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"Minha amada Clarissa,
Não sei se começo esta carta te pedindo perdão por ser tão tolo, ou escrevendo o quanto a amo e em como esse amor não cabe dentro de mim.
Eu sinto muito...
Espero que um dia você possa me perdoar por minhas ações, agora eu percebo, egoístas e mesquinhas. Eu não tinha o direito de escolher por nós dois como seria nosso futuro, como a deixaria para ir a guerra.
Fazia tanto sentido em minha cabeça que deixa-la me detestando, me desprezando, tornaria a dor de me perder menor e mais fácil de lidar. Fui tão estúpido!
A poucos dias em uma missão com meu piloto, nós fomos atacados. Meus últimos pensamentos antes de apagar foram em você, no seu sorriso encantador e em como te deixei. Antes de desmaiar, soube imediatamente do erro que cometi ao deixa-la da forma como fiz. Eu não dormiria em paz ao saber que minha luz estaria me odiando...
Me perdoe por ser tão idiota. Nunca a trairia, porquanto a única que desejo ter em meus braços é você. A única que desejo beijar e amar. Somente você é a primeira em meu coração, eternamente.
Daniel nunca esteve tão enganado em sua vida ao dizer que me apaixonei por você porque ele te queria, porque também era apaixonado. Todos os dias antes de dormir me lembro daquele noite fria na qual o destino nos uniu no Central Park.
Eu te amei no momento que seus olhos cruzaram com os meus.
Eu sinto sua falta. Falta do seu cheiro, do seu toque, de ouvir sua voz, de contemplar sua expressão emburrada, que a deixa tão linda. E lamento saber que nunca mais olharei no fundo dos seus olhos.
Gostaria de ter vivido uma vida na qual nós dois ficaríamos juntos até os nossos últimos dias. Ter criado uma família, nossos filhos, e ao decorrer da vida, conquistado a felicidade por estarmos simplesmente juntos. Cada pedacinho meu sente falta de cada pedacinho seu.
Eu te amo, Clary.
Eu te amo com todas minhas forças, por um milhão de anos.
Para sempre seu,
Jacob Sheperd."
Olhei para a carta aberta, jogada em cima de minhas pernas, antes de voltar a atenção para minha mãe.
Grávida.
Tentei assimilar aquela palavra, o peso que carregava. Procurei nos olhos de Samanta qualquer indício de que não estava falando sério, que tudo aquilo não passava de uma piada. Não encontrei.
Por que ela brincaria com algo tão sério, afinal?
Tudo começou com um pequeno soluço no qual não consegui conter antes que saísse de meus lábios. Senti meu coração apertar dolorosamente em meu coração, e então, tudo explodiu em milhões de pedaços.
Minha barreira, antes rachada e danificada, não aguentou mais segurar minhas emoções e se quebrou em pequenos pedaços cortantes. Semanas reprimindo-os, os sentimentos me atingiram com força, violentamente, me derrubando.
Tristeza profunda, misturada com ódio, saudade e aflição, me tomaram.
Quando me dei conta, os braços de Daniel já estavam ao meu redor, tentando me acalmar. Eu estava aos berros, chorando feito criança. Lágrimas grossas escorriam por minha bochecha, embaçando minha visão. Podia sentir meu corpo convulsionar, tremendo descontroladamente, enquanto meus músculos davam pequenos espasmos.
- Clary, por favor...- Ouvi a voz de Daniel ao longe carregada de preocupação e suplica. - Por favor...
Eu tentava parar, mas a cada segundo uma onda de sentimentos oprimidos por tanto tempo me atingia, tornando impossível cessar aquela reação melodramática. Tudo piorou quando as lembranças vieram. Elas pareciam vir como flashes para me torturar ainda mais.
Jacob me olhando com aqueles olhos azuis intensos no corredor do Instituto, quando nos trombamos pela primeira vez no Campus. Jacob com o rosto desafiador próximo ao meu quando o peguei aos beijos com outra garota logo no segundo dia de aula. Jacob me beijando em sua casa, tomando meu coração com suas mãos. Jacob fazendo carinho em meus cabelos, ou rindo sobre algo. Jacob, Jacob Jacob....
Minhas mãos pousaram sobre minha barriga, onde o fruto do nosso amor, a certeza viva de que ele havia existido, permanecia.
Nós iríamos ter um bebê!
Não consegui segurar que mais um grito escapasse.
Por que?!
Eu já amava aquela criança com todo meu coração.
"Gostaria de ter vivido uma vida na qual nós dois ficaríamos juntos até os nossos últimos dias. Ter criado uma família, nossos filhos, e ao decorrer da vida, conquistado a felicidade por estarmos simplesmente juntos."
Foram as suas palavras. O que ele teria dito ao descobrir que esperava um filho seu?
Eu nunca iria saber. E a única certeza que tinha era de que sempre me perguntaria como seria ter Jacob ao meu lado, mas não teria a resposta.
Vi Daniel pegar a carta em cima das minhas pernas, e a ler rapidamente. Na guerra os soldados não podiam ficar com celulares, ou outro tipo de aparelho comunicativo, garantia para que nenhuma informação fosse vazada. Sendo papel e caneta o único meio de comunicação, como antigamente.
Meu melhor amigo me olhou com tristeza, compreensivo.
- Ah Clary!- Ele me abraçou novamente, sua voz embargada devido as lágrimas. Nós dois começamos a chorar abraçados, tremendo um contra o corpo do outro. - Eu sinto tanto, tanto.
Ficamos abraçados até todos os sentimentos sufocados me sufocarem, e enfim me libertarem, me deixando livre novamente para poder olhar ao meu redor, para as pessoas que me amavam e só queriam o meu bem.
Eu havia errado tanto nessas últimas semanas. Ignorado-os, sendo rude e querendo distância. Como fui tola!
Acabei adormecendo nos braços de Daniel.
* * *
Esse capítulo foi um dos mais impactantes da história, e um dos mais difíceis pra eu escrever também, mas achei o resultado muito bom e amei *-*
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Até!!
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Guerra E Amor
RomanceEm tempos de tensão, com o país propício a qualquer momento entrar em guerra com Aslan, um continente fortemente armado, Clarissa Maclain estava prestes a realizar um sonho. Pelo menos era o que ela pensava... Em uma cidade nova, com novas amizades...