Capítulo 2

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Ao chegarmos em casa, fui direto para o quarto. O cansaço da viagem estava fazendo efeito e meus músculos já começavam a reclamar.

Me troquei, colocando as roupas usadas de volta na mala e me deitando no colchão, a única coisa que separava meu corpo do piso de madeira.

O quarto era espaçoso com apenas um colchão e minha mala em um canto. Em suas paredes, um papel de parede claro com flores desenhadas estava colado, combinando com a cor da madeira do chão. A janela era a única fonte de luz do quarto, sendo iluminado pela luz da lua.

Não demorou muito para que caísse em um sono profundo. Estava sonhando com fardas de exércitos e olhos azuis quando acordei assustada, ouvindo um barulho vindo do sótão.

O som era similar a patinhas rastejando no forro, com pequenos estalos devido a madeira velha. Tentei ignorar aquilo e voltar a dormir, mas o barulho parecia ficar cada vez mais alto.

Quando o sol brilhou no horizonte, ainda permanecia acordada e me sentia duas vezes mais cansada devido as poucas horas dormidas.

Joguei água gelada no rosto, não gostando nada da grande olheira em baixo dos meus, e desçi para a cozinha em seguida. Percebi minha mãe sofrendo do mesmo cansaço que eu.

- Também não conseguiu dormir?- Samanta ergueu os olhos para mim, tirando sua atenção da revista que lia. Apenas confirmei com a cabeça, indo até a geladeira praticamente vazia, se não fosse pelo leite e alguns alimentos congelados, e peguei o leite, preparando um cereal.

- O que será que tem lá em cima?- Enfiei uma colher grande de cereal na boca, o que minha mãe desaprovou com o olhar.  Eu não tinha culpa de ser o melhor alimento inventado pelos homens e por estar morrendo de fome.

- Bom, não sei- Largou a revista em cima da mesa e pegou sua bolsa pendurada em uma das cadeiras- Amanhã resolvemos isso. Hoje preciso ir ao hospital resolver algumas papeladas. Fique aqui e arrume o máximo de coisas que conseguir.

-Sim, senhora!- Bati continência, a fazendo rir. Ela saiu, e me vi sozinha naquela casa desconhecida, sem praticamente nenhum móvel. Após terminar meu café, segui o conselho da minha mãe e subi as escadas, já pegando algumas caixas que estavam pelo caminho.

Tentei arrumar a maioria dos meus objetos com o que tinha ali no quarto e não demorou muito para que logo ficasse sem o que fazer. Decidi então por meu tênis e ir conhecer o bairro.

O dia estava mais quente que a noite passada, mas o vento ainda era gelado. Era o fim do verão, com o outono a apenas alguns meses para chegar. As ruas estavam repletas de crianças aproveitando os últimos minutos antes do voltar das aulas.

Sorri.

Dali 4 dias minhas aulas também começavam.

Correndo entre as ruas, notei como o bairro não era muito grande, e fiquei feliz em perceber que não se diferenciava em muitas coisas de onde morávamos antes. Senti o suor e o calor em meu corpo e voltei para preparar o almoço.

Sem muitas opções no armário, decidi por fazer apenas um simples miojo. Quando terminava de lavar a louça, minha mãe chegou.

- E então, como foi?

Minha mãe se sentou em uma das cadeiras, parecendo estar animada.

- O hospital é incrível. É enorme, com tecnologias atuais e paga muito bem- Falou alegre. - Mas com certeza estou mais feliz por ter visto Denise novamente, depois de tantos anos.

- A quanto tempo não a vê?- Sequei minhas mãos em um pano e me sentei a sua frente.

-Depois que seu pai morreu, e me mudei pra casa de seu avô em Portland, perdi total contato com ela- Samanta ficou perdida em suas lembranças do passado por alguns segundos. Ela respirou fundo.- Bom, o que fez hoje?

Guerra E AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora