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Respirei aliviada quando Jacob abriu a porta e o vi com uma calça moletom e camisa azul, todo vestido. Seus cabelos estavam molhados e bagunçados, indicando que acabara de sair do banho.
-Entra- Deu um passo para o lado, abrindo espaço para que eu entrasse na casa. – Vou pegar algo para comermos.
- Obrigada.- Caminhei até a sala para colocar minha bolsa em cima do sofá.
Podia ouvir Jack atrás de mim, batendo as portas dos armários e abrindo a geladeira. Olhando ao meu redor, notei novamente os quadros em cima da lareira, que haviam chamado minha atenção na ultima vez que estivera ali.
Caminhei até lá, aproveitando a distração do dono da casa. De imediato reconheci Jacob e Jane, ambos na maioria das fotos. Alguns retratos eram mais recentes, como Jack com Liliana, e em outra, toda a família reunida no sofá da sala.
Já outros quadros eram antigos.
O que mais chamou minha atenção em especial foi o que Jack aparentava ter 7 ou 8 anos. Ele estava sentado no balanço de um parque, com uma mulher sorrindo e o abraçando por trás. Conclui que era a mãe de Jacob, não pelos cabelos escuros ou os olhos azuis, que por sinal ela não tinha, mas sim pelo formato do rosto tão parecido com o de Jane. Notei então como o cabelo de Jack era claro, quase loiro, quando era menor.
Estava tão concentrada nas fotografias que não o ouvi se aproximar e só percebi sua presença quando envolveu minha cintura com seus braços, tendo de se inclinar um pouco para ficar a minha altura.
- O que tanto olha aí?- Senti sua respiração batendo em meu pescoço, sua voz rouca me arrepiando dos pés a cabeça. Jack estava tão perto que podia sentir seu corpo quente aquecer o meu.
- Sua mãe era linda- Encarei novamente o retrato dos dois em um dia ensolarado. Me virei para ele, não permitindo que me soltasse, já que amava seu toque em minha pele. – Só não entendo da onde vem esse cabelo quase preto e os olhos azuis.
- Bom, um deles é genética, o outro é da farmácia.
- Você pinta o cabelo? – Não consegui segurar o riso, incrédula.
- Fique quieta- Me puxou para perto, tão perto que a ponta dos nossos narizes se encostaram. Prendi a respiração, parando de rir, perdida naquele mar azul que eram seus olhos.
- Por que não mora com seus pais?- Quebrei o silêncio que se instalara entre nós, curiosa sobre sua vida.
Eu queria o beijo dele, ah como eu queria!!
Sentir seus lábios carnudos sobre o meu, sua língua indo de encontro a minha. Mas não havia esquecido a razão de estar ali.
Jack se afastou, mas continuou com os braços em volta da minha cintura. Ele pareceu por um momento se perder nas lembranças do passado, então engoliu em seco.
- Minha mãe morreu quando fiz 10 anos, e meu pai nos abandonou logo em seguida- Senti por seu tom de voz, e pelo brilho em seus olhos, como o assunto era doloroso para ele.
Minhas bochechas coraram, envergonhada por ser tão curiosa. Jane havia me dito no hospital que por muitos anos a vida dos dois não tinha sido fácil. Era aquilo.
- Eu sinto muito.
Ele deu de ombros, desviando o olhar do meu.
- Esta tudo bem. Já faz mais de 12 anos- A forma como falava era contraditória em relação ao que seu corpo mostrava.
Apesar de tantos anos terem se passado, seus músculos tensos e a dor em seus olhos indicavam que não havia verdadeiramente superado a morte de sua mãe e o abandono de seu pai.
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Guerra E Amor
RomantizmEm tempos de tensão, com o país propício a qualquer momento entrar em guerra com Aslan, um continente fortemente armado, Clarissa Maclain estava prestes a realizar um sonho. Pelo menos era o que ela pensava... Em uma cidade nova, com novas amizades...