Capítulo 3

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O som da caixa amplificadora causou um desconforto tremendo aos membros da banda quando se demonstrou defeituosa. Aquele barulho agudo e forte encheu o estádio vazio, onde eles ensaiavam para a próxima turnê que se iniciaria no mês seguinte.

Já fazia uma semana que Ji-min havia retornado da América, mas o tempo curto e cheio de compromissos que cercavam os amigos foi o responsável pela falta de diálogo que surgiu. Nenhum deles conseguiu saber se era verdade ou não que Ji-min estava namorando, e o assunto acabou morrendo.

Entretanto, para Jeon o assunto ainda era vivo em suas noites em claro onde se flagrava torturando-se com dúvidas não respondidas. Agora, observava Ji-min reclamando com a produção sobre o som.

Estranhamente, apesar de ser o líder da banda, não era ele que tomava as posições quando algo acontecia de errado. Talvez fosse porque não levava muito jeito para reclamar, ou não levava tanto jeito quanto Park, que fazia disso um esporte.

- Ei, líder – a voz do companheiro chegou até ele. – Vão demorar no mínimo meia hora pra trocar o som! – queixou-se.

Jeon sentou-se no palco, conformado. Não iria fazer tempestade por problema tão pequeno.

-Vamos ensaiar as músicas então!

O olhar assombrado de Ji-min fez Jeon rir.

-Eu não vou ensaiar músicas que já sei de cor! E depois ainda ter que repetir as mesmas notas, apenas para ajustar o som...

-Preguiçoso... – provocou.

Jimin colocou as duas mãos para trás, em apoio, e também riu. Mudar de humor de forma imprevisível também era uma das facetas de Park.

-Estou feliz em estar aqui com você, Jeon... – comentou.

Quando ele falava assim, de forma tão doce, a impressão que dava a Jeon era de que o rapaz não passava de um menino ingênuo e não conhecedor das maldades do mundo. Mas Jeon sabia que a vida de Jimin nem sempre fora fácil e que o outro havia tido problemas familiares. Talvez aí estivesse a explicação para a relação deles: Ji-min via em Jung-kook a figura masculina que lhe fez falta em diversos momentos.

-Jeon?

A voz macia de Ji-min fez Jeon o encarar.

-Hum?

-Por que estava zangado naquela noite?

Jeon olhou para os lados, esperando ver algum dos companheiros. Percebendo que Ji-min havia escolhido um momento privado para tocar no assunto, tentou desconversar.

-Não lembro – murmurou. – Que noite?

-A da minha volta...

-Ah... – remexeu-se, inquieto. – Estava cansado... Somente isso.

-Mas está tudo bem entre nós, né?

-Claro que sim.

Estaria mesmo? Desde que admitiu a si mesmo que o amava, Jeon não conseguia mais ter a mesma liberdade com o amigo. Sentia medo que Park descobrisse seus sentimentos, e não os aceitasse. Se um amor não correspondido já era algo horrível, a morte de uma amizade de tantos anos seria insuportável.

Ainda pensava nisso quando notou que Ji-min achegou-se a si. Quando virou o rosto, a evidência de que estavam próximos demais era percebida pela respiração do melhor amigo chocando-se contra seu rosto.

Paralisado, Jung-kook sentiu todo o corpo se arrepiar pela proximidade do outro. Não conseguia, tampouco, desviar os olhos do olhar de Ji-min. Pelos céus, o que ele estava fazendo? O lábio inferior começou a tremer e, num gesto inconsciente, levantou a mão e tocou no queixo de Park. Para sua surpresa, o amigo não se retraiu, ao contrário, pareceu muito satisfeito com a audácia.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora