acredito em você garoto. Acredite também. Dê uma chance a você mesmo. Pense no que a menina Rebecca sempre falou - sorri curto e saí de lá, dando um último aceno. Entrei no carro rumo à um lugar estranho e desconhecido.

Heaven | h.s |Onde histórias criam vida. Descubra agora