Capítulo 66

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-Posso entrar?- Minha mãe bateu na porta, logo depois enfiando apenas a cabeça para dentro do quarto e apoiando o corpo na maçaneta.

- Claro- Sorri sem mostrar os dentes para ela, me afastando da beirada da cama e dando espaço para que se sentasse ao meu lado.

- Conseguiu descansar?- Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, me olhando com aqueles olhos castanhos examinadores de enfermeira. Confirmei com a cabeça.

Depois de ter dormido nos braços de Daniel na enfermaria, ele me trouxe para casa junto com minha mãe. Havia passado várias horas antes que eu acordasse, sentindo meus músculos, pela primeira vez depois de muito tempo, relaxados.

-Daniel está dormindo no sofá, esperando você acordar.- Ela apontou para a porta por sobre os ombros, sorrindo. - Ele é um bom amigo.

-Sim, ele é- Concordei, sabendo da sorte que tive por ter alguém como ele.

Um irmão de alma.

Minha mãe olhou para minha mão pousada em cima da barriga, e voltou a olhar para meus olhos. Nós ainda não tínhamos conversado sobre minha gravidez, mas sabia que, apesar de seu gênio forte, ela ainda me apoiaria e ficaria ao meu lado.

- Quando eu olho para você, muitas memórias do passado me vem a mente.- Ela sorriu fraco, colocando a mão sobre a minha.

Olhei para a mulher a minha frente, me sentindo orgulhosa por ter a tido como mãe. Não poderia pedir pessoa melhor para me educar e me criar como ela havia feito por tantos anos, e sozinha.

Samanta havia passado, basicamente, pelas mesmas coisas que eu estava passando agora. Ela ficara grávida de mim, e me criara só, pois meu pai tinha falecido na guerra. Mas, no meu caso, Jacob não sabia da minha gravidez antes de ir para Aslan, e não éramos casados.

Nunca seríamos!

Joguei esse pensamento para o fundo da minha cabeça, não querendo mais me auto torturar com algo que não tinha como voltar atrás ou mudar. Meu dever agora era apenas pensar em coisas positivas, me alimentar bem e não me afundar depressivamente em uma piscina de mágoas e tristeza.

-Quero um dia ser uma mãe tão exemplar como você foi para mim.- Entrelacei minha mão na sua, fazendo uma promessa ali.

Eu iria cuidar daquela criança com todo o amor que podia dar. Iria educa-la para ser uma mulher ou homem forte, como meus pais eram.

Quando saí de Portland, desejava encontrar um amor no qual fosse amada como Luke amava Rose, e amar como minha mãe amava a meu pai.

E eu havia encontrado isso em Jacob.

Eu o amava de todo coração, e sabia que tinha me amado ainda mais.

Olhei para minha barriga, imaginando que futuramente iria fazer papel de dois por aquele bebe, mas não me importava. O fruto do meu amor com Jacob era uma dádiva, um presente, para mim, pois sempre teria um pedacinho de Jack comigo.

-Você será.- Samanta olhou-me confiante, certa do que dizia.

Novamente alguém bateu na porta, e dessa vez foi a voz de Daniel que ouvi.

-Entre. Vou deixar vocês conversarem um pouco- Minha mãe se levantou, dando lugar para meu melhor amigo. Ela saiu do quarto, nos deixando a sós.

-Então...- Daniel sentou na beirada da cama, parecendo envergonhado. Não o culpava. Eu havia dado um verdadeiro show na enfermaria, provavelmente isso devia ter o assustado. Ele estava sem saber o que fazer ou dizer. - Como você...

-Obrigada- Peguei em sua mão, o interrompendo. Daniel me olhou confuso, sem saber o porquê do meu agradecimento. Respirei fundo, organizando meus pensamentos.- Obrigada por ser meu melhor amigo, por sempre estar ao meu lado quando preciso e por sempre querer meu bem. Não tenho palavras para descrever o quanto te amo, o quanto sou grata pelo destino ter unido meu caminho ao seu.

-Clary...- Ele começou, mas o repreendi com os olhos por começar a falar enquanto eu discursava.

- Daniel, talvez eu nunca retribua o que você fez por mim. Sempre companheiro, protetor, você é como meu guardião. Sou agradecida por todas as palavras e gestos seus que me fizeram crescer, ver a verdade e continuar em frente. Com certeza, sem você, meu amigo, eu não teria chegado aonde cheguei, não sairia nem da cama mais.

-Você sabe que isso não é verdade.- Ele riu comigo, os olhos úmidos de emoção. Respirei fundo, também sentindo os meus olhos lacrimejarem, para me acalmar e não começar a chorar de novo.

-  O que quero dizer, resumidamente, é que eu te amo muito- Entrelacei minha mão na sua e a pousei em cima do meu coração.- Sou grata a você por todos os momentos, e prometo compesa-lo sempre enchendo seu saco e ficando ao seu lado.

-Cristo!- Ele gargalhou.- Agora terei que aguentar você e uma criança rabugenta.

-Oh, ainda bem que sabe.- Foi minha vez de rir com ele, e deixamos as lágrimas para outro momento.

O celular de Daniel tocou, nos fazendo parar de rir alto. Ele olhou o visor, conferindo quem era, e voltou a colocar o aparelho no bolso da calça.

-Quem é?- Perguntei curiosa.

-Victória. Ela está preocupada com você.- Deu de ombros e voltou a me olhar carinhosamente. - Eu também amo você, e, se pudesse, te daria o mundo. Você é minha melhor amiga, e sem você provavelmente também não teria chegado aonde cheguei. Afinal, Vicky é sua amiga também.

-Ora, seu...

-Brincadeiras a parte- Daniel continuou após desviar de um tapa na cabeça, me advertindo com o olhar.- Sempre estarei ao seu lado para te proteger e cuidar de você.
 
Por alguma razão inexplicável, essas palavras, essa promessa, me atingiram com força. Sabia do amor que compartilhavamos, que Daniel estaria sempre lá com seu jeito irmão, mas, ao olha-lo com um semblante longe, perdido em memórias, soube o porquê de sua fala mexer tanto comigo.

Senti o sorriso em meus lábios morrer aos poucos, e apertei nossas mãos para que ele voltasse a me olhar. Meu corpo aqueceu por dentro com a compreensão que me preencheu.

-Ele fez você jurar, não é?!- Não precisei especificar de quem me referia, estava estampado na cara de Daniel o que ele pensava, em quem pensava.

-Sim- Confirmou minhas suspeitas, e me olhou com intensidade.- Mas eu disse a ele que não precisava jurar algo assim. Sempre estarei ao seu lado.

Senti uma lágrima grossa rolar por minha bochecha, e Daniel a limpou com delicadeza.

-Eu sei.

Era bem a cara de Jacob fazer algo assim.

Olhei para a janela do meu quarto, por onde tantas vezes Jack entrou ás escondidas para me ver, e observei o céu azul sem nuvens que estava lá fora. 

O tempo já não era mais nublado, frio. Aos poucos o sol ia surgindo, brilhando por toda a terra.

Pensei comigo que Jacob agora teria trabalho dobrado ao cuidar de nós de onde estivesse.

*                                    *                               *

Woont, esses dois *-* morrendo de diabetes aqui kkkkk

Quem reparou na capa nova? Hahahah sou a indecisa das capas

Até!!

Guerra E AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora