LIVRO 2 - Prólogo

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REDENÇÃO

Livro

II



Tudo continuava exatamente igual ao dia anterior...

E ao outro... E as semanas que haviam passado, aos meses transcorridos... O ano inteiro havia sido uma sucessão de dias incrivelmente iguais, sem nada a acrescentar, nada a se emocionar, nada a se aventurar. Enfim, nada.

Não que a vida rotineira fosse de todo mal. Após ter vivido boa parte da sua existência sofrendo por causa das reviravoltas do destino, Jimin até gostava da tranquilidade daqueles dias.

Meia década havia se passado desde que assumiu sua condição sexual para as pessoas próximas. Após enfrentar tantas lutas, Jeongguk e ele não mentiam mais a si mesmos sobre suas próprias escolhas. Amavam-se, aceitavam-se e queriam-se. A mídia, obviamente, não ficara sabendo dessa decisão; afinal, não desejavam destruir a paz que obtiveram com provações tão duras.

Assim, os artistas continuavam a viver a mercê de uma imagem heterossexual, e o mundo aceitava aquela imagem sem grandes questionamentos.

Porém, naquele momento tão calmo é que começaram as preocupações.

Nem mesmo prova tão difícil quanto sofrer as pressões familiares, ou a chantagem de Audrey Morgan – que, num passado distante, havia sido sua inimiga e tentara separá-lo de Jeon–, o deixara a mercê de tanto medo daquele amor enfim ter seu final.

O que o inquietava era a monotonia.

Eram os dias iguais.

Jimin se esforçava em causar alguma emoção àquele relacionamento, mas Jeon não colaborava. Era incrível como o outro tinha a capacidade de recusar qualquer convite para jantar, ou esquecer-sedas preliminares durante o sexo.

O sexo, em questão, também devia muito para aquele do início da relação. Caíram no marasmo e, aos poucos, o próprio Park não sentia mais vontade de transar. Como passaram a morar juntos no começo do ano, não foram poucas as noites em que deitavam na cama e viravam de costas um para o outro, entregando-se ao sono, simplesmente esquecidos da presença tão importante ao lado, no leito.

E no meio desse redemoinho de sentimentos conflitantes que o inferno de Jimin Park começou; porque, aos poucos, o medo se tornou real, e a verdade se tornou cada vez mais nítida.

... Dizem que todas as histórias de amor têm um final.

... Dizem também que o amor é eterno e, se não for eterno, nunca foi amor.

Quem está com a razão?

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora