Epílogo

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-Venha logo, Clary!- Ouvi minha mãe gritar impaciente do andar de baixo.

Olhei-me mais uma vez no espelho, passando a mão sobre o tecido marsala  do vestido que usava para a ocasião. Ele era longo, com uma pequena fenda dos lados.

O único calçado que coube em meus pés inchados havia sido uma sandália prata sem salto algum, com poucas tiras. O peso de minha barriga de nove meses também não me permitiria andar corretamente em cima de saltos alto.

William estava prestes a nascer, mas até agora não havia tomado nenhuma iniciativa para sair e conhecer o mundo.

Após verificar se estava tudo certo com meu cabelo, preso em um coque alto, e com minha maquiagem, desci as escadas tomando cuidado para não tropeçar. Encontrei Jacob me esperando com um sorriso orgulhoso estampado no rosto ao pé da escada. Ele vestia um smoking preto, e seus cabelos, agora castanhos, estavam perfeitamente penteados para trás.

Ainda não havia me acostumada a olha-lo e não encontrar seus cabelos pretos, ou seu rosto com a pele completamente lisa. Nesse último mês, Jack havia deixado a barba crescer, coisa que não podia quando era estudante do Instituto, onde era proibido. Os pelos em seu rosto lhe dava um ar maduro, adulto, ainda mais perfeito.

-E então?- Rodopiei na sua frente com os braços levantados, terminando o giro com uma pose, nada, sensual.

-Perfeita!-Sorriu de orelha a orelha, os olhos brilhando em minha direção.

Ele se aproximou, passando os braços em volta da minha cintura e depositando uma mão sobre minha barriga para alisa-la, seu novo costume. Seu perfume de lavanda com limão invadiu minhas narinas, me agradando. Eu nunca me cansaria daquele cheiro tão típico dele.

-Não está muito exagerado?-Me auto analisei mais uma vez. Além da grande protuberância na minha barriga, a cor chamava mais atenção ainda para mim.

-Claro que não. Você está linda, filha- Samanta se aproximou com a câmera em mãos, já preparada para tirar uma foto nossa, como se fossemos os formandos da noite, o que não era o caso.

Resmunguei, pois odiava posar para fotografias, mas não tive o poder da escolha. Jack me colocou a sua fente, abraçando-me por trás, e sorriu para minha mãe docemente. 

20 minutos depois, estávamos procurando lugar para estacionar o grande Troller no estacionamento lotado do Instituto.

Olhei admirada para aqueles três prédios enormes pela milésima vez, contente em vê-los depois de quase 2 meses afastada. Eu tinha trancado o curso, pois já não conseguia mais esconder minha barriga dos outros alunos, e fugir dos olhares e cochichos torcidos que lançavam para mim.

Apesar de odiar toda aquela história de eu estar grávida de um homem tecnicamente morto, por ter ido a guerra, agradecia pelo fato de ser Jack o pai de Will não só por ama-lo de todo coração, mas também por ele ser o motivo de eu não ter perdido minha vaga no curso dos meus sonhos, como teria acontecido caso o pai do meu filho não estivesse lutando na guerra em nome do nosso país.

Era ridículo pensar que muitas mulheres antes de mim haviam perdido sua vaga no Instituto Militar por ficarem grávidas, mas era mais uma, das diversas regras, que eramos obrigadas a ler e aceitar antes de nos inscrevermos para estudar no IMNY, ou em qualquer outro Instituto.

Por sorte, encontramos uma vaga bem próxima ao caminho que conduzia até as quadras, onde seria a colação de grau dos formandos do ano. Jacob me ajudou a descer do carro, e começamos a caminhar junto aos outros alunos e familiares empolgados em direção a quadra que usávamos para o treinamento corpo a corpo.

Guerra E AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora