Capítulo 68

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-Você está grávida- Murmurei, ainda atordoado com aquela notícia surpresa. Instintivamente, ela levou a mão a barriga, de forme protetora.

Clary parecia estar de 7 ou 8 meses. Não fui estúpido e não precisei de mais de um segundo para fazer as contas e concluir que o filho que esperava era meu.

Nós íamos ter um bebê!

Era inacreditável. Nunca em meus sonhos havia pensado naquilo, naquela maravilha. Meus olhos voltaram a ficarem úmidos com a ideia de ser pai do filho da mulher que eu amava, e meu coração transbordou de alegria.

Eu não merecia esse presente, algo tão divino e puro, depois de tantas coisas que havia feito na guerra. Mas ali estava, bem na minha frente.

Me segurei para não correr até ela com todas as minhas forças, abraça-la e beijar aquele barrigão. Nós tínhamos muito a conversar. Eu havia deixado ela para trás de uma forma horrível, e não sabia se ela já tinha me perdoado por todas as mágoas que lhe causei.

Um clima estranho se instalou na sala, com as duas mulheres em silêncio, apenas me observando e observando meus movimentos. Ouvi os passos de mais alguém descer as escada, e Liliana apareceu atrás de Clary.

-Tio Jack!- Minha sobrinha, totalmente absorta do que estava acontecendo ali, desceu os últimos degraus e veio correndo em minha direção, se atirando em meus braços.

-Pequena- Me ajoelhei para ficar a sua altura e não me importei dela estar toda suja de glitter. Assim como com todos, eu estava morrendo de saudade dela, da sua esperteza e conselhos sábios de mais para uma garotinha, agora, de 11 anos.

Observei por sobre o ombro de Lili, Jane levar Clary para a cozinha em silêncio.

-Como você está?- Me afastei dela, encarando seus olhos tão inocentes. A menina estava radiante por me ver ali, vivo e inteiro.

-Eu vou ter um priminho!- Ela comemorou, fazendo uma dança engraçada, e senti meu peito vibrar, rindo de suas palavras e de seus passos desengonçados.

-Ok, pirralha.-Ouvi Jane a chamar pelo mesmo apelido que me chamava quando eu era pequeno, entrando na sala sozinha desta vez. Ela pôs a mão sobre os ombros da filha, e sussurrou algo em seus ouvidos que a fez ficar emburrada.

-Mas, mãe..

-Sem "mas"- Jane a cortou antes que pudesse continuar.- Vá logo.

-Ok.- Observei os ombros de Lili caírem para frente enquanto subia as escadas para o seu quarto desanimada.

Voltei a olhar para Jane, que também olhava a filha e logo em seguida deu um longo suspiro antes de se voltar para mim.

-Venha, vamos beber algo na cozinha.

Joguei minha bolsa com meus pertences em cima do sofá, e a segui até o cômodo ao lado. Murchei por dentro ao ver que Clary já não estava mais lá. Percebendo isso, Jane me lançou um olhar curioso antes de abrir a geladeira e tirar de lá um suco de laranja.

-Eu mandei Clary para casa em um táxi.- Respondeu minha indagação silenciosa, e comecei a protestar em relação a sua escolha.

Nós dois precisávamos conversar o quanto antes sobre nós, sobre o bebê. Jane me cortou com um olhar, não querendo me ouvir queixar-se.

- Não acho que ela esteja em condições de ter uma conversa séria com você. - Jane pegou dois copos, e nos serviu. - Não foi fácil para ninguém estes últimos meses, muito menos para Clarissa. Ainda mais da forma como você a deixou, e depois reaparece assim.

Guerra E AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora