Capítulo 48

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Senti alguém pegando em minha mão, e com o polegar, fazendo um leve carinho sobre ela. Abri os olhos lentamente, piscando algumas vezes devido a luz forte que vinha das janelas abertas, e tentei focar na pessoa ao meu lado.

Daniel.

Ele mantinha os olhos baixos, pensativos, e não percebeu quando acordei. O analisei rapidamente, vendo um corte pequeno em uma de suas sobrancelhas e sua perna enfaixada.

Como em um flash, a imagem do caminhão vindo em nossa direção e o carro capotando veio em minha mente. Antes de apagar, quando o carro capotava, senti uma dor forte em minha cabeça e depois já não via mais nada.

- Clary- Sua voz saiu baixa, receosa.

O olhei nos olhos, vendo como estava preocupado, e ao mesmo tempo feliz, por me ver acordada. Ele apertou ainda mais minha mão, a levando até seu peito.

- Me perdoe... me perdoe por ser tão estúpido e por ter colocado sua vida em risco.

- Está tudo bem, Daniel- Passei minha mão livre em seu cabelo, o bagunçando um pouco. Minha voz saiu falha e fraca, e, ao tentar dizer algo a mais que o confortasse, o esforço me fez gemer com minha cabeça dando pontadas de dor.

- Eu podia... você poderia estar morta agora.- Vi seus olhos ficarem úmidos. Ah, Daniel. Ele estava se sentindo tão culpado por tudo o que aconteceu.- Eu fui um tolo.

- Ainda bem que sabe- Uma voz grave e dura o respondeu desta vez.

Senti um arrepio subir por minha espinha e os pelos dos meus braços ficarem em pé. Olhei para Jack, que fechava a porta atrás de si e começava a caminhar em nossa direção.

Diferente das muitas vezes que o vi, ele vestia uma calça jeans clara, camisa xadrez vermelha e os cabelos desarrumado. Seu semblante era sério, com os olhos atentos. Nosso olhar se cruzou por um momento, e ele sorriu doce.

Meu coração acelerou ao ve-lo tão vuneravel, tão lindo. De repente, senti uma necessidade em passar a mão por seus cabelos escuros e ter minha pele em contato com a sua.

- Como esta se sentindo?- Perguntou, ainda mantendo distância. Olhei para Daniel, que encarava o chão, parecendo envergonhado.

- Bem- Menti, ocultando a dor em minha cabeça enfaixada. Engoli em seco, criando coragem para dizer o que tanto desejava a tempos.

Uma solução para a briga de anos dos dois, enfim.

- Jack, nós precisamos conversar. Nós três.

-Clary, por favor...- Daniel suplicou, olhando-me desta vez e pedindo silenciosamente para que não continuasse. Mas eu precisava, eu necessitava acabar com aquilo de uma vez por todas.

Se eu pudesse, colocaria meus tênis de corrida e sairia para correr entre as ruas, e assim pensaria sobre qual seria o melhor momento para falar para ambos sobre a verdadeira face de Amanda e qual a melhor forma. Depois de algum tempo, eu com certeza chegaria a conclusão de que não teria o melhor momento, nem o melhor jeito.

Amanda, o primeiro amor dos dois, havia mentido e agido de uma forma horrível, brincando com os sentimentos deles. Com certeza saber que os melhores amigos haviam se odidado por 4 anos, devido a uma mentira idiota, seria um choque.

-Amanda mentiu para você- As palavras deixaram um gosto amargo em minha boca quando as pronunciei em voz alta. Jack ficou confuso, perdido. - Daniel nunca contou nada para ninguém sobre seu passado no Instituto. Ele nunca fa...

- Espalhar boatos sobre Jack no Instituto?- Daniel riu nasalado, olhando-me um pouco assustado. Agora o quebra cabeça estava montado, eu tinha certeza. Tudo não passava de um mal entendido.- Nem depois de ve-lo dormindo com minha namorada! Eu sei como o passado dele...

Guerra E AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora