Capítulo 18

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- Vamos lá pessoal, vocês conseguem- Daniel gritou, batendo palma enquanto andava atrás de nós avaliando nossos arremeços. Respirei fundo, pensando que dali um dia finalmente seria o fim de semana e enfim poderia descansar meus músculos e mente.

Estávamos no treino, na área de tiro, segurando algumas adagas na mão, prontos para atirarmos. Ou quase isso. Arrumei meus pés, afastando-os e colocando o pé de apoio na frente do corpo, e tentei mirar no alvo. Foi inevitável não pensar na primeira aula de Jack perto dos bonecos de plástico.

Ele estava tão próximo que me forcei a prestar atenção no que estava fazendo, pois minha mente traidora sempre me atraia para Jacob e a corrente de calor que deixava aonde me tocava. O menino de olhos azuis tomara cuidado com minha dor nas costelas e aquilo havia chamado minha atenção. Com uma lembrança puxando a outra, me lembrei de como havia me tratado da ultima vez que nos vimos. Passei a noite toda me revirando na cama, pensando sobre o acontecido. Imaginando se não teria sido coisa da minha cabeça.

Jacob sempre foi arrogante comigo, com seu jeito frio, palavras duras e olhares fulminantes. Mas.. mesmo assim, havia preocupação em seus olhos quando tinha ficado fraca. Depois das 3 da manhã, já tinha concluído que não era bobeira, algo que minha mente criara, e realmente ele estava se importando comigo naquele momento.

Então outras questões invadiram minha mente. Por que estava pensando se Jacob se importava ou não? Por que eu não conseguia parar de pensar nele?

Quando finalmente consegui dormi, o sol já nascia. Eu estava mais exausta.

-Vamos, Clary-Daniel ordenou, e tentei me concentrar. Mirei no alvo, atirando logo em seguida. A adaga passou longe do boneco, voando em direção a algumas arvores que tinham atrás do estande. Atirei mais algumas, mas não acertei nenhuma. Droga. Eu era péssima naquilo também.

Eu tinha que melhorar, sabia que tinha. As provas não eram apenas escrita, mas também havia a prova física. Iriam nos testar no combate corpo a corpo, nos tiros com adagas e na piscina. Para a minha sorte, iriamos aprender tiro com arma de fogo só no segundo ano e luta com facas no terceiro.

Me lembrei dos vários cortes cicatrizados nos braços de Jacob. Ele era um ótimo aluno, se não, não estaria entre os 3 top do Instituto, e já tinha várias cicatrizes. Não gostava de pensar com quantas ficaria por ser tão ruim no combate corpo a corpo.

Quando o treino acabou, me dirigi para a fonte d'água sentindo que se alguém entrasse na minha frente, ou me olhasse com um olhar torto, eu iria pular no pescoço dessa pessoa. Estar cansada não ajudava, pois parecia que ficava mais frustrada ainda com coisas idiotas. O jardineiro nos conduziu novamente para a quadra de futebol, para continuarmos o trabalho por lá.

Dividimos como no dia anterior. Eu rastelava, enquanto Jack cortava a grama e Duncan arrumava a outra arquibancada. Estávamos indo bem na detenção, e faltava menos de uma semana para terminarmos, graças aos céus. Bom, pelo menos para Jack e eu. Depois de um tempo trabalhando de baixo do sol, vou até uma das arquibancadas pegar uma garrafinha de água.

- Não vai querer desmaiar de novo, não é?!- Ouvi Jacob se aproximando.

Quase engasguei com a água quando o vi sem camisa. Seu peitoral era bem definido, parecendo que passava horas na academia, e notei alguns cortes por lá também. Tentei desviar o olhar, o que foi muito difícil, pois Jack realmente era muito bonito.

- Se te pegarem, não vão chamar sua atenção?- Perguntei apontando com a cabeça em sua direção, sacudindo minha cabeça para espantar os pensamentos maliciosos que invadiram minha mente. Ele olhou para si, percebendo que me referia a estar com o tronco nu.

- Eu já estou na detenção mesmo- Deu de ombros, não se importando em ser pego.

Não consegui evitar que meu olhar caísse novamente para o lugar que estava descoberto, brilhando com uma fina camada de suor. Jacob fez um barulho com a garganta, chamando minha atenção e senti minhas bochechas queimarem muito. Merda. Ele havia me pegado o admirando.

- Você esta bem?

- Sim, estou- Fechei a garrafinha de água, voltando a trabalhar. Tentei ao máximo me concentrar no que fazia, evitando o olhar e passar mais vergonha. Me repreendia sempre que me pegava olhando para Jack, mesmo que de canto, e tantava, sem sucesso, pensar nas provas no fim do semestre. No fim da detenção, nós 3 tínhamos terminado nossos trabalhos.

O sol já havia ido embora, dando lugar a nuvens carregadas. Enquanto caminhávamos em direção ao estacionamento, senti pingos de chuva cair em meu rosto e o vento gelado bater em meus cabelos, os bagunçando.  Corri para o carro de Steve, encontrando apenas o motorista dentro. O cumprimentei.

-Seu amigo não quer uma carona?- Marcy, o motorista, apontou com a cabeça. Olhei na direção que apontara, vendo Jacob sendo encharcado pela chuva que parecia ficar mais grossa a cada minuto. Marcy dirigiu até onde Jack estava.

- Quer uma carona?- A baixei o vidro do carro, já sentindo algumas gotas baterem nas minhas coxas.

- O que seu namoradinho diria sobre isso?

Revirei os olhos, sentindo o sarcasmo em sua voz. Jacob estava com as roupas coladas no corpo, os cabelos molhados caindo sobre seus olhos e podia ver que ele estava se segurando para não começar a tremer de frio.

-Entre logo. A não ser que queira ficar resfriado- Abri a porta, me afastando para que ele entrasse. Jack adentrou no veiculo, pedindo desculpas a Marcy por estar encharcado e molhando o banco do carro.

- Tudo bem, filho. Aonde você mora?- O motorista perguntou educado.

Segurei minha respiração por um momento, com medo de Jacob ser antipático com Marcy, que sempre fora muito educado com todos. O menino ao meu lado explicou, agradecendo logo em seguida pelo favor. Respirei aliviada.

Aparentemente ele era um garoto bom na frente dos mais velhos.

- Como esta sua mãe?- Jack perguntou depois de algum tempo, me pegando de surpresa. Estava bastante silencioso dentro do carro, apenas com o barulho da chuva la fora e um jazz baixinho que tocava no rádio. Eu não pensei que ele se importaria tanto, ou se quer lembraria, para perguntar sobre minha mãe doente.

- Ela melhorou- Sorri fraco, achando estranho aquele seu lado, mas gostando.

Ele assentiu, voltando a olhar para fora da janela, onde o mundo acabava em água. Não demorou muito para Marcy estacionar em frente a uma casa branca, de apenas um andar. Havia um carro na garagem que ficava a direita da porta de entrada, e as luzes da casa estavam todas apagadas.

-Obrigada, Sr. Marcy- Jack agradeceu mais uma vez antes de sair do veículo. Ele correu até a porta de sua casa, adentrando. Marcy deu partida, indo em direção a casa dos Clark.

*                                  *                                 *

Atéé!!

Guerra E AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora