Capítulo 47

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" Foi ela. Amanda mentiu para vocês dois."

Estas foram as últimas palavras de Clary antes do carro capotar e tudo ficar tão caótico. Senti meu corpo balançar desajeitado, sendo segurado apenas pelo cinto do veículo. Minha cabeça girou e uma dor aguda em uma das minhas pernas me fez gemer alto.

Quando tudo pareceu se acalmar, percebi que o carro, depois de dar algumas voltas, ficou com o teto para baixo, e nossos corpos suspensos, presos no banco pelo cinto de segurança. Olhei para o lado, para Clary, que parecia desacordada.

-Clary- Reuni forças para chamar seu nome, e minha voz saiu por um fio.

Ela estava com o rosto inexpressivo, os olhos fechados e a boca entreaberta. Sangue escorria de um ferimento grave em sua cabeça, fazendo uma linha tênua da sua testa, passando por seu olho esquerdo e nariz, até seu queixo. O líquido vermelho pingava no tapete, começando a formar uma minuscula poça.

Olhei para a janela do carro, vendo o vidro quebrado e alguns ferros totalmente amassados. Ouvindo ao longe gritos e pessoas conversando rapidamente, levei minhas mãos a cabeça, sentindo uma dor insuportável.

-Clary?!- Voltei a chama-la, mas ela se quer mexeu um músculo. O desespero me tomou e tentei esticar minhas mãos até ela. - Clary, por favor...

Supliquei com minha voz chorosa, sentindo meus olhos começarem a lagrimejar. Minha visão logo ficou embasada por causa das lágrimas pesadas rolando por minhas bochechas.

Eu tinha a matado?

Não, por favor.. eu não... eu não podia... de novo não... Clary...

Minhas mãos começaram a tremer e meu coração se apertou em meu peito, quebrando-se em pequenos milhões de pedaços.

-CLARY?!!- Gritei com dificuldade, usando todo o ar que tinha em meus pulmões. A dor em minha cabeça aumentou e senti que iria desmaiar.

Perdi a consciência segundos depois.

Senti minha cabeça latejar ao abrir os olhos. Pisquei algumas vezes, tentando me acostumar com a claridade do quarto completamente branco. A luz do sol vinha das janelas, atravessando as cortinhas de tecido fino e chegando até meus olhos, os irritando.

Ouvia meus pais conversando baixinho com o médico em um canto do quarto sobre minha situação. Pela voz do doutor, não era muito grave, apenas minha perna..

Solto novamente um gemido de dor ao tentar mexe-la, chamando a atenção dos três.

-Filho, você acordou. Graças a Deus!- Minha mãe se aproximou com a voz doce, contente em me ver consciente. Ela passou as mãos em meu rosto, me analisando cautelosamente como se fosse minha médica. Sua expressão estava carregada de preocupação e afeto.- Como esta se sentindo?

-Clary...- Minha voz falha e fraca faz com que não consiga perguntar aonde ela esta.

A visão de Maclain desacordada ao meu lado, com sangue escorrendo por seu rosto, me atinge como um soco no estômago. Comecei a ficar ofegante, e o meu cardiograma acelera, apitando ao meu lado.

Ela tinha morrido? Eu realmente havia a matado?

Se eu tivesse... eu jamais me perdoaria.

-Daniel, você precisa se acalmar- Steve pegou minha mão com a sua e a outra pousou sobre meu braço, tentando me manter queito.- Ela esta no quarto ao lado, se recuperando.

Olhei no fundo de seus olhos castanhos, procurando algum resquício de mentira. Não havia. Meu corpo relaxou e meu coração desacelerou aos poucos.

Guerra E AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora