Capítulo 25

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O sol despontou no horizonte com força. Era uma quinta-feira de inverno, mas não havia nuvens cinzentas no céu. Um dia atípico, evidenciando que não nevaria. Pelas vielas íngremes daquela cidade do interior, um ou outro rosto cruzava com a estrangeira. Apesar de uma mulher de tão rara beleza – e de nacionalidade diferente – ser incomum por aquele lugar, ninguém a encarou ou prestou a menor atenção nela.

Audrey ajeitou os óculos escuros. Voltou novamente os olhos para o papel, tentando concentrar-se na leitura do texto que, em letras garrafais, preenchia o mesmo.

Um endereço.

Tão pequena escrita, mas que tinha um significado poderoso para ela. Havia exatos três dias que não via Ji-min, e o desespero tomou-lhe conta. Tentou descobrir onde se encontrava o jovem, mas as informações desencontradas acabaram-na colocando em um beco sem saída. Não podia chantagear Park, pois o mesmo não tinha culpa por estar sendo mantido em cárcere privado por aqueles doentes colegas de banda. E assim, a americana se sentia de mãos atadas.

Tentou encontrar uma solução, mas nada surgia na mente. Sem ao menos perceber, a morena começou a navegar pela internet, e aquilo se tornou uma espécie de costume para passar o tempo e acalmar o coração. O que buscava era sempre ligado a Jimin.

Via suas fotos, suspirava por suas canções, odiava suas novelas e pares românticos. Entretanto, de tudo que mais a revoltou ao navegar pelo mundo das fãs do BTS, foi descobrir o quanto àquelas garotas que idolatravam a banda podiam ser doentes.

As tais fãs do fanservice povoavam sites e blogs com vídeos românticos de Jeon e Ji-min. Também tinham o descaramento de analisar imagens dos dois, e falarem como se Jung-kook e Park fossem um casal. Muitas vezes, durante a leitura desses endereços eletrônicos, Audrey sentia ânsia de vômito ao notar o quanto a humanidade estava perdendo a moral e o respeito pelos bons costumes.

Depois de navegar durante horas, a americana acabou criando o hábito de anotar as informações que considerava mais interessante. Sem notar, foi preenchendo um caderno com tudo que podia de dados de todos os membros do BTS. Seus gostos, seus costumes, suas personalidades.

-Cheguei – murmurou contente consigo mesma.

A casa de dois andares era tipicamente coreana. Sua madeira nobre, e a organização da fachada demonstravam que a pessoa que lá residia tinha bom gosto.

Suspirou.

Estar ali, em frente à residência, era resultado das horas em que ficou ao computador. E, por ironia, tinha que agradecer as fãs que acabaram dando a ela uma informação muito preciosa.

A americana deu dois passos. Seus olhos escuros e intensos observaram uma pequena plaqueta que adornava a entrada da casa.

Sim. Ela seria eternamente grata às fãs. Por causa delas agora estava à frente da residência de Shu, pai de Park.

Jamais imaginou os problemas pessoais que Ji-min já havia tido. Um ódio descomunal a tomou ao pensar no quanto o pobre Park esteve indefeso e frágil nas garras daquele tal de Jeon. Agora, toda a história se colocava a ela, dando uma visão abrangente do que havia acontecido ao seu amado no passado. Sozinho e desamparado no mundo, foi presa fácil para a mente inescrupulosa de Jeon!

-Quem é você?

Uma voz masculina e firme a fez virar o rosto para a lateral da casa. Não havia batido na porta ainda, tentando ganhar coragem, mas agora precisava encarar seu destino.

Por alguns instantes, analisou a figura viril e os cabelos negros e lisos. Um olhar mais demorado a fez notar aqueles olhos escuros, marca forte do próprio Park.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora