Capítulo 30

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Jimin voltou a afastar-se dele. Daquela vez, com palavras frias e duras, buscando cada vez mais distância, colocando entre seus corpos tudo que pudesse servir de impedimento para uni-los. A agonia de Jeon voltou. Não podia viver longe de Park, e foi assim desde que se conheceram. Mas, todo o seu amor e a sua dedicação não pareciam suficiente...

Acordou.

Um pesadelo. Novamente algo que o atormentava em relação ao amor que nutria. Até quando teria aquela sensação terrível de que um dia Jimin poderia abandoná-lo novamente? Jimin podia achar que era solitário, mas era Jeon que se desesperava com qualquer ausência.

Olhou para o lado e sorriu perante a visão daquele que estava deitado com ele. Desde que o havia encontrado no escritório de Karin, Jimin não falara muito. No almoço e durante a tarde, em uma entrevista, ele quase não abriu a boca. Levou-o para a casa de Bae, e ele assistiu televisão com seus pais silenciosamente. Também não havia dito nada para Mago, apenas sorriu para o cão antes de se retirar para o quarto. Mesmo assim, todos respeitaram seu silêncio, parecendo conscientes de que o rapaz necessitava pensar.

Os cabelos de Park marcavam o travesseiro branquíssimo. Jimin estava de costas para ele, e aparentava dormir. Ergueu-se um momento e o beijou no ombro, num carinho puro, sem pretensões.

Só então notou que Jimin mantinha os olhos arregalados, completamente acordado apesar do relógio em cima do criado-mudo marcar quatro horas da manhã.

— O que houve, amor? – beijou-o mais uma vez no ombro. Não consegue dormir?

Jimin se voltou para ele.

— Você nunca teve nenhum envolvimento com Yuu.

Jeon franziu o cenho.

— É claro que não.

— Não é uma pergunta – Jimin parecia queimar. – Você nunca teve nada com aquele desgraçado. Ele me enganou.

Algo no semblante de Jimin fez Jeongguk perceber a gravidade da situação.

— O que quer dizer?

— Aquele doente não queria você – explicou. – Nunca sentiu nada por ti, tudo que desejava era nos separar.

Park se sentou na cama. Jeon postou-se ao seu lado.

— Ele está apaixonado por mim – confessou.

— É sério?

— Ele me queria desde o início. Para conseguir isso, precisava nos separar. E depois apagar todas as boas lembranças que tínhamos. Isso incluía Junior.

Jeon ficou perplexo. Logo em seguida ergueu-se da cama e começou a andar pelo quarto, em círculos.

— Vou matá-lo – ralhou. – Desgraçado, covarde e...

— Não adianta ficar alimentando isso. Acabou, Jeongguk. – Em seguida o rosto abatido irradiou de felicidade. – Quebrei o nariz dele, acredita? – gargalhou. – Nunca, em toda a minha vida, levantei a mão contra alguém.

Pouco depois, Jeon aconchegava-se ao amante, novamente. Havia algo que precisava ser colocado a limpo, e ele viu naquele momento a melhor oportunidade.

— Jimin, já tivemos outros problemas por causa da sua falta de fé em mim. Até quando ficaremos juntos? – indagou. – Até quando sua atual confiança vai durar? Vou ter que viver sempre com a incerteza do nosso relacionamento?

Jimin o encarou. Seus dedos frágeis acariciaram o lábio inferior de Jeon.

— Eu sei que minha falta de fé em você... em nós – prossegue – já nos separou outras vezes. Mas isso não vai mais acontecer, Jeon. Nunca mais. E agora é sério. Não depois de Lee Yuu, não depois de eu ter perdido Junior, não depois de eu ter que enfrentar meu passado. Não sou mais o mesmo Jimin, e nunca voltarei a ser.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora