Capítulo 61

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Nas primeiras noites, a lembrança dos nossos primeiros encontros ficavam repassando em minha mente.

Ouvindo ao longe o som das ondas do mar se misturando ao barulho das bombas a poucos quilômetros, agradecia ao destino por ter unido meu caminho ao de Clarissa Maclain.

Se me perguntassem qual foi o exato momento em que me apaixonei por aquele sorriso lindo, eu não saberia dizer.

Talvez tenha sido quando a vi tremendo de frio no Central Park, seus olhos verdes me olhando curiosos. Por alguma razão inexplicável, não conseguia tira-la dos meus pensamentos. Meu peito vibrou com a lembrança de Liliana rindo de mim por estar com uma expressão boba, enquanto íamos para casa após o jogo de hóquei.

Como sentia falta das minhas garotas!

Talvez, tenha ficado aos seus pés na detenção, quando, na verdade, queria ficar o mais longe possível dela.

Eu sonhara com ela por algumas noites antes de ve-la novamente no Instituto. Clary estava saindo do carro de Daniel, a farda bem passada e os cabelos longos presos em um coque baixo. Lembro-me como me amaldiçoei por estar pensando novamente em uma garota em que Clark estava de olho. Amanda havia sido suficiente para estragar nossas vidas.

Ao esbarrar com ela em um dos corredores do Quartel General, pensei em como o destino estava brincando comigo outra vez. Como estava errado!

Eu tentei mante-la longe, tentei mesmo. Permiti que tomasse uma surra no primeiro dia de aula, para que assim ela me visse com maus olhos. Fui grosseiro, horrível, esforcei-me para não deixar que ultrapasse minha bolha imaginária. Mas aos poucos ela lutou para estar ao meu lado, viu por entre as frestas da minha muralha e me ajudou a superar meus demônios.

Os dias foram passando, e conforme nos encontrávamos, ela complicava as coisas ainda mais. Era cada vez mais difícil manter minhas mãos longe dela, manter Clary longe dos meus pensamentos. Por mais que na metade do tempo tenha deixado de ser seu instrutor, o que foi um grande golpe de Daniel, tenho que admitir, os nossos corpos eram atraídos como abelhas são atraídas por mel.

As semanas iam se completando na guerra, e as lembranças iam se alternando no decorrer da noite. Eu estava tão nostálgico. Falam que as pessoas ficam assim, remoendo o passado, quando estão prestes a morrer. Possívelmente sim.

Fiquei surpreso ao ver Clarissa na minha porta quando foi saber de Lily. Ela estava tão envergonhada por estar a sós comigo pela primeira vez, e brava, por eu não ter te dado notícias sobre Liliana, ou sobre mim; o que, estranhamente, lhe dava um aspecto lindo. Naquele momento, minha vontade de beija-la se sobressaiu a qualquer outro em que pensei em realmente fazer aquilo.

Eu já sabia que estava apaixonado por ela no momento em que nossos lábios se encontraram.

Depois daquilo, tenho que dizer como Daniel foi uma verdadeira dor na bunda. De uma certa forma, eu o entendia, entendia seus sentimentos por Clary, até porque sentia o mesmo por ela, e suas ações para nos manter um longe do outro. Em muita das vezes deixamos nosso passado falar mais alto e refletir sobre o nosso presente e sobre Clarissa. Eu o odiava, e não era pouco.

No meu conceito, meu passado era constrangedor, apesar de ter me feito mais forte. Eu havia visto minha mãe definhar na cama, meu pai beber até cair, e não fiz absolutamente nada para ajudar os envolvidos. Logo a pessoa que mais me amava tinha morrido e Ashton nos abandonado. Foram tempos difíceis para Jane e eu. Ela deu tudo de si para cuidar de mim, me educar e não deixar faltar alimento na mesa.

Quando entrei no Instituto, e conheci Daniel, soube que tinha encontrado um bom companheiro ali. Contara tudo o que passei quando era mais novo, desde meus pensamentos a meus atos covardes, e confiei nele cegamente. 

Eu o tinha como um irmão, e quando veio me falar sobre ele e Amanda, não me importei em dizer que estava tudo bem. Daniel era mais importante que garotas, mesmo também estando apaixonado por Amy.

Tudo aconteceu muito rápido. Amanda na minha porta, nós dois nus no sofá e Daniel nos pegando. Eu não me importei na época com seus sentimento, até mesmo porque queria feri-lo como havia feito comigo; o trair, para que sentisse o que eu sentia naquele momento. Amy veio me procurar depois, mas eu estava péssimo, sabendo que todos sabiam sobre meu passado e meu caráter. Logo após isso, recebi a ligação falando sobre o acidente.

Nós nos odiamos por anos, sempre se bicando pelos corredores. Eu fechei a cara para o mundo, deixando apenas que minha família visse meu lado carinhoso, e não permitia que alguém do Instituto tirasse onda com minha cara, mesmo sem nunca terem citado meu passado. Criei uma reputação horrorosa por la, mesmo sendo o melhor aluno da minha turma. Pegava quantas garotas quisesse e vivia reprimindo meu ódio por tudo para descontar em Daniel.

Meu amigo lutou para manter Clary e eu afastados, mas dessa vez estava decidido que lutaria ainda mais, com unhas e dentes, para te-la ao meu lado. Eu não desistiria do amor de novo por ele. Eu tinha a conhecido primeiro, a amado primeiro, e se ela quisesse, seria eternamente dela.

Entretanto, o golpe mais duro não veio de quem eu pensava.

Minha relação com Linda nunca foi fácil. Antes mesmo de Amanda, ela já não gostava de mim, apenas por não ir com minha cara debochada. Depois de Amanda, ela encontrou um motivo real para me odiar. Eu havia aberto a mão da pessoa que gostava por meu amigo, e Linda, como consequência, tinha ficado sem Daniel. Ela sabia sobre meus sentimentos por sua irmã, e me odiava por ter escolhido a amizade em vez do amor.

Linda havia me beijado propositalmente para ferir Clary. Quando seus lábios encontraram os meus, eu fiquei sem reação. Nós já tínhamos brigado algumas vezes por aqueles corredores, e lá estava ela, me beijando sem nenhuma explicação. Ao ouvir o barulho de livros caindo no chão, me despertando daquela paralisia de choque, vi Clary agachada perto de nós, e de repente tudo fez sentido. Eu não tinha dúvidas de que ela tinha visto tudo. A cena havia sido programada para ela ver.

Foram momentos difíceis. Eu sempre desejava ter Clary por perto, poder tocar em sua pele e ouvir a sua voz. O simples ato de conversar, de ter sua companhia, seria o suficiente para mim. Eu a via de longe, acompanhada dos amigos, e me sentia péssimo. Queria me aproximar, me reconciliar com ela, mas o ódio do passado, das suas palavras duras jogadas na minha cara sem saber o meu lado da história, não permitiam.

Sabia que tinha dito coisas horríveis a ela enquanto discutíamos. Eu não poderia fazer isso novamente, iria ser desastroso para nós dois. Então, esperei. Esperei a raiva diminuir, e tentei superar o passado.

Não aguentaria passar mais nenhum minuto se quer longe dela. Clarissa era muito mais importante que Daniel, Amanda e nossa história. Uma vez disse a ela que algumas coisas deviam ser deixadas no passado, e eu sabia que o ódio era uma delas.

Sendo assim, contei o meu lado da moeda, pedi perdão e me declarei de todo coração. Um dia depois, eu quase a perdi.

Quando Samanta me ligou do hospital, totalmente desesperada, senti o chão dos meus pés sumirem.

Nós finalmente havíamos nos reconciliado, estávamos juntos de verdade, e, de repente, tudo estava em cheque novamente.

Foi difícil chegar no hospital sem bater o carro com minhas mãos tremendo no volante, meu coração apertando no peito. Eu nunca fui muito religioso, mas naquele momento me peguei rezando para que ela ficasse bem.

Ao ve-la com os olhos verdes abertos, consciente e atenta a tudo a sua volta, prometi a mim mesmo que nunca mais sairia do seu lado ou a perderia.

Mal sabia eu o que me esperava.

*                                  *                                 *

Mais um cap, uhuu !!

Este é o primeiro, e único, capítulo de GeA que não contém nenhuma fala, apenas pensamentos e reflexões. Este capítulo é muito importante e nesse formato para entendermos melhor o lado de Jacob, o ponto de vista dele.

Espero que tenham gostado, e gostaria de saber a opinião de vocês, o que estão achando e o que acham que vai acontecer daqui pra frente ;)

Aliás, só temos mais 9 capítulos 😱

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Até!!

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