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- Você está perdida do seu grupo, presumo- Sua voz era grave e séria. Seus olhos, calculistas e desconfiados, já não carregavam mais amor ou preocupação. Ele usava farda, com um símbolo no peito indicando que fazia alguma engenharia, mas não soube reconhecer qual.
- Estava procurando um banheiro- Balbuciei a mentira que veio fácil. Eu não podia entregar Vicky, seria muita mancada. Ele me analisou, semi cerrando os olhos, e depois riu fraco.
-Engraçado, pois acabou de passar por eles- Apontou com a cabeça para algo atrás de mim. Virei minha cabeça lentamente na direção em que apontara, rezando silenciosamente para não ver o que eu achava que veria. A poucos metros havia uma porta indicando o banheiro feminino; Na direção em que eu tinha vindo. Merda.
Me virei para ele, sentindo minhas bochechas esquentarem muito. Tinha sido pega.
- Ok - Disse desviando o olhar do dele, tentando não pensar no sorriso sem vida que seus lábios carregavam- Eu só queria dar uma explorada, nada de mais.
-Você deveria estar com seu grupo- Ele rebateu, parecendo querer acabar logo com aquela conversa. Ele não estava convencido, e apenas assenti. Engoli em seco, tentando acalmar meu coração que a todo momento batia freneticamente.
-Certo- Passei por ele de cabeça baixa, sem coragem de encara-lo mais uma vez nos olhos. Achei meu grupo logo em seguida sem muita dificuldade. Depois de um tour pelo QG, fomos para a área musical do campus.
De todos os prédios, aquele era o que mais trazia paz e tranquilidade. Na entrada, havia uma recepção com uma secretária de óculos sentada mexendo em seu computar. Harry, que cursava na área dos instrumentos de cordas, começou a nos explicar como funcionava as coisas ali. Aquela prédio, e os cursos que o Instituto proporcionava, se você parasse para pensar, não iriam servir de muita utilidade na hora da guerra. Walsh, em suas palavras, disse que apesar do governo incentivar bastante a música, principalmente para os ex soldados de guerra como terapia, pediam para compensarem nos treinamentos físicos.
Em um certo momento, minha atenção já não estava mais no que o garoto de cabelos ondulados dizia ou no que ocorria a minha volta. Meus pensamentos estavam ocupados com um certo par de olhos azuis cruéis. Ele estava tão diferente do dia do parque, quando carregava vida em seus olhos e preocupação em todos seus movimentos. Pensando assim, percebi que ao menos sabia seu nome.
Eu, infelizmente, só tinha certeza de duas coisas. Uma, era que ele também estudava no Instituto, pois estava usando a farda obrigatória e parecia conhecer bem os corredores da área de engenharia. Quanto a isso, eu não sabia muito bem o que pensar, ou como reagir. Seria bom?
Eu realmente não sabia.
A segunda, era que fazia alguma engenharia, e, como consequência, iria sempre esbarrar com ele no QG, onde ficava não somente o refeitório, como também a biblioteca e a direção.
Com o tempo, Vicky voltou para meu lado novamente, com o coque mais desarrumado que antes.
- Você é louca?- Perguntei sussurrando em seu ouvido para ninguém ouvir o que conversávamos. Ela olhou para mim, e soube imediatamente do que me referia.
- Você me seguiu, Maclain?- Ela perguntou, lançando um olhar de reprovação pra mim. Dei de ombros.- Que feio.
Vicky balançou a cabeça com um sorriso malicioso nos lábios. Bufei revirando os olhos, sem conseguir conter um riso bobo. Aquela menina era encrenca, mas eu tinha gostado dela. Saímos do prédio, o contornando pela direita por um caminho entre as árvores. Arregalei um pouco os olhos ao ver 3 quadras enormes; 2 delas cobertas com telhado de ferro.
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Guerra E Amor
RomantizmEm tempos de tensão, com o país propício a qualquer momento entrar em guerra com Aslan, um continente fortemente armado, Clarissa Maclain estava prestes a realizar um sonho. Pelo menos era o que ela pensava... Em uma cidade nova, com novas amizades...