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-Jacob!- Samanta abriu um sorriso de orelha a orelha ao me ver, e retribui da mesma forma. Eu estava amando rever todos. A mãe de Clary estendeu os braços para frente, e a abracei forte.
- Eu também estava morrendo de saudades- Ri fraco, me lembrando como minha sogra e eu nos dávamos bem.
O seu jeito brava e mandona me divertia, e houve dias em que passamos tardes inteiras conversando. Samanta era uma mulher forte, que tinha passado muitos perrengues, mas batalhado e superado todos eles.
Conseguia ver muito dela em Clary.
-Quando Clary me contou que tinha voltado, fiquei tão feliz!!
- Ela está ai?- Me separei dela, tentando olhar por sobre seus ombros. A casa estava como sempre lembrava, também silenciosa. Samanta abriu espaço para que eu entrasse e fechou a porta.
-Ela está lá em cima- Apontou com a cabeça para o segundo andar, e em seguida me olhou receosa. - Sei que já a viu, viu que espera um filho seu, e quero te pedir, Jacob, que não a magoe mais do que já fez.
-Eu não vou. Prometo!- Não estava ali para a machucar mais, como havia feito no passado, mas sim pelo contrário.
Subi as escadas sentindo meu coração bater acelerado, quase saltando pela boca. A porta do quarto de Clary estava entreaberta, e bati antes de entrar, já revisando o discurso que tinha preparado todos esses últimos meses. O cômodo, agora com um berço perto da cama, e algumas roupas de bebê espalhadas, estava vazio, mas ouvi o barulho do chuveiro ligado vindo de seu banheiro.
Caminhei silenciosamente até o berço, vendo mais roupas em cima do pequeno colchão. Peguei um body amarelo, com a escrita " Sou o bebê do tio D" estampada em letra cursiva vermelha, e não consegui segurar o riso.
Céus, Daniel!
-Jacob- Ouvi a voz assustada de Clary atrás de mim, e minha risada morreu imediatamente. Coloquei a peça de roupa em seu lugar, e me virei para ela.
Clarissa estava vestindo seu shorts curto do pijama, e um cropped preto e largo. Encarei por alguns minutos sua barriga grande e redonda, que estava exposta.
Ainda era inacreditável que íamos ter um bebê, mas minha felicidade aumentava cada vez mais que pensava no assunto. Sabia que não merecia tal presente, mas iria lugar cada dia para merecer e ser um bom pai.
Meus olhos foram de encontro a um par de íris verdes brilhantes. Clary, mesmo vestida com seu pijama velho e alargado, conseguia ser a mulher mais linda.
Dei alguns passos em sua direção, mas parei quando a vi recuar, não querendo minha aproximação. Respirei fundo, buscando ar para começar a falar. Mas, ali, olhando para ela, me vi sem palavras e com a mente em branco.
- Eu bati, mas você estava no banho- Apontei por sobre meus ombros a porta do quarto ainda meio aberta, meio fechada. Limpei minha garganta, tentando recobrar a memória, e bufei frustrado.- Todo o caminho para cá, vim revisando um discurso no qual tinha preparado, com tudo o que queria lhe falar, mas agora, aqui, olhando para você, não consigo me lembrar de nenhuma palavra se quer.
-Bom, que tal começar pelo começo-Clary riu fraco, sentando-se na cadeira de sua escrivaninha. Optei por ficar em pé, pois assim conseguiria me concentrar no que tinha que dizer a ela. Quando as palavras começaram a surgir, comecei a caminhar de um lado para o outro.
-O começo, bom... Tudo começou quando meus olhos foram de encontro a um par de íris verdes brilhante e curioso. Desde aquele dia, ao me deitar para dormir, tenho como companhia a imagem daquele par de olhos que tanto consegue mexer comigo.- Olhei para ela rapidamente, vendo sua expressão surpresa por não esperar que eu começasse daquela forma. Aquele não era o discurso no qual havia preparado, estava sendo tudo de coração.- Eu cometi muitos erros na minha vida, mas um dos maiores foi ter te magoado, sendo que é a pessoa que mais amo. Em vez de ter ficado ao seu lado, eu te afastei, te machuquei de várias formas, e não me esforcei para ser digno de você. Mas aqui estou eu, implorando para que me perdoe por tudo, e pedindo de todo coração que acredite em mim quando digo que tentarei com todas minhas forças não magoa-la nunca mais e nem sair do seu lado. Prometo ser um bom pai para nosso bebê, o amar e ser devoto tanto quanto serei a você.
Parei de falar ao ouvir os soluços dela, e me virei para encara-la. Lágrimas pesadas rolavam pela bochecha de Clary, e ao ver que notei suas emoções mal contidas, afundou o rosto nas mãos. Percebi seu corpo tremendo contra a cadeira de rodinhas, e ela negou com a cabeça.
Por um momento meu coração parou, com medo dela estar me repudiando e não me querer mais.
- Quando eu o vi pela última vez, disse que o odiava, quando na verdade não era isso que deveria ter dito- Me ajoelhei a sua frente, tirei as mãos de seu rosto para que eu pudesse olhar em seus olhos e enxuguei suas lagrimas, não querendo a ver sofrer mais do que já tinha.
- Eu sei. E me perdoe por isso- Beijei uma lágrima que insistiu em cair, sentindo um aperto no peito. - Não deveria ter feito aquilo; te afastar, mentir para você e não lhe contar a verdade.
-Eu teria ficado ao seu lado até o último minuto.
-Não duvido disso nem por um milésimo de segundo.- Tomei coragem para encostar meus lábios nos seus superficialmente, temendo que estivesse apressando de mais as coisas entre nós dois.
Clary passou os braços em volta do meu pescoço, seus dedos se perdendo entre os fios dos meus cabelos que agora estavam em sua cor natural, castanho claro. Ela me puxou para si, mas nenhum de nós ousou aprofundar aquele beijo intenso de outras formas.
Minha pele, meu corpo, e minha alma, desejaram o toque dela por meses. Sentir seus lábios nos meus, suas mãos delicadas encostando em meus cabelos e o calor de seu corpo aquecendo o meu. Nesse momento meu coração transbordou de satisfação e alegria.
Eu não lembrava o que era sentir felicidade a muito tempo.
Quando nos separamos, nos encaramos olho no olho, cada um olhando para a porta da alma do outro. Pensei em desviar, receoso do que ela iria encontrar. Foram tempos de destruição e morte, mas permaneci firme ao encara-la. Sabia que Clarissa me aceitaria da forma que eu me moldasse.
Nós nos deitamos em sua cama, a brisa quente vindo da janela aberta nos abraçando. Como as cortinas não ocultavam o brilho da lua, conseguia ver Clary nitidamente mesmo com as luzes apagadas. Nós conversamos por horas sobre os últimos meses, sempre nos tocando quando sentíamos necessidade.
-Você está de quantos meses?- Perguntei colocando a mão sobre sua barriga, logo após ela narrar como foi que descobriu sua gravidez e como todos reagiram.
- Oito.- Colocou a mão sobre a minha, entrelaçando nossos dedos.- Esse garotão irá nascer daqui um mês.
-É um menino, então?- Não consegui segurar o sorriso de orelha a orelha que se formou em meus lábios. É claro que por um momento me perguntei qual seria o sexo do bebê, mas para falar a verdade, não me importava qual seria. Menina ou menino, iria amar incondicionalmente igual. - Você já escolheu um nome?
- Sim.- Ela desviou o olhar do meu, olhando para o teto pensativa e perdida em memórias do passado. Antes de responder, voltou a me olhar e levou a mão até minha barba rala.- William.
O nome de seu pai.
Cheguei algumas vezes ver como Samanta falava do meu falecido sogro, como ela o amava, e mesmo Clarissa não o tendo conhecido, sabia que ela o amava também pelo homem que ele fora em vida. Ela me contara que William tinha sido um dos motivos dela ter escolhido o Instituto Militar de Nova York para estudar, e o agradeceria imensamente por isso todos os dias.
-É perfeito!- Sorri, mas congelei logo em seguida ao sentir William chutando. Olhei para Clary atordoado, não acreditando que sentira aquele pequeno sinal de vida do meu primogênito pela primeira vez. Ela sorria com os olhos brilhando, úmidos.
-Desde que ele ouviu sua voz, não para quieto.
-Oh, eu te amo tanto!!- A puxei para perto, me sentindo finalmente em paz e em casa.
Não poderia descrever minha alegria naquele momento, mas nada se comparava àquilo.
* * *
Chegamos ao último capítulo e damos boas vindas a última semana de postagens de Guerra e Amor 😭😭Aqui nos despedimos do nosso amado e complicado Jacob ♡
Amei escrever o seu lado da historia, seus pensamentos, desejos e anseios...
Quinta-feira irei postar o epílogo e encerrar a história, então...
Até lá!!!

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Guerra E Amor
RomanceEm tempos de tensão, com o país propício a qualquer momento entrar em guerra com Aslan, um continente fortemente armado, Clarissa Maclain estava prestes a realizar um sonho. Pelo menos era o que ela pensava... Em uma cidade nova, com novas amizades...