Rendição (Jikook)

Capítulo 29 - FINAL - AGUARDE REMISSÃO

A mão caiu ao lado da cama. O ato foi instintivo. Conforme ia acordando, Jimin habitualmente levava o braço para a esquerda, a procura do cão que costumava dormir ali. Os pelos macios eram a primeira sensação do seu dia, e ele amava isso. Logo depois, Junior lambia seus dedos e então Jimin acordava feliz, pronto para os desafios diários.

Mas a ausência do corpo naquele lugar eram a prova definitiva que o pesadelo da noite anterior havia sido real. Sua cabeça começou a doer de forma insuportável, e ele gemeu baixo. Logo, as mãos firmes e tão conhecidas de Jeon o prensavam na cintura. De forma leve, Jimin sentiu todo o seu corpo sendo puxado contra o do ex-namorado, suas costas praticamente coladas no peito do outro.

Os lábios leves e deliciosos de Jeongguk deslizaram por sua nuca, num carinho consolador. Os olhos de Jimin enublaram-se de lágrimas, e ele mordeu o lábio inferior com força para impedir-se de soluçar.

As vozes de Tae, Min, Hoseok e Kim na cozinha fê-lo perceber que os amigos também haviam passado a noite no seu apartamento. Quando se deitou a noite, só Jung estava ali... Não havia notado os outros chegarem.

Pensou se devia ir até a cozinha, pedir para que todos fossem embora. Tudo que queria era ficar sozinho; mas, as mãos quentes de Jeon na sua barriga eram tão... atenuantes.

Queria tanto ser amado, queria tanto sentir novamente a sensação de que não estava só... No entanto, Junior havia ido embora. Todo o resto era apenas uma representação.

Sabia que estava sendo injusto com Hoseok, Tae, Min e Kim; entretanto, a respiração pesada de Jeon na sua nuca o tirou dos pensamentos racionais. Aquele carinho, num misto de conforto e paixão, era falso, fruto de mais uma das interpretações de Jeon naqueles anos todos.

— Chega, Jeon – disse, firme.

Logo empurrou-o, e ergueu-se.

O olhar pasmo de Jeongguk o encontrou. O ex estava sem camisa, vestido apenas com uma calça jeans velha. Seu olhar demonstrava que também havia acabado de acordar.

— O que está fazendo aqui? – Jimin indagou, firme.

— Jimin...

— Saía da minha cama – ordenou.

Sentia o corpo tremer. Era raiva? Ressentimento? Não conseguia identificar seus próprios sentimentos. Tudo que reconhecia era a dor, pungente e agoniante, corroendo-o.

— Não vou embora, Jimin – Jeon avisou, procurando a camiseta atirada no chão. – Não vou ficar sem você, Jimin. Eu também amava Junior! Sei que está sofrendo, também estou! E...

— Você está sofrendo? – A boca de Jimin abriu-se, um riso irônico escapando dos lábios, contradizendo os olhos que não mais continham as lágrimas. – Não ligo a mínima pro seu sofrimento!

— É mentira – confrontou-o.

— Quero que vá embora da minha casa! -  Jimin repetiu. – Não quero vê-lo nunca mais!

— Não desconte em mim sua dor, Jimin...

O tom da voz de Jeon era compreensivo, delicado e doce. Jeon agia como se estivesse diante de um doente mental que necessitava de paciência. E foi isso que tirou o resto de sanidade de Jimin.

— Eu mandei você ir embora! – gritou, perdendo o controle. – Suma da minha vida! Vá ser feliz, curtir sua saúde, seu sucesso, sua família, sua mãe! Vá sair com garotos jovens, cheios de energia. Aproveite o mar, o dinheiro, a sua beleza! – avançou, empurrando Jeon em direção à porta. – E me deixe em paz!

— Pare, Jimin! – Jeon tentou segurar suas mãos.

Mas, Jimin parecia não mais raciocinar. Ele tentava lhe agredir com os punhos e com pontapés. No entanto, estava tão magro, tão sem força, que tudo que conseguia era ser seguro firmemente por Jeongguk.