Capítulo 24

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O cheiro do café recém-passado invadiu suas narinas, e o acordou. O ombro doeu um pouco, e ele logo constatou que foi devido a ter dormido num sofá que, por mais confortável que fosse, não era o ideal para sua coluna.

Levantou-se. Foi direto para o banheiro, onde tomou uma ducha rápida. Pouco depois já estava na cozinha, praticamente atirando-se sobre o café da manhã que Jung preparara para ele.

— Como agradecimento por ter ficado aqui ontem à noite – Hoseok sorriu, colocando a omelete no seu prato.

Não se fez de rogado. Pegou um pedaço de pão e mergulhou nos ovos, devorando tudo com os dedos lambuzados.

Hoseok apenas sorriu ao ver a cena que, aliás, não demorou muito, tendo em vista que Kim dificilmente mastigava a comida.

O rapaz sentou-se à mesa, e também começou a comer. Porém, a omelete pareceu parada na sua garganta, e logo ele percebeu que as lágrimas despencaram sem controle.

Virou o rosto e não interrompeu o choro. Por que o faria? Desde que soube do acidente, todos os momentos agoniantes até o médico afirmar que Min não teria sequelas, e ainda a terrível espera pela situação de Audrey, ele ainda não derramara uma lágrima. Tentou, de todas as formas, manter-se firme perante os amigos. Mas, não conseguia mais. Precisava chorar antes que sua própria alma ficasse doente.

— O que aconteceu Hoseok? – a dúvida de Namjoon quase o fez rir.

O que não havia acontecido?

— Você acha que a Audrey vai ficar numa cadeira de rodas? – Pronunciou a dúvida que já estava envenenando suas esperanças.

— Claro que não vai ficar! – Namjoon enfiou mais um pedaço de pão na boca. – Ela até já mexeu o pé.

Não era sua intenção contar a Jung tão cedo, mas não queria suas lágrimas. A vida já era insuportável demais para ele ter que ficar aguentando o outro choramingar.

— Mexeu? Quando?

— Um dia antes de acordar.

— ACORDAR?

Jung respirou fundo, encarando o arrogante Kim. Se quisesse explicações teria que ter paciência e arrancá-las como pétalas de rosa.

— Namjoon, Audreu mexeu o pé?

— Sim.

— E ela acordou também?

— Um pouco, ontem à noite. Estava assustada, mas eu a acalmei.

Jung engoliu em seco.

— E, por que, em nome de Deus, você não nos contou?

Namjoon terminou o pão e tomou a xícara de café praticamente de uma só vez.

— Por que eu devia?

Jung sentiu-se estremecer.

— Porque é importante. – A voz permaneceu firme e doce. – Nós todos estávamos preocupados, isso nos acalmaria. O médico que está cuidando dela também devia ter sido informado.

— Falarei a ele hoje – disse, simplesmente.

Jung não aguentou mais.

— Por Deus, Namjoon! Você não sabe o que é piedade? Você não percebeu o estado dos seus amigos? Jimin não dorme há dois dias e ele está doente! Jeon e Tae passam mais tempo que o necessário cuidando dela e ainda tendo que trabalhar. Eu também estou muito nervoso!

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora