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4 semanas atrás...
Olhei para o soldado a minha frente, ele também amarrado dos pés a cabeça ao banco do avião comercial. Eu não o conhecia, não conhecia a maioria dos que estavam ali na verdade. Não que isso importasse. Quanto mais pessoas conhecíamos, maior seria nossa dor. Sabíamos de cor o número da porcentagem que representava nossa expectativa de vida ali.
Voltei minha atenção para o soldado, pude ver que segurava a foto de alguém com força, os nós dos seus dedos ficando brancos. Seus olhos lacrimejavam, mas ele não permitiu que a lágrima caísse.
- Atenção, soldados, em 5 minutos estaremos pousando sobre a base- O general gritou da cabine do piloto, nos alertando. Como se fossemos a algum lugar!
Meus músculos já começavam a reclamar das várias horas sentado na mesma posição. Levei minha mão a arma colocada entre minhas pernas, não querendo pensar que meus próximos alvos não seriam simples bonecos de plasticos, ou que eu seria o alvo de alguém.
A ideia de matar, ou ser morto, nos últimos dias tinham me assolado por todos os momentos. A segunda opção era com certeza a mais fácil, e eu duvidava que fosse a mais dolorosa. Já a primeira, atormentava meu sono e meu juízo. Eu sabia o peso de uma vida, uma vida inocente, e também sabia que não cabia a mim tira-la de alguém. Era horrível, mas eu tinha feito essa escolha no fim. Estava consciente dos riscos e das consequências ao entrar no Instituto.
Quando o avião começou a pousar, percebi o soldado de antes amaçar a foto e guarda-la em um dos bolsos da farda idêntica a de todos nós. Éramos um só povo vestidos de verde e preto, as cores da camuflagem.
Por um momento desejei também ter uma foto dela para me lembrar de seu sorriso doce, ou de seus olhos verdes como esmeralda. Sabia que seria muito difícil eu esquecer dos pequenos detalhes de seu rosto, de seu cheiro adocicado, mas, mesmo assim, uma foto manteria sua lembrança viva.
Infelizmente, eu só teria isso... lembranças.
Quando já estávamos no solo, a porta traseira foi aberta, revelando o céu azul sem nuvens lá fora. O som de ondas quebrando contra a parede de metal da base militar invadiram meus ouvidos, assim como o cheiro do mar, que me preencheu, acalmando-me por alguns segundos. Estávamos a poucos quilômetros da costa de Aslan, o acampamento montado em cima do grande navio de carga e rodeado pelo oceano.
- Você é Jacob Sheperd?- Ouvi uma voz grossa dizer atrás de mim assim que desci acompanhado de meus parceiros do avião. Era um homem alguns anos mais velho que eu, com cabelos castanhos e olhos verdes. Li em seu crachá que era um dos pilotos do acampamento.
- Sim, senhor!-Bati continência respeitosamente para com meu superior.
-Sou Dylan Miller, seu piloto- Estendeu a mão para mim, e apertei firme.- Venha comigo.- Acenou por sobre os ombros, e comecei a segui-lo. Nós subimos escadas, viramos em vários corredores e paramos em frente a alguns contêineres. - Ache alguns destes que te caiba, pois será seu novo cafofo para dormir. Você tem 15 minutos para se ajeitar e me encontrar perto do celeiro.
- Ok- Balbuciei observando ele se afastar, duvidando que me recordaria do caminho de volta que havíamos percorrido.
A maioria dos contêineres já estavam ocupados por outros soldados, mas por sorte consegui achar um que estava com metade da sua capacidade preenchida rapidamente. Várias redes estavam estendidas pelo local, e, para garantir meu lugar, joguei minha bolsa com alguns pertences em cima de uma delas. Como já havia achado minha nova cama, fui a procura de Dylan Miller, o piloto no qual eu fui designado.
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Guerra E Amor
RomantizmEm tempos de tensão, com o país propício a qualquer momento entrar em guerra com Aslan, um continente fortemente armado, Clarissa Maclain estava prestes a realizar um sonho. Pelo menos era o que ela pensava... Em uma cidade nova, com novas amizades...